O INSTITUTO PLURAL TAMBÉM É SIGNATÁRIO DESTE MANIFESTO!!
SAIBA MAIS: https://celafiscs.org.br/
Manifesto Internacional para a Promoção da Atividade Física no Pós-COVID-19:
Urgência de uma Chamada para a Ação
“São convocados todos os cidadãos,
governantes e dirigentes de entidades privadas a um amplo movimento
em favor de uma vida mais ativa e saudável,
para que possamos
estar melhor preparados para a atual e futuras
pandemias com características similares, ampliando-se os limites da solidariedade.
A pandemia exige que pensemos não só na segurança individual,
mas também dos demais que nos cercam. Tão importante quanto a adoção de um estilo de vida mais ativo e a redução
do comportamento sedentário no enfrentamento da pandemia da COVID-19, sobretudo, está na solidariedade entre todos, na busca por um mundo melhor, mais justo e mais saudável.”
Este manifesto é fruto de um esforço
coletivo em prol de uma vida mais ativa, saudável e solidária para todos, proposto por profissionais e pesquisadores do Brasil e do exterior
participantes do 43º Simpósio
Internacional de Ciências do Esporte, realizado em São Paulo em outubro de 2020, promovido pelo CELAFISCS
(Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetanos
do Sul).
Este documento-referência procura
sensibilizar e mobilizar
os mais distintos grupos populacionais, órgãos governamentais, não governamentais e da iniciativa privada sobre a promoção de uma vida mais ativa, considerando os seus efeitos preventivos na mitigação
de pandemias como a da COVID-19, especialmente quando realizada de forma intersetorial e multiprofissional.
Foram consideradas as orientações
públicas da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Colégio Americano de
Medicina do Esporte (ACSM), assim como as publicações científicas sobre o tema, além de consultas
a pesquisadores de reconhecimento
local e internacional.
A essência deste documento prioriza a
educação, valoriza a cultura local/regional e propõe a redução de desigualdades às oportunidades de acesso aos bens
públicos como caminho para uma vida mais ativa e saudável
em comunidades mais solidárias. Destaca
a importância da atividade
física em relação à COVID-19.
A atividade física é um comportamento
presente nas diversas dimensões da existência
humana, devendo ser considerada como fundamental para a qualidade de
vida em todas as faixas etárias. A alta prevalência de inatividade física traz consequências para a saúde individual e coletiva,
com significativo impacto econômico e social. Para que todo o potencial da
prática de atividade física seja
alcançado, sua promoção, aliada à proposta de redução do comportamento sedentário, devem ser encaradas
como um desafio de todos, principalmente em tempos de redução das oportunidades de prática, como na atual pandemia da COVID-19. Nunca os determinantes sociais da saúde e da
qualidade de vida precisaram ser enfrentados de maneira tão ampla e urgente, com especial destaque a
outro fator fundamental nas relações humanas e no combate às desigualdades e à intolerância: a solidariedade entre as pessoas,
comunidades, cidades e nações.
Esforços articulados e sistêmicos são necessários para o enfrentamento a essas pandemias
- COVID-19 e inatividade física.
As ações mais efetivas têm considerado a cultura local, na perspectiva de uma dimensão
global da crise,
tal como em outras epidemias
anteriores.
Constatou-se que essas ações impactam diversos fatores associados à qualidade
de vida, em particular
nas relações interpessoais, renda familiar, padrões habituais de estudo,
trabalho e lazer, eventos culturais e esportivos
e na
prática da atividade física.
Além dos diversos benefícios da
atividade física para a prevenção e tratamento de doenças e na promoção da saúde, com destaque à
atenção primária, deve-se enfatizar que o movimento é parte da natureza humana, fundamental para uma vida mais saudável,
produtiva e plena.
As ações de promoção da atividade física
e redução do comportamento sedentário devem educar, motivar
e ampliar as oportunidades para escolhas bem informadas e qualificadas, explorando suas amplas possibilidades para um mundo melhor
e mais solidário.
