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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

DEFICIÊNCIA VISUAL MUNDIAL


Falta de tratamento deixa 1 bilhão de pessoas cegas ou com baixa visão

Número de pessoas com deficiência visual chega a 2,2 bilhões, dos quais quase metade teria tratamento; professor da USP integra grupo que produziu relatório divulgado pela OMS
Editorias: Atualidades - URL Curta: jornal.usp.br/?p=277735

Mundialmente, pelo menos 2,2 bilhões de pessoas têm deficiência visual – Foto: Sebastian Liste / OMS
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elo menos 1 bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com algum grau de 
deficiência visual sem necessidade, pois ainda não chegaram aos consultórios 
oftalmológicos ou poderiam ter sido tratadas antes de perder a visão. Esta estimativa é o 
principal destaque de um relatório divulgado nesta terça-feira (8) pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS). O World Report on Vision foi produzido por um grupo independente de
 especialistas para marcar o Dia Mundial da Visão, que será comemorado no dia 10 de outubro.

Os especialistas calcularam que existem hoje cerca de 2,2 bilhões de pessoas com deficiência 
visual. Quase metade poderia enxergar se tivesse acesso aos serviços de saúde 
especializados. “As duas causas principais (são) falta de óculos ou catarata”, conta o médico
 oftalmologista João Marcello Furtado, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão 
Preto (FMRP) da USP e integrante do grupo que produziu o relatório.
Na medida dos oftalmologistas, uma pessoa tem deficiência visual quando não enxerga cinco 
das dez linhas que formam a tabela usada nos exames de vista em consultórios médicos. Se 
ela está usando óculos e mesmo assim não enxerga as letras menores com o melhor olho, 
já se considera que há deficiência. Além desta medida para longe, a partir deste ano, a 
OMS passou a considerar também uma medida para perto.
As principais condições médicas que afetam a visão são bastante comuns. As estimativas 
globais indicam que cerca de 2,6 bilhões de pessoas têm miopia, das quais 312 milhões 
são jovens com menos de 19 anos. Outro 1,8 bilhão convive com a presbiopia. A 
degeneração macular relacionada à idade avançada afeta 196 milhões e a retinopatia 
diabética, mais 147 milhões. Os números foram calculados a partir da revisão de artigos 
publicados em publicações científicas, utilizando uma metodologia que pela primeira vez 
recebe o endosso da OMS.

Menina faz exame visual em sua escola – Foto: Sebastian Liste / OMS

A soma de pessoas afetadas por condições médicas que prejudicam a visão é muito maior do 
que o total de pessoas com deficiência visual. E, apesar do número absoluto de pessoas 
cegas ou com deficiência visual ter crescido, quando comparado com estudos independentes 
anteriores,
 a prevalência da deficiência visual diminuiu. Subiu o número absoluto, porém subiu ao 
mesmo tempo a população total.
No caso da catarata, por exemplo, que se caracteriza por uma progressão na opacidade da 
lente natural que temos dentro do olho, “a cirurgia é muito efetiva. Ela pode restaurar e 
bem a visão, a tecnologia que a gente tem é adequada, não é uma doença que precise de 
grandes avanços no conhecimento. É uma tecnologia que está bem estabelecida e não é feita, 
muitas vezes, pela dificuldade de acesso ao tratamento”, diz Furtado.
No Brasil, a cirurgia é coberta pelo SUS. Ainda assim, Furtado afirma que a catarata é uma
 das principais causas por trás das estatísticas nacionais. Baseado em dados de 2015, o 
médico aponta que há 690 mil brasileiros cegos e 3,3 milhões de pessoas com deficiência 
visual moderada ou grave. A exemplo do que ocorre em outras partes do planeta, 
particularmente nos países de renda média e baixa, o acesso aos serviços de saúde 
é permeado por desigualdades.
“Pessoas em área rural têm maior dificuldade de acesso, então têm uma chance maior de ser 
deficiente visual. Pessoas de países pobres (também). Em alguns países, o fato de você ser 
mulher aumenta sua chance de ser deficiente visual. Idosos, já que a maioria das causas 
de deficiência visual acontecem mais em idosos, e pessoas com algum outro grau de 
deficiência”, lista Furtado. “Em alguns países e regiões, algumas minorias étnicas, por 
exemplo alguns grupos indígenas, também têm risco maior porque normalmente têm 
menos acesso a serviços de saúde”, completa o médico.
Para mitigar o problema, o relatório divulgado pela OMS traz algumas recomendações 
aos sistemas de saúde. Entre elas, incluir a oftalmologia na cobertura universal de 
saúde, investir em pesquisa e fazer campanhas sobre a importância da saúde dos olhos.


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