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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

AUTISMO: leitura e escrita

Como preparar crianças com Autismo para ler e escrever

A leitura e escrita no autismo é algo possível, embora muitos pais e mães acreditem que tal possibilidade seja distante da vida de seus filhos. É preciso reiterar que quanto antes a criança ser submetida a intervenções, maiores serão as chances de o pequeno conseguir desempenhar essa habilidade.
Interessante salientar que saber ler e escrever nos permite muita coisa, entre elas aprimorar o conhecimento. No caso de pessoas que vivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), vale lembrar que isso é possibilitado por meio de tratamentos que visam ao aprendizado de competências que farão toda a diferença na vida do indivíduo.
Sendo assim, podemos presenciar essas pessoas em diferentes ambientes, seja na escola, na universidade e em postos profissionais que demandam talento e prestígio. Sim, isso é possível. Mas para que tal situação ocorra, relembrem a seguir quais são os tratamentos mais usados a fim de proporcionar tal progresso.

Alfabetização: um estímulo mais que necessário

Vocês sabiam que é possível estimular a alfabetização no TEA? Esse aspecto é importante para a leitura e escrita no autismo. Por meio de técnicas, educadores possuem os parâmetros para possibilitar esse aprendizado. Vejam como a seguir
– Unindo as letras e formando palavras
Quando os educadores trabalham o som da letra, a criança com autismo passa a ter a percepção de unir as letras e formar as sílabas. Importante relembrar que o processo de alfabetização se torna mais simples e mais adequado. Além disso, alfabetizá-las passa também a ser algo mais efetivo para essas crianças, contribuindo para o aprendizado da leitura e da escrita no autismo.
– Utilizando o visual
Os professores podem trabalhar o aspecto da necessidade visual do aluno por meio de uma série de imagens enquanto eles ensinam o conteúdo. Vale ressaltar que tudo isso sem abrir mão de conduzir discussões e explicações. Confiram a situação abaixo, utilizada como exemplo.
Quando os alunos estão estudando sobre um filme, o professor pode fornecer às crianças com autismo (e talvez a toda a classe) uma linha de tempo dos eventos na história do filme. Essa tática ajuda não só no estabelecimento de um raciocínio, mas da comunicação oral também.

Metodologia fônica

Esse método visa a dar enfoque não só ao nome das letras, mas ao som que elas reproduzem também. Isso significa que os pedagogos que atuam junto a crianças com autismo ajudam a trabalhar a sonorização das letras, quando os pequenos estão em processo de alfabetização. Tal metodologia considera o fato de que o som é assimilado de maneira mais satisfatória no cérebro.

O funcionamento da metodologia fônica

As crianças com autismo precisam de um acompanhamento que seja efetivo no ensinamento da leitura e da escrita. Sendo assim, a metodologia fônica tem um papel fundamental no desenvolvimento de tais certas habilidades.
A técnica funciona da seguinte maneira: quando o professor vai apresentar o som das letras, peguemos como exemplo as vogais, o nome da letra já é o som que ela emite (a, e, i, o, u).
No caso das consoantes, precisamos fazer um pouco diferente e trabalhar não só o nome da letra, mas o som que ela faz. Por exemplo:
– Letra F
– Qual o som que ela faz? Mordemos levemente o lábio inferior e soltamos o ar entre os dentes (ffff…)
– Letra M
– Qual o som que ela faz? Juntamos o lábio superior e inferior, então soltamos a voz com a boca fechada (mmmm….)

Leitura e escrita no autismo: trabalho em equipe

Mais uma vez é preciso lembrar que o trabalho deve ser feito em equipe. Em se tratando de TEA, a multidisciplinaridade é o que pode garantir resultados satisfatórios, pois cada profissional trabalha uma habilidade, uma necessidade; e são esses quesitos que podem proporcionar o progresso da criança e do adolescente.




https://neurosaber.com.br/como-preparar-criancas-com-autismo-para-ler-e-escrever-2/

