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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

IODO: BENEFÍCIOS e RISCOS

Benefícios e riscos do iodo
O iodo é um micronutriente essencial para o homem e demais mamíferos, pois é usado na síntese dos hormônios tireoidianos T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).
Além de regular o metabolismo, esses hormônios são importantes para o funcionamento adequado de praticamente todos os órgãos.
Já há muitas décadas se sabe que a deficiência desse mineral pode causar bócio, ou seja, um aumento no volume da glândula tireoide que prejudica seu funcionamento.
Sabe-se também que a falta de iodo durante a gestação pode levar a danos cerebrais em crianças, uma vez que os hormônios tireoidianos desempenham um papel extremamente importante no desenvolvimento do sistema nervoso central.
Por essa razão, no Brasil, tornou-se obrigatória na década de 1950 a adição de iodo no sal de cozinha.
O problema é que hábitos alimentares ruins têm levado as pessoas a ingerir sal demais - e, por tabela, iodo demais.
Estudos recentes têm mostrado que o consumo superior à dose diária recomendada - cerca de 150 microgramas - também pode trazer prejuízos ao funcionamento da tireoide.
Este ano, uma resolução da Anvisa reduziu a faixa de variação do iodo no salde 20 a 60 miligramas por quilo - quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para populações que consomem até 10 gramas de sal por dia - para 15mg/kg a 45 mg/kg.
A medida foi tomada após pesquisas do Ministério da Saúde mostrarem que a população brasileira ingere uma taxa de iodo maior do que a recomendada pela OMS em razão do consumo elevado de sal.
Excesso de sal na gravidez
Agora, Caroline Serrano do Nascimento e Maria Tereza Nunes, a Universidade de São Paulo (USP), resolveram usar modelos animais para estudar os efeitos a longo prazo da ingestão excessiva de iodo.
O experimento mostrou que o consumo excessivo de iodo durante o período de gestação e lactação pode tornar os filhos mais propensos a sofrer de hipotireoidismo na vida adulta.
"[O iodo] desencadeia também mecanismos epigenéticos, ou seja, o consumo excessivo desse elemento pela mãe durante a gestação e lactação gera consequências no desenvolvimento fetal e, aparentemente, programa o organismo do filhote para ficar mais suscetível ao desenvolvimento de hipotireoidismo durante a vida adulta", comentou Caroline.
No primeiro trimestre da gestação, explica ela, o feto é totalmente dependente dos hormônios tireoidianos produzidos pela mãe e qualquer alteração na síntese hormonal nessa fase pode causar consequências graves para o desenvolvimento fetal.
Após o segundo trimestre, o bebê já tem sua própria tireoide desenvolvida, mas ainda depende do aporte de iodo da mãe, que é feito pela placenta.
"Vimos que a maioria dos genes ligados à biossíntese dos hormônios tireoidianos estava com a expressão diminuída tanto na mãe, quanto na prole adulta, no grupo exposto ao excesso de iodo durante a gestação e lactação", contou Caroline.
O próximo passo, segundo a pesquisadora, é descobrir em que momento da gestação ou da lactação esse excesso de iodo é mais prejudicial.
"Uma vez que tivermos esclarecido bem os mecanismos que ocorrem na prole, poderemos voltar e descobrir em que fase do desenvolvimento o iodo altera a programação gênica dos animais. Aparentemente, em cada uma das fases há uma resposta diferente na programação da expressão de genes durante a vida adulta", afirmou.
Iodo no sal
Apesar de conhecer bem as consequências da ingestão excessiva de iodo, Nascimento não defende a ideia de eliminar ou reduzir a adição do mineral ao sal.
Uma falta de iodo na gravidez, por exemplo, poderia gerar outros problemas nas crianças:
"Penso que o ideal seria investir em políticas públicas para reduzir o consumo de sal da população, pois dessa forma você evita não apenas prejuízos à tireoide como também doenças cardiovasculares. Com a atual redução, por outro lado, não se tem garantia de que as pessoas vão ingerir quantidades ideais de iodo se diminuírem o sal na alimentação", avaliou.

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