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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

NESTLÉ, CHOCOLATE, INFLAÇÃO CONTROLADA DA MÃE-DILMÁ...

24/11/2013
 às 18:00 \ Política & Cia

Neil Ferreira: A Nestlé controla a inflação controlada da Dilma

Como viciado em chocolate, posso dizer: a Nestlé testemunha a favor da Dilma -- esta sob controle a inflação controlada da Dilma (Foto: Grafikeller)
“Como viciado em chocolate, posso dizer: a Nestlé testemunha a favor da Dilma — esta sob controle a inflação controlada da Dilma” (Foto: Grafikeller)
Por Neil quero chocolate Ferreira, publicado no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo
A NESTLÉ CONTROLA A INFLAÇÃO CONTROLADA DA DILMA
Neil Ferreira
Chegou o momento de admitir o meu vício do uso de drogas pesadas; caí feio, rolei pelas sarjetas da vida, tentei de tudo pra me curar. Sem chance; não houve rehab que me reabilitasse. Saio de uma dura temporada de abstinência e caio de novo em outra — sou viciado em chocolate.
Não resisto ao brilho das embalagens, é