Lamentavelmente, uma política que associa a ampliação da prática de atividade física com a redução de um estilo de vida sedentário
ainda é uma estratégia subvalorizada em nosso meio, tendo em vista os seus
reais benefícios. Não vamos mais manter a atividade física como um “remédio
secreto”, diante de tantas e qualificadas
evidências recomendando a sua promoção.
Evidências científicas
A importância da prática da atividade
física para a saúde está amplamente sedimentada, com evidências para os sistemas cardiovascular, metabólico e
imunológico, bem como para a saúde mental,
com maior controle
do estresse, ansiedade
e depressão (1,2,3,4,5). Mais recentemente, o
estilo de vida ativo para a promoção da saúde passou a incluir, além da prática
da atividade física, a redução do
comportamento sedentário. Assim, as novas recomendações têm associado
a combinação desses dois fatores (6,7,8,9,10).
Evidências recentes têm demonstrado que
mesmo as atividades físicas de intensidade leve e de curta duração podem trazer benefícios à saúde. Qualquer
movimento corporal é melhor do que nenhum
e que mais é melhor
que menos, onde todo passo conta para a prevenção
de
diferentes agravos à saúde e à sua promoção, resultando um
estado de bem-estar geral. Portanto, os
benefícios à saúde podem ocorrer em volumes bem menores do que os preconizados
150 minutos por semana ou 10 mil passos por dia (11,12).
O isolamento físico decorrente das
medidas sanitárias veio agravar o nível de sedentarismo mundial, motivando importantes pesquisadores e instituições, nacionais e internacionais, a chamarem a atenção
para a necessidade de se promover a atividade física durante a pandemia (13,14,15,16,17,18).
A inatividade física já
é considerada uma pandemia em si, responsável por mais
de 5
milhões de mortes por ano ao redor do mundo (19,20). A conjunção da
pandemia da COVID-19 com a da
inatividade física e da obesidade caracteriza um estado de sindemia, em que a
interação entre elas resulta no
aumento da prevalência de comorbidades, como obesidade, hipertensão, diabetes, câncer, doenças respiratórias e
reumatológicas, principalmente em populações de baixa renda, o que afetaria
ainda mais o risco de formas mais graves da COVID-19 (21,22,23,24).
Há evidências de que houve uma redução
drástica nos níveis de atividade física durante a pandemia (25,26), apesar de recente publicação ter demonstrado
um maior interesse na busca de informações
sobre atividade física durante este período (27).
A inatividade física pode reduzir
os níveis de aptidão física,
diminuindo a capacidade cardiovascular, força muscular, flexibilidade, equilíbrio, entre
outras variáveis, contribuindo para o surgimento
ou piora de comorbidades, como a obesidade, que podem agravar, ainda mais, os quadros clínicos de COVID-19 (28,29).
Evidências de pandemias virais
anteriores indicaram que a atividade física influenciou na redução do agravamento do quadro clínico
respiratório e na mortalidade (30,31) e, de forma positiva, nos efeitos
da vacinação, principalmente em idosos (32,33,
34,35,36). É plausível
inferir que estes resultados poderiam ser transportados à realidade
da COVID-19 (37,38). A atividade física
leve e moderada tem mostrado respostas imunológicas em quadros de infecção,
diminuindo marcadores pró-inflamatórios (39).
A literatura científica enfatiza, por
outro lado, que não se deve recomendar atividade física intensa e de longa duração por levar à imunossupressão
transitória, expondo as pessoas a maior possibilidade de contrair ou agravar a infecção viral (40).
Estudos têm demonstrado a importância da
prática de atividade física durante a pandemia
em diferentes ambientes, especialmente dentro de casa e ao ar livre, com o devido
distanciamento físico. Quanto aos centros de condicionamento físico,
clínicas, clubes, escolas, entre outros ambientes fechados,
será sempre necessário atender as medidas
e as recomendações sanitárias, com a devida responsabilidade civil, os devidos
princípios de solidariedade e ao desenvolvimento de uma cultura
promotora de estilos
de vida saudáveis. (13,14,15,16,17,18,38,41).
Esse conjunto de evidências
conduz para uma chamada
à ação.