AUTISMO

Resultado de imagem para espectro do autismo leitura e conhecimento

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

ENDURECIMENTO DAS ARTÉRIAS

Endurecimento das artérias não acontece como cientistas pensavam

Redação do Diário da Saúde

Mineralização das artérias
O chamado "endurecimento das artérias", ou mineralização arterial, não ocorre da forma que cientistas e médicos pensavam até agora.
Artérias mineralizadas, uma complicação frequentemente observada em pacientes com doença renal crônica e diabetes, podem afetar as funções cardíacas, em alguns casos levando à morte.
A equipe de Marta Cerruti e Monzur Murshed, da Universidade McGill (Canadá), já havia descoberto que a elastina, o material que dá elasticidade às artérias, para que elas possam se expandir e contrair em resposta ao bombeamento do coração, é um determinante crítico da deposição mineral nos vasos sanguíneos.
Agora eles descartaram que o colágeno, que é essencial para a mineralização normal dos nossos ossos e dentes, seja responsável pela mineralização arterial.
"A primeira parte que mineraliza nas artérias do nosso modelo genético é a parte de elastina, e não o colágeno," destacou Cerruti, observando que isso é muito diferente do que acontece nos ossos e nos dentes e contrário ao saber científico atual quanto às artérias mineralizadas. "Para mim, isso foi realmente surpreendente. A parte que mineraliza nos ossos e nos dentes é o colágeno."
Fosfato de cálcio nas artérias
Para tentar fechar questão sobre o assunto, a equipe usou o maior acelerador de elétrons do Canadá, que produz fontes de luz capazes de rastrear profundamente os materiais. As imagens revelaram a presença de minerais de fosfato de cálcio em estágios iniciais de mineralização nas camadas contendo elastina das artérias de camundongos que apresentavam o quadro de artérias mineralizadas.
A equipe espera que suas descobertas levem à criação de uma terapia para bloquear o acúmulo mineral nas artérias dos pacientes que são propensos a essa condição.
Atualmente não existe nenhum tratamento para a mineralização das artérias, em grande parte por falta de compreensão do mecanismo molecular subjacente.
Uma estratégia eficaz para prevenir a calcificação vascular, dizem os pesquisadores, poderá envolver uma intervenção no estágio em que os minerais de fosfato de cálcio começam a cristalizar. Pode ser possível dissolver seletivamente esses cristais com drogas adequadamente direcionadas - que ainda deverão ser desenvolvidas e testadas.



