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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

MISOFONIA!

 Misofonia é mais do que apenas odiar sons de mastigação

Redação do Diário da Saúde

Misofonia é mais do que apenas odiar sons de mastigação
Pessoas com misofonia costumam ser muito sensíveis a barulhos de mastigação - sobretudo mascar chicletes.
[Imagem: Kristie/Pixabay]

Misofonia

Acabam de ser identificadas as partes do cérebro envolvidas em um "gatilho" que dispara a misofonia, uma condição associada a uma aversão extrema a certos sons.

Os resultados sugerem que uma explicação muito popular entre os cientistas sobre o que causaria a misofonia pode não estar correta.

Indivíduos com misofonia sentem raiva, nojo e vontade de fugir quando ouvem certos sons.

A mastigação e ruídos semelhantes da boca são os mais frequentemente associados a essa condição. Um estudo anterior sugeriu então que a misofonia seria causada por conexões supersensíveis entre o córtex auditivo do cérebro e as áreas de controle motor orofacial - aquelas relacionadas ao rosto e à boca.

Heather Hansen e seus colegas da Universidade do Estado de Ohio (EUA) decidiram então checar o que acontece no cérebro das pessoas acometidas pela fobia conforme elas entravam em contato com os sons.

Para checar se a misofonia poderia mesmo ser explicada como um movimento orofacial, a equipe comparou os efeitos sobre pacientes cujo gatilho era a mastigação, com os efeitos sobre pacientes que não toleram outros batendo os dedos na mesa.

E a suspeita se confirmou: Os resultados mostraram que os padrões de conectividade cerebral com as regiões de toque dos dedos são diferentes em pessoas com misofonia, em comparação com os padrões de conectividade com as regiões de mastigação.

Outras fontes

Quando estavam em repouso, os participantes que pontuaram mais alto para misofonia mostraram conexões mais fortes entre o córtex auditivo e uma área de controle motor - assim como o estudo anterior havia mostrado.

Mas, quando os participantes estavam realmente usando a boca para produzir sons, foi outra região diferente do cérebro que ficou ativa - e essa região não mostrou conexões mais fortes naqueles com misofonia forte, em comparação com aqueles com baixa misofonia.

"Então, o que pesquisas anteriores identificaram como a região orofacial - a área envolvida nos movimentos da boca e do rosto - pode não ser realmente a região orofacial," disse Hansen. "Essas descobertas sugerem que as conexões cerebrais supersensíveis encontradas no estudo anterior não podem explicar a misofonia."

Em vez disso, o estudo mostrou que, nos participantes que pontuaram mais na misofonia, há uma conexão mais forte entre as regiões do cérebro associadas ao movimento e sensação dos dedos e à área da ínsula do cérebro, que está ligada a emoções fortes, incluindo nojo.

"Não apareceu nenhuma conexão com o córtex auditivo. A conexão importante foi com a ínsula," destacou Hansen.

Isso fornece evidências adicionais de que a misofonia não envolve apenas a mastigação ou outros ruídos da boca, o que descarta a região orofacial como seu gatilho de disparo.

"Temos evidências reais no cérebro de pessoas que não gostam de sons que não são apenas da boca e do rosto. É um passo importante na compreensão da misofonia," concluiu a pesquisadora.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Neural evidence for non-orofacial triggers in mild misophonia
Autores: Heather A. Hansen, Patricia Stefancin, Andrew B. Leber, Zeynep M. Saygin
Publicação: Frontiers in Neuroscience
DOI: 10.3389/fnins.2022.880759

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