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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

TABAGISMO e DANOS DERMATOLÓGICOS



Os dermatologistas entram na guerra contra o tabagismo e chamam atenção para a sua ação devastadora na cútis


Não é novidade para ninguém que o fumo provoca diversos males ao organismo. No entanto, pouca gente sabe que ele tem uma ação extremamente prejudicial à pele e faz com que o fumante aparente ter muitos anos a mais. “Seu efeito é mais grave do que o provocado pelos raios ultravioleta”, afirma o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. E ele sabe o que está dizendo. Maia fez um cruzamento entre mais de 600 estudos sobre o assunto que o levou a provas contundentes de que o hábito é o primeiro colocado no ranking dos fatores que detonam o envelhecimento precoce.
“No caso da radiação solar, a agressão vem de fora do corpo e não passamos o tempo todo expostos ao sol”, explica. “O cigarro vem através dos vasos sanguíneos, ou seja, de dentro do organismo, atingindo todas as estruturas da pele, inclusive as mais profundas, provocando vincos muito mais intensos”, conta. “Sem falar que o tecido fica o tempo todo em contato com as substâncias danosas.”
Uma pesquisa realizada na Universidade de Nagoya, no Japão, confirmou que o tabaco é um grande inimigo da aparência jovem. Em laboratório, os cientistas colocaram uma solução à base de componentes do cigarro em contato com fibroblatos, as células responsáveis pela fabricação de colágeno. Depois de 24 horas, notaram que elas estavam com uma quantidade acima do normal de uma substância capaz de destruir as fibras de sustentação da pele.
A lista de danos provocada pelo cigarro na pele é grande

A batalha entre nicotina e as fibras de sustentação do tecido é desleal. “A fumaça ativa os genes responsáveis pela criação de uma enzima que promove a quebra do colágeno”, conta a dermatologista Inaê Cavalcanti Marcondes Machado, da clínica DOM Medicina Personalizada, em São Paulo, que é membro da Academia Brasileira de Medicina Estética. “Por isso, os fumantes têm 4,7 vezes mais chances de ter rugas do que os não-fumantes”, afirma. “Além de deixar o tecido marcado, essa ação também faz com que ele fique muito flácido”, acrescenta Marcus Maia.

“O cigarro também é um dos grandes responsáveis pela formação de radicais livres, outro fator que acelera o envelhecimento precoce”, explica o dermatologista Adilson Costa, chefe do serviço de dermatologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, no interior de São Paulo. Além disso, o tabaco compromete o estoque cutâneo das vitaminas A e C, excelentes antioxidantes, capazes de combater os radicais livres. E não são só as substâncias do cigarro que provocam os sulcos na face. O movimento labial realizado para tragar também contribui para o aparecimento das linhas de expressão.

A circulação também fica prejudicada por causa do fumo. “O hábito provoca a diminuição do calibre dos vasos, reduzindo o fluxo sanguíneo e, consequentemente, a oxigenação e o aporte de nutrientes para a pele”, conta Adilson Costa. “Cada cigarro provoca vasoconstrição por 90 minutos”, afirma Inaê Cavalcanti Marcondes Machado. Ou seja, a pele do fumante nunca recebe doses adequadas de oxigênio. “Para piorar, o tabaco torna o sangue mais viscoso, o que dificulta o seu deslocamento pelo corpo e prejudica a camada de gordura da pele que preenche o tecido, fazendo com que ele fique mais firme e esticado”, conta Inaê.

“E o fumante fica constantemente com um aspecto pálido e a cútis ganha uma coloração entre o amarelo e o cinza”, acrescenta Marcus Maia. No caso das mulheres, o problema é ainda maior, pois o cigarro interfere na fabricação e na distribuição dos hormônios femininos que participam na síntese do colágeno e agem na espessura e hidratação da pele.
Sem chance de tratamento

Os fumantes que se assustaram com tantos efeitos prejudiciais do cigarro à pele e não querem sofrer com eles devem fazer o possível e o impossível para largar o hábito o quanto antes. Isso porque não há como reverter totalmente o quadro. “Os danos provocados pelo sol, por exemplo, são mais superficiais e são mutações que ocorrem no tecido, o que faz com que eles possam ser combatidos com a ajuda de tratamentos estéticos”, diz Marcus Mais. “Mas, no caso do cigarro, o problema é muito mais profundo e ocorre a destruição de partes da pele, o que dificilmente será restabelecido”, afirma. “Sabe-se que a vasoconstrição pode melhorar um pouco depois de alguns meses sem nicotina no organismo, porém o colágeno dificilmente será reconstituído”, complementa Inaê Cavalcanti Marcondes Machado. 


FONTE: Terra, 19/11/2013 - Por Thais Szegö
REDE ACT

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