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

COMO LIDAR COM A ANSIEDADE

Maneiras surpreendentes de superar a ansiedade e tornar-se mentalmente forte, 

de acordo com a ciência

Por , em 19.02.2020
A maioria das pessoas sente ansiedade mais cedo ou mais tarde na vida. Sendo assim, é interessante aprender a lidar com esse sentimento e a tornar-se mentalmente forte.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido), a maneira como lidamos com as coisas que acontecem nas nossas vidas tem um impacto direto em quanta ansiedade experimentamos.
Em outras palavras, é possível diminuir nossos níveis de ansiedade ajustando nossas reações a determinadas situações. Abaixo, veja o que os cientistas têm a dizer sobre ansiedade, e como seus estudos podem te ajudar a superá-la.
  • O que é ansiedade?
A ansiedade pode se apresentar como medo, inquietação, incapacidade de se concentrar no trabalho ou na escola, dificuldades para adormecer ou irritação constante.
Em situações sociais, pode atrapalhar nossa habilidade de conversar com os outros, levantar preocupações de que estamos sendo julgados, ou resultar em sintomas como gagueira, sudorese, rubor ou dor de estômago.
Também pode surgir do nada como um ataque de pânico, no qual picos repentinos de ansiedade fazem a pessoa sentir como se estivesse prestes a ter um ataque cardíaco, enlouquecer ou perder o controle.
Pode ainda estar presente na vida de uma pessoa o tempo todo, o que é conhecido como transtorno de ansiedade generalizada.
  • Quando se torna uma condição debilitante
Vale observar que, se a ansiedade começar a interferir com sua vida, seu sono, sua capacidade de criar relacionamentos ou com sua produtividade no trabalho ou na escola, você pode ter algum distúrbio de ansiedade que precisa ser propriamente tratado. Caso não seja, a ansiedade pode levar à depressão, morte prematura e suicídio.
Infelizmente, as medicações existentes para tratar a ansiedade nem sempre funcionam a longo prazo. E, aqui, as dicas dos cientistas de como você pode lidar com certas situações da sua vida podem funcionar como uma ferramenta a mais no combate a esse sentimento angustiante.
  • Eu lido bem com isso: as principais habilidades de enfrentamento que você pode ter
Faça mal feito
Frequentemente, as pessoas se encontram em situações nas quais querem fazer algo com “perfeição”, ou então esperar o “melhor momento” para fazê-lo. Isso pode levar à indecisão, procrastinação, atrasos ou até mesmo nos impedir totalmente de realizar algo. E tudo isso causa – você adivinhou – estresse e ansiedade.
Uma das maneiras mais eficazes de lidar com esses sentimentos é adotar o lema “faça mal feito mesmo”.
Como assim?! A razão pela qual isso funciona tão bem é que acelera seu processo de decisão e te leva diretamente para a parte na qual você age – caso contrário, você poderia passar horas refletindo sobre como você deveria fazer algo, se é que deveria fazê-lo, etc. etc. etc. – e isso não só é demorado, como também muito estressante.
Apenas comece a fazer, mesmo que não seja da melhor forma possível, sem se preocupar com os resultados. Isso tornará o processo mais fácil, e você completará mais tarefas do que normalmente faria. E, na maioria das vezes, irá descobrir que não está fazendo tão mal assim. Caso estiver, inclusive, você sempre pode melhorar depois – é melhor do que nem começar, não é mesmo? Como diria um grande amigo meu, “a versão um é melhor do que a versão nenhum”.
No final das contas, o “faça mal feito” é sobre libertação – ele te dá coragem para tentar coisas novas, te impede de se preocupar com o resultado ou as consequências e pode deixar tudo mais divertido. Faça mal feito hoje, melhore amanhã ou depois.
