Descoberta sobre a bile reescreverá livros didáticos
Redação do Diário da Saúde
Você sabe como cuidar do seu fígado?
[Imagem: Sebastian Kaulitzki]
[Imagem: Sebastian Kaulitzki]
Ácidos biliares
Esqueça o que você aprendeu na escola sobre produção da bile no nosso corpo, porque nosso conhecimento sobre esse elemento essencial acaba de mudar.
A maior parte do conhecimento científico sobre a bile não mudou em muitas décadas. Sabe-se que ela é produzida no fígado, armazenada na vesícula biliar e injetada no intestino quando comemos, onde ela ajuda a decompor as gorduras. De fato, o primeiro ácido biliar foi descoberto em 1848, e os cientistas que revelaram a estrutura dos ácidos biliares em 1928 ganharam o Prêmio Nobel. Já faz muito tempo.
"Desde então, nosso entendimento da química da produção de bile no fígado era que o suporte principal de colesterol da estrutura do ácido biliar é ligado aos aminoácidos glicina ou taurina para produzir nossos ácidos biliares primários," relembra o professor Robert Quinn, da Universidade do Estado de Michigan (EUA).
Mas isso agora mudou: a equipe descobriu ácidos biliares que não são produzidos por nossas enzimas; eles são fabricados por bactérias em nosso intestino.
Esta descoberta vai mudar a maneira como os livros médicos tratam a digestão, além de contribuir para um crescente corpo de conhecimentos que dá suporte à importância do microbioma, a comunidade coletiva de bactérias benéficas e outros microrganismos que vivem em nossos intestinos.
Bile produzida no intestino
Quinn e seus colegas descobriram que os micróbios no intestino, membros do microbioma, produzem ácidos biliares únicos, conjugando a "espinha dorsal" do colesterol com inúmeros outros aminoácidos.
Isso representa um quinto mecanismo do metabolismo dos ácidos biliares pelo microbioma que expande bastante a compreensão da bile dos mamíferos.
Embora grande parte do estudo tenha sido realizada em camundongos, esses novos ácidos biliares também foram encontrados nos humanos. E aqui está o pontapé que guiará as pesquisas futuras: esses ácidos são particularmente abundantes no intestino de pessoas que sofrem de doenças gastrointestinais, como a doença de Crohn e a fibrose cística.
"Claramente, nossa compreensão desses compostos está em sua infância," disse Quinn. "Esta emocionante nova descoberta abre mais perguntas do que respostas sobre esses compostos e seu papel em nossa saúde".
Checagem com artigo científico:
Artigo: Global chemical effects of the microbiome include new bile-acid conjugations
Autores: Robert A. Quinn, Alexey V. Melnik, Alison Vrbanac, Ting Fu, Kathryn A. Patras, Mitchell P. Christy, Zsolt Bodai, Pedro Belda-Ferre, Anupriya Tripathi, Lawton K. Chung, Michael Downes, Ryan D. Welch, Melissa Quinn, Greg Humphrey, Morgan Panitchpakdi, Kelly C. Weldon, Alexander Aksenov, Ricardo da Silva, Julian Avila-Pacheco, Clary Clish, Sena Bae, Himel Mallick, Eric A. Franzosa, Jason Lloyd-Price, Robert Bussell, Taren Thron, Andrew T. Nelson, Mingxun Wang, Eric Leszczynski, Fernando Vargas, Julia M. Gauglitz, Michael J. Meehan, Emily Gentry, Timothy D. Arthur, Alexis C. Komor, Orit Poulsen, Brigid S. Boland, John T. Chang, William J. Sandborn, Meerana Lim, Neha Garg, Julie C. Lumeng, Ramnik J. Xavier, Barbara I. Kazmierczak, Ruchi Jain, Marie Egan, Kyung E. Rhee, David Ferguson, Manuela Raffatellu, Hera Vlamakis, Gabriel G. Haddad, Dionicio Siegel, Curtis Huttenhower, Sarkis K. Mazmanian, Ronald M. Evans, Victor Nizet, Rob Knight, Pieter C. Dorrestein
Publicação: Nature
DOI: 10.1038/s41586-020-2047-9
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