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sábado, 28 de março de 2020

COVID-19 e a VITAMINA D

Prof. Andrea Giustina



Em resposta à pergunta "A alta prevalência da grave deficiência de vitamina D pode ter um papel no alto impacto da infecção por Covid-19 na Itália?" o professor de endocrinologia Andrea Giustina, para o British Medical Journal, responde:⁣
"Em particular, a deficiência de vitamina D tem sido relatada para aumentar a predisposição para infecções sistêmicas e prejudicar a resposta imunológica ou mesmo doenças auto-imunes. Além disso, uma meta-análise interessante mostrou que a suplementação com vitamina D pode prevenir infecções respiratórias.⁣
A Itália é o país que está a pagar o maior número de mortes por infecção por Covid-19 em todo o mundo. Da análise dos dados epidemiológicos disponíveis particularmente na literatura chinesa, mas também nos relatórios do Ministério da Saúde italiano, a maioria das mortes concentra-se nos idosos com doenças comuns. De fato, tem sido sugerido que a elevada idade média da população italiana poderia ser um fator predisponente para a gravidade e a elevada mortalidade relacionada à infecção por Covid.⁣

Curiosamente, os dados epidemiológicos relatam que a Itália é um dos países com maior prevalência de hipovitaminose D na Europa. (…) Foi também sugerido que a obesidade esteja ligada a baixos níveis de vitamina D e a maiores necessidades de vitamina D.⁣
O estado da vitamina D depende em grande parte da exposição solar, uma vez que, ao contrário de todas as outras vitaminas (na verdade é um hormônio esteróide), a quantidade introduzida com a dieta está longe de ser suficiente. A enorme quantidade da população com baixos níveis de vitamina D em Itália deve-se à histórica falta de um programa de fortificação alimentar com vitamina D (em desacordo com o que tem sido feito desde várias décadas em muitos países europeus, levando ao que é conhecido como o paradoxo escandinavo, ou seja, o nível mais alto de vitamina D nos países do norte da Europa com baixa exposição solar versus os países do sul com maior exposição solar), bem como a mudança no estilo de vida com um tipo mais sedentário de trabalho e vida mais as diferentes condições climáticas nas regiões norte versus sul do país.⁣

Portanto, com base nas considerações anteriores, pode-se levantar a hipótese de que o baixo teor de vitamina D poderia ser a ligação entre idade, comorbidades e aumento da susceptibilidade a complicações e mortalidade devido à infecção por Covid19 nas regiões norte da Itália. (…)
A fim de corroborar nossa hipótese, deve ser necessário observar os níveis de vitamina D 25OH em pacientes hospitalizados com infecção por Covid19 e em diferentes estágios da doença. Entretanto, mesmo na ausência de uma prova de nosso conceito, em uma era de medidas restritivas das autoridades sanitárias quanto à possibilidade de reembolso da vitamina D, achamos razoável uma mensagem reforçando a importância de manter o tratamento com vitamina D naqueles já diagnosticados com hipovitaminose D e considerando a suplementação com vitamina D de pessoas idosas comorbitárias em confinamento domiciliar. A questão da suplementação universal com vitamina D devido ao alto risco de infecção complicada por Covid19 na Itália ou em outros países, incluindo os internados, dentro e fora da UTI, os pacientes permanecem abertos."

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