  • Se perdoe e adie sua preocupação
Imagine que você tem um amigo que só sabe apontar o que você faz de errado e tudo que está indo mal com você e sua vida. Depois de alguns dias, você não iria mais suportar sua companhia e provavelmente se afastaria dessa pessoa, certo?
O problema é que somos frequentemente esse “amigo” para nós mesmos – nos julgamos o tempo todo e ficamos remoendo nossos erros e mancadas. E isso é tão enraizado que até paramos de notar o mal que estamos nos fazemos.
Aqui, a estratégia a ser usada é “se perdoar”. Não se critique tanto – tente reconhecer que você possui um impulso de se culpar, e se distraia desse pensamento negativo focando sua atenção em outras tarefas.
Se isso não for fácil para você, outra estratégia que pode ser usada é “adiar sua preocupação”. Quando vier aquela sensação de preocupação porque você acha que fez algo errado, não ceda a ela – deixe para se preocupar depois. Ou separe dez minutos por dia nos quais você não pode se preocupar com absolutamente nada.
O segredo aqui é não alimentar pensamentos negativos com energia. Quando você retornar à preocupação para refletir sobre ela, irá provavelmente perceber que qualquer que tenha sido a situação que levou a sua ansiedade inicial não era para tanto. Pronto!
  • Tenha um propósito e ajude outras pessoas
De acordo com os pesquisadores, a conexão com outras pessoas tem sido demonstrada regularmente como uma das armas mais potentes contra problemas de saúde mental.
O neurologista Viktor Frankl escreveu: “Para pessoas que pensam que não há nada pelo que viver, nada mais a esperar da vida, a questão é fazer com que essas pessoas percebam que a vida ainda espera algo delas”.
Em outras palavras, ter um propósito e ajudar outras pessoas são formas muito eficazes de combater a ansiedade.
Fazer algo para outra pessoa tira o holofote de você, de suas preocupações, de seus medos, e coloca o foco em como você pode fazer o bem, a diferença. Além disso, saber que alguém precisa de você torna mais fácil suportar os momentos mais difíceis da vida.
  • Em resumo: tente se fazer importante na vida de outras pessoas. Pode ser tão simples quanto cuidar de um filho ou de um parente idoso, ou voluntariar-se em uma organização de caridade. Também pode ser mais complexo, como finalizar trabalhos que beneficiarão gerações futuras.
Ninguém sequer precisa saber o que você fez pelos outros. Diversos estudos descobriram que o altruísmo é um dos mais potentes fatores da felicidade. [BigThink]

PESQUISA: HÁBITO DE JOGOS

O que o costume de jogar pode dizer sobre as pessoas?

Pesquisa da USP investiga relação entre traços de personalidade e sociodemográficos com hábitos de jogos
Não é só durante a infância que as pessoas costumam se divertir com jogos. Sejam eletrônicos, de cartas ou de tabuleiro, os jogos também fazem parte do cotidiano de muitos adultos. Uma pesquisa de mestrado desenvolvida por Yago Luksevicius de Moraes, do Instituto de Psicologia (IP) da USP, busca voluntários para responder um questionário on-line sobre o assunto.
O objetivo da pesquisa Jogos Numa Perspectiva Etológica é entender melhor o quê, como e por que as pessoas jogam, e qual poderia ser a origem do jogo adulto. Para participar, não é necessário possuir hábito de jogar nenhum tipo de jogo. A pesquisa busca pessoas com todos os perfis: das que não costumam jogar nada até quem joga de vez em quando ou com muita frequência. Somente maiores de 18 anos podem participar.
O estudo é orientado pela professora Jaroslava Varella Valentova do IP. O preenchimento do questionário leva, aproximadamente, 30 minutos, a participação é anônima e será utilizada somente com fins científicos.
Mais informações: e-mail yagolmoraes@usp.br

