Tudo o que você precisa saber sobre a nova insulina inalável
- agosto/2019
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O controle glicêmico com insulina injetável é a forma mais comum de combate a diabetes, tanto do tipo 1 quanto do tipo 2. Muitos pacientes, no entanto, sentem desconforto com a aplicação do medicamento através da agulha. Há casos em que são necessárias mais de três picadas por dia.
Mas essa realidade pode estar com os dias contados, ao menos em parte. Em maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo modelo de insulina que dispensa o uso de agulhas. Trata-se do Afrezza, uma substância em pó, inalável e mais eficiente do que as injetáveis de ação rápida. A droga, acessível nos Estados Unidos desde 2015, será distribuída no Brasil pela empresa Biomm.
Enquanto nas insulinas injetáveis o efeito começa a surgir em cerca de 15 minutos – e os níveis máximos de hormônio na corrente sanguínea ocorrem em uma hora –, com o Afrezza o pico de ação ocorre nos primeiros 15 minutos após a administração.
O produto ainda não está disponível no mercado – a previsão é que as vendas comecem a partir de outubro de 2019. Isso porque ainda não está definido o preço do medicamento para o público consumidor. O cálculo é feito por uma instância da Anvisa, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a partir do requerimento da detentora do registro. Após o pedido, a CMED tem prazo de até 90 dias para análise.
Para efeito de comparação, o kit mensal do medicamento inalável custa entre US$ 150 e US$ 400 – algo entre R$ 580 e R$ 1.500. Já a insulina injetável para um mês custa entre R$ 500 a R$ 800 no Brasil.
Vale lembrar que o Brasil tem a quarta maior taxa de pessoas com diabetes no mundo. Entre 2006 e 2016, os casos da doença cresceram 61,8%, chegando a 12,5 milhões – ou 7% da população, segundo o Ministério da Saúde. A previsão para 2045 é que o número de casos praticamente dobre do atual, ultrapassando os 23 milhões.
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A seguir, confira como o novo medicamento funciona, seus benefícios e contraindicações.
Como funciona a insulina inalável
O Afrezza será comercializada em cartuchos com dosagens de quatro, oito e 12 unidades a serem administradas de uma vez. Ao jornal Folha de S. Paulo, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), João Salles, explicou que essa limitação das dosagens pode ser, em alguns casos, uma desvantagem, pois limita o potencial de mudança de dose. ?Nos injetáveis é possível, dependendo do paciente, mudar as dosagens aplicadas de acordo com a alimentação do momento.?
A quantidade ingerida depende de um exame anual, chamado espirometria, para constatar a capacidade pulmonar do paciente.
Passo a passo
- O paciente deve encaixar o cartucho com a insulina em pó no inalador;
- Ao fechar o inalador, o dispositivo libera a insulina em pó;
- O paciente inala a substância, que rapidamente chega ao pulmão;
- A insulina é absorvida pela membrana pulmonar, chegando à corrente sanguínea.
A Anvisa alerta: tal como a injetável, a insulina inalável deve ser mantida no refrigerador a uma temperatura entre 2 e 8°C.
A insulina inalável substitui somente as aplicações de insulina de ação rápida ou ultrarrápida, conhecidas como bolus. Esse tipo de insulina é utilizado antes de cada refeição, período em que o organismo necessita de volume maior do hormônio para equilibrar o açúcar ingerido.
O Afrezza deve ser manipulado antes das refeições para evitar que a glicose se eleve demais no sangue durante a alimentação.
Existe um outro tipo de insulina, a basal, de ação mais lenta. Geralmente ela é aplicada apenas uma vez por dia e não poderá ser substituída pelo produto inalável.
No momento das refeições, o paciente muitas vezes tem que utilizar a insulina em uma situação social, fora de casa, e com a inalável o procedimento pode ser mais rápido e discreto, explica Heraldo Marchezini, CEO da Biomm.
Apesar de ser indicada para diabetes de tipo 1 e 2, os mais favorecidos com o novo produto são os pacientes com diabetes tipo 1. Isso porque precisam obrigatoriamente fazer uso da aplicação da insulina. Portadores da diabetes de tipo 2 tem tratamento baseado em comprimidos, não exclusivamente com insulina injetável. Portanto, a fórmula inalável é indicada apenas para aqueles que não conseguem controlar a glicemia somente com a medicação via oral.
Contraindicações
- Antes de utilizar o medicamento, o paciente deve se certificar que não tem problemas respiratórios que atrapalham a absorção da insulina. Também por isso a importância de um exame anual, chamado espirometria, para constatar a capacidade pulmonar do paciente.
- O medicamento não é recomendado para pacientes com doenças pulmonares crônicas façam uso.
- Pessoas que fumam também não devem utilizar o medicamento inalável.
- Menores de 18 anos também tem restrição ao uso do produto, já que ainda não foi testado em pacientes desta faixa etária – somente em adultos.
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