Urgência de uma Chamada para a Ação
O cenário atual de pandemia
e as evidências científicas revelam
grandes desafios, dentre os quais, o de nos tornarmos
ou nos mantermos fisicamente ativos,
com toda segurança, respeitando-se, rigorosamente,
as orientações comportamentais e ambientais que visam diminuir as chances de contágio pela COVID-19. É
importante destacar que o quadro pós- pandêmico
reduz as oportunidades da prática de atividade física, especialmente pelas
pessoas com maior necessidade de isolamento físico, como idosos e portadores de doenças crônicas.
Neste contexto e à luz do atual conhecimento sobre os benefícios da atividade física e da adoção de um estilo de vida
menos sedentário em relação a COVID-19, recomenda-se:
1) Buscar uma vida mais
ativa e saudável, partindo da responsabilidade individual e social – eu, você e nós – além dos órgãos
governamentais, não governamentais e instituições privadas, durante
e após a pandemia, mesmo depois
do surgimento de vacinas.
2) Promover esse estilo de vida amparado
por políticas públicas
e de organizações não governamentais, através de programas, projetos e ações, concretas e articuladas, em consonância
com as demandas de desigualdades econômica e social, com foco na mobilização das novas
gerações.
3) Priorizar uma vida
mais saudável através da sinergia entre as diferentes políticas públicas, que enfatizem a importância da mobilidade
ativa das pessoas, gerando efeito multiplicador sobre os demais benefícios de um estilo de vida ativo e sustentável, alicerçado na democratização de
acesso aos serviços essenciais de saúde pública, saneamento básico e na universalização da educação de qualidade.
4) Fazer uso de
estratégias inovadoras locais, em consonância com as diretrizes do Plano de Ação Global em Atividade Física 2018-2030 da OMS. A adoção dessa perspectiva “glocal”
implica em priorizar a educação e reduzir desigualdades de acesso aos
bens públicos no nível local, para se
alcançar o objetivo global de se ter pessoas mais ativas em comunidades mais saudáveis
e solidárias.
5) Focar no aumento dos
estímulos e das oportunidades para o exercício de uma vida mais ativa no contexto
da escola. Na retomada das atividades presenciais, será necessária
uma profunda revisão do ambiente
escolar, transformando-o em um polo promotor da atividade física combinado com a redução do
comportamento sedentário, promovendo, dessa forma, a saúde ao longo da
vida.
6) Buscar estratégias
inovadoras para que as pessoas pratiquem suas atividades físicas em casa e nos ambientes abertos, respeitando-se
todas as recomendações sanitárias de cada região, especialmente quando
em locais fechados.
7) Incentivar o uso dos
meios digitais para disseminar estratégias, recursos, modos e exemplos na promoção da atividade física e redução de comportamento sedentário, no sentido de levar as pessoas
à adoção de um estilo de vida
mais ativo e saudável.
8) Dar a devida atenção
aos benefícios da atividade física moderada, realizadas de forma regular para o sistema imunológico,
evitando-se as atividades físicas vigorosas em situações de exposição
à COVID-19 ou às pessoas
mais suscetíveis às suas formas mais graves
9) Apoiar grupos
sociais específicos nas diferentes manifestações da atividade física, com foco nos estudantes, nos trabalhadores, nos
idosos, nas mulheres, nas pessoas com deficiências e outros grupos minoritários e vulneráveis.
10) Organizar as
diferentes abordagens para a promoção e intervenção com foco nas atividades físicas segundo modelos do desenvolvimento sustentável e de gestão cooperativa por grupos de pessoas tendo por base o equilíbrio com os ambientes físico,
social e econômico que os cercam.
11) Investir fortemente
em políticas e ações que promovam a caminhada, o uso da bicicleta, a prática
de esporte, jogos e recreação mais ativa nos espaços públicos.
12) Promover uma atitude
ativa no cotidiano. Mova-se mais e
sente-se menos. Aumente seus passos
diários. Preferencialmente, acumule 150 minutos ou mais por semana de atividade
física moderada. Sempre que
possível, substitua o tempo sentado por atividades físicas leves, como ficar de
pé e se movimentar, lembrando que na promoção
da saúde, todo movimento conta.