DOENÇAS RARAS - 29 DE FEVEREIRO

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL

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síndrome alcoólica fetal

Síndrome alcoólica fetal: saiba como prevenir e tratar

O último dia 9 foi destinado, mundialmente, à prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). A SAF foi formalmente descrita pela primeira vez em 1973 por Jones e colaboradores, que relataram um grupo de características clínicas observadas em oito crianças nascidas de mães alcoólatras crônicas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde que o termo foi cunhado há 46 anos, a SAF tornou-se lentamente reconhecida como um problema de saúde pública.

Sobre a síndrome alcoólica fetal

De acordo com o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais quinta edição” (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders fifth edition – DSM-5) da Academia Americana de Psiquiatria (American Psychiatry Association – APA), o álcool é um teratógeno neurocomportamental e a exposição pré-natal a ele provoca efeitos teratogênicos no desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC) e também na função subsequente.
Os transtornos do espectro alcoólico fetal (TEAF) incluem um continuum de distúrbios que ocorrem em crianças como resultado do consumo de álcool pelas mães durante a gravidez.

A SAF representa o extremo mais grave dos TEAF, podendo culminar no óbito fetal. Pacientes com SAF podem ter características faciais anormais, atrasos de crescimento, alterações no SNC, além de dificuldades de aprendizado, memória, atenção, comunicação, visão ou audição. Um misto destas complicações pode ocorrer. Pacientes com SAF, inclusive, costumam ter dificuldades na escola e problemas de relacionamentos.
Epidemiologia
uso de álcool durante a gravidez é comum em muitos países e, consequentemente, a SAF é relativamente prevalente. Em recente revisão sistemática e metanálise, Popova e colaboradores (2017) observaram que a prevalência global de uso de álcool durante a gestação foi estimada em 9,8% (IC95% 8,9-11,1) e a prevalência estimada de SAF na população em geral foi de 14,6 por 10.000 pessoas (IC95% 9,4–23,3). Os autores também estimaram que uma em cada 67 mulheres que consumem álcool durante a gravidez pode dar à luz uma criança com SAF, o que significa cerca de 119.000 crianças nascidas com SAF no mundo a cada ano.
No Brasil, estudos realizados com metodologias variadas mostram uma estimativa de frequência de consumo de álcool em aproximadamente 10 a 40% das gestantes.
Quadro clínico
A SAF é caracterizada pela presença de alterações dos traços faciais, deficiências no crescimento e disfunções do SNC. As principais recomendações para o diagnóstico da SAF de acordo com o guideline proposto por Landgraf e colaboradores (2013) encontram-se no Quadro 2.
Quadro 2: Principais recomendações para o diagnóstico da SAF.
Recomendação 1Para o diagnóstico da SAF, as anormalidades devem estar presentes nas quatro categorias de diagnóstico:
1. Anormalidades no crescimento;
2. Anormalidades faciais;
3. Anormalidades do SNC;
4. Exposição intrauterina confirmada ou não confirmada ao álcool.
Sempre que os serviços de saúde/suporte são contactados, uma criança com anormalidades em qualquer uma dessas categorias deve ser investigada (ou encaminhada para investigação) das outras três categorias de diagnóstico.
Recomendação 2Para o cumprimento do critério “anormalidades no crescimento”, pelo menos uma das seguintes anormalidades, adaptados à idade gestacional, idade e sexo, devem ser documentados a qualquer momento:
1. Peso ao nascer ou peso corporal ≤ 10º percentil;
2. Comprimento ao nascer ou altura  ≤ 10º percentil;
3. IMC ≤ 10º percentil.
Recomendação 3Para o cumprimento do critério “anormalidades faciais”, todas as três anomalias faciais devem ser  documentadas a qualquer momento:
1. Comprimento curto da fissura palpebral (≤ percentil 3);
2. Filtro labial suave (grau 4 ou 5);
3. Lábio superior fino (grau 4 ou 5).
Recomendação 4Para o cumprimento do critério “anormalidades do SNC”, pelo menos um dos seguintes deve ser documentado:
1. Anormalidades funcionais do SNC;
2. Anormalidades estruturais do SNC.
Recomendação 5Para o cumprimento do critério “anormalidades funcionais do SNC”, deve ser documentada pelo menos uma das seguintes anormalidades, inadequadas para a idade e não apenas explicadas pelo contexto familiar ou pelo ambiente social:
1. Inteligência global, pelo menos, dois desvios padrão abaixo da 
Normalidade (QI <70 2="" anos="" as="" combinado="" crian="" de="" desenvolvimento="" em="" idade="" menores="" no="" ou="" p="" retardo="" significativo="">
2. Pelo menos dois desvios padrão abaixo da norma em pelo menos três das seguintes áreas ou em pelo menos duas dessas áreas em combinação com epilepsia: discurso; habilidades motoras finas; percepção visuoespacial ou habilidades construtivas espaciais; capacidade de aprendizagem; funções executivas; habilidades aritméticas; atenção; habilidades ou comportamento social.
Recomendação 6Para o cumprimento do critério “anormalidades estruturais do SNC”, a seguinte anormalidade, adaptada à idade gestacional, idade e sexo, deve ser documentada a qualquer momento:
Microcefalia ≤ percentil 10 / ≤ percentil 3.
Recomendação 7Se houver anormalidades nas três outras categorias de diagnóstico, a SAF deve ser diagnosticada mesmo que o consumo de álcool pela mãe durante a gravidez não seja confirmado.
Legenda: IMC – índice de massa corporal; QI – quociente de inteligência; SAF – síndrome alcóolica fetal; SNC – sistema nervoso central. Fonte: Adaptado de LANDGRAF et al. (2013).
Complicações
Existe uma ampla gama de complicações associadas à SAF – Quadro 3.
Quadro 3: Complicações associadas à SAF
Déficits psicológicosHiperatividade
Déficits de atenção – atenção sustentada e focada
Dificuldades de planejamento
Dificuldades de aprendizagem / memória
QI mais baixo – dificuldade de linguagem receptiva, de processamento verbal e para resolver problemas aritméticos
Dificuldades de relacionamento
Deficiências secundáriasProblemas psiquiátricos
Abandono da escola
Conflitos com a lei
Confinamento
Comportamentos sexuais inadequados
Alcoolismo/uso de drogas
Legenda: QI – quociente de inteligência; SAF – síndrome alcoólica fetal. Fonte: Adaptado de GUPTA, GUPTA E SHIRASAKA (2016).