Portanto, esta chamada
para ação:
“Convoca todos os cidadãos,
governantes e dirigentes de entidades privadas
a um amplo movimento em
favor de uma vida mais ativa e saudável, para que assim possamos estar melhor preparados para a atual e futuras
pandemias com características similares, ampliando-se os limites da solidariedade.
A pandemia exige que
pensemos não só na segurança individual, mas também dos demais que nos cercam. Tão importante quanto a adoção
de um estilo de vida mais ativo e a redução do
comportamento sedentário no enfrentamento da pandemia da COVID-19,
sobretudo, está na solidariedade entre todos,
na busca por um mundo melhor, mais justo e mais saudável.”
Comitê Editorial
·
Antonio Carlos
Bramante - Professor da UNICAMP (Aposentado) - Coordenador do Laboratório de Gestão das Experiências de Lazer - LAGEL/GESPORTE/FEF-UnB
·
Douglas Roque
Andrade - GEPAF - EACH – USP
·
Francisco José Gondim
Pitanga - Universidade Federal da Bahia.
·
Lamartine Pereira da
Costa -
Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ, Programa de Pós Graduação
em Ciências do Exercício e do Esporte
·
Luis Carlos de
Oliveira - CELAFISCS / Agita São Paulo
·
Luiz Guilherme
Grossi Porto - Grupo de Estudos em Fisiologia e Epidemiologia do Exercício e da Atividade Física - GEAFS / FEF / UnB
·
Maria Beatriz Rocha Ferreira - Grupo de pesquisa
NGIME-UFJF - Vice Presidente IAPESGW
·
Markus Vinicius
Nahas - Professor- UFSC (Aposentado)
·
Maurício Santos
- CELAFISCS / Agita São Paulo
·
Victor Keihan Rodrigues Matsudo - CELAFISCS
/ Agita São Paulo
Equipe de consultoria
e suporte
Com presença
nos Fóruns durante o 43º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, realizado
nos dias 1, 2 e 3 de Outubro.
Fórum Agita Mundo 2020
Realizado com as presenças:
·
Victor Matsudo
- CELAFISCS
·
Fiona Bull - Organização Mundial da Saúde
·
Wendy Brown
- Agita Mundo Network
·
Kristin Belleson - Colégio
Americanos de Medicina do Esporte
·
Vicki Lambert
-Sociedade Internacional de AF e Saúde
·
Detlef Dumon
- ICSSPE
·
Miguel Malo - Organização Panamericana de Saúde
·
Michael Pratt - Universidade de San Diego
·
Pedro Hallal
- Sociedade Brasileira de AF e
Saúde
·
Elio Antunes
- ParticipAction
Fórum Rede de Atividade Física das Américas
Realizado com as presenças:
·
Mariona Violan
- Societat Catalana de Medicina de l'Esport
·
Oscar Incarbone - Vice Presidente do
Conselho Latino Americano de Ciências Aplicadas a Atividade Física e Esporte
·
Maciste Habacuc - Universidade de Guanajuato - México
·
Nubia Ruiz Gomez
- Ministério do Esporte da Colômbia
·
Maribel Parra
- Pontificia Universidad Católica
de Valparaíso
·
Angel Javier - Associação de Educação
Física e recreação de Porto Rico
·
Oscar Diaz - Rede de Atividade Física do
Uruguai
Fórum Agita São Paulo
Realizado com as presenças:
·
João Pedro da
Silva Júnior - CELAFISCS / Agita São
Paulo
·
João Gabbardo
dos Reis - Governo do Estado de São
Paulo
·
José Luiz Gomes do Amaral - Associação Paulista de Medicina (APM)
·
Natalia de Freitas
Guerreiro Ferreira - Agita Riberão Bonito
·
Andréia Salvador - Agita Peruíbe
*Infográficos,
versões em inglês e espanhol e outros materiais complementares podem ser consultados diretamente pelo link: https://celafiscs.org.br/manifesto-da-atividade-fisica/
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