Prevenção e tratamento da SAF

Os Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), a American Academy of Family Physicians (Academia Americana de Médicos de Família), a American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria) e o American Congress of Obstetricians and Gynecologists (Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas) não reconhecem uma quantidade segura de consumo de álcool durante a gravidez e recomendam a abstinência total. Segundo Denny, Coles e Blitz (2017), embora muitas mulheres se abstenham de álcool quando descobrem que estão grávidas, algumas consomem álcool antes de descobrir. A contracepção deve ser oferecida a mulheres em idade fértil que bebem; se elas desejam engravidar, recomenda-se a abstinência do álcool. Lima (2008) é bastante claro: “Se beber, não engravide; se engravidar, não beba”.
O Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda a triagem de mulheres no primeiro trimestre para o uso de álcool, e as diretrizes canadenses recomendam a triagem de todas as mulheres grávidas. Uma ferramenta de triagem útil é o TACER-3, que identifica mulheres cuja ato de beber pode colocar seu feto em risco de TEAF. Se o uso de álcool na gravidez for identificado, os médicos devem recomendar a interrupção e oferecer intervenções em grupo, como Alcoólicos Anônimos e centros de reabilitação de álcool. Intervenções que incluem o parceiro da paciente melhoram os resultados relacionados à TEAF e devem incluir a avaliação da compreensão materna sobre comportamentos saudáveis durante a gravidez, ajudar a mãe a estabelecer metas para abstinência do álcool, planejar comportamentos alternativos para quando surgir a tentação de beber e convidar o parceiro para encontrar métodos que apoiem a abstinência alcoólica materna.
Em recente artigo publicado na revista The Lancet Neurology, Wozniak, Riley e Charness (2019) descrevem que as intervenções para TEAF são multifacetadas. A abordagem acomoda o perfil específico de necessidades de um indivíduo (por exemplo, comportamental, cognitivo e adaptativo), de maneira semelhante à abordagem personalizada usada para outros distúrbios do desenvolvimento, como deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista. De acordo com os autores, para crianças e adolescentes com TEAF, as intervenções podem incluir treinamento e gerenciamento de comportamento para os pais, treinamento computadorizado da atenção, terapia de controle de impulso, educação especial, incluindo alfabetização e treinamento em matemática e desenvolvimento de habilidades sociais. Já em adultos, os autores destacam que, infelizmente, há baixa disponibilidade de serviços em comparação com os disponíveis para crianças, incluindo escassez de avaliação abrangente, triagem e tratamento de abuso de substâncias, psicoterapia, prevenção de suicídio, assistência ao emprego, assistência à moradia e apoio à família ou aos pais.
Não existem tratamentos medicamentosos específicos para indivíduos com TEAF. Alguns clínicos costumam usar combinações de inibidores de recaptação de dopamina, norepinefrina ou serotonina e antagonistas do receptor de serotonina, entre outros medicamentos, para o tratamento de condições concorrentes, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, distúrbios do controle de impulsos, agressões e transtornos do humor.
Para Manriquez e colaboradores (2019), triagem, intervenção breve e encaminhamento para tratamento (screening, brief intervention and referral to treatment – SBIRT) é uma prática baseada em evidências usada para identificar, reduzir e prevenir o uso problemático, abuso e dependência de álcool e drogas ilícitas. O SBIRT consiste em três componentes principais: triagem na qual um profissional de saúde avalia os pacientes quanto a comportamentos de risco para o uso de substâncias, usando uma ferramenta de triagem padronizada; intervenções breves mostrando comportamentos arriscados de uso de substâncias em um curto espaço de tempo, com conversa que fornece feedback e conselhos; encaminhamento para tratamento que pode ser uma terapia breve ou um tratamento mais abrangente para pacientes com necessidade de serviços adicionais.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou a campanha Gravidez sem Álcool. Para mais informações, basta acessar este link.
Autor:
Referências bibliográficas: 
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. 9 de setembro: SBP alerta para o Dia de Prevenção da Síndrome Alcoólica Fetal. 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/9-de-setembro-sbp-alerta-para-o-dia-de-prevencao-da-sindrome-alcoolica-fetal/. Acesso em: 04 de set. 2019;
  • GUPTA, K. K.; GUPTA, V. K.; SHIRASAKA, T. An Update on Fetal Alcohol Syndrome-Pathogenesis, Risks, and Treatment. Alcohol Clin Exp Res. 2016 Aug;40(8):1594-602;
  • WORLD HEALTH ORGANIZATION. Fetal alcohol syndrome: dashed hopes, damaged lives. 2011. Disponível em: https://www.who.int/bulletin/volumes/89/6/11-020611/en/. Acesso em: 04 de set. 2019;
  • AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders fifth Edition (DSM 5). Washington: American Psychiatric Association, 2013;
  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Basics about FASDs. 2019. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/fasd/facts.html. Acesso em: 05 de set. 2019;
  • POPOVA, S. et al. Estimation of national, regional, and global prevalence of alcohol use during pregnancy and fetal alcohol syndrome: a systematic review and meta-analysis. The Lancet, v.5, p.e290-299, 2017;
  • BAPTISTA, F. H et al . Prevalência e fatores associados ao consumo de álcool durante a gravidez. Rev Bras Saúde Mater Infant, v.17, n.2, p.271-279, 2017;
  • MENDONÇA, G. R. F.; CUNALI, V. C. A.; MENDONÇA, D. S. O. Síndrome alcoólica fetal – Relato de caso clínico. Resid Pediatr, v.4, n.3, p.103-105, 2014;
  • LANDGRAF, M. N. et al. Clinical practice guideline: The Diagnosis of Fetal Alcohol Syndrome. Dtsch Arztebl, v.110, n.42, p.703-710, 2013;
  • DENNY, L.; COLES, S.; BLITZ, R. Fetal Alcohol Syndrome and Fetal Alcohol Spectrum Disorders. Am Fam Physician, v.96, n.8, p.515-522, 2017;
  • LIMA, J. M. B. Álcool e gravidez. Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Rio de Janeiro: MedBook, 2008;
  • WOZNIAK, J. R.; RILEY, E. P.; CHARNESS, M. E. Clinical presentation, diagnosis, and management of fetal alcohol spectrum disorder. Lancet Neurol, v.18, n.8, p.760-770, 2019;
  • MANRIQUEZ, M. et al. Fetal alcohol spectrum disorder prevention program: SBIRT’s role in averting fetal alcohol spectrum disorders. Birth Defects Res, v.111, n.12, p.829-834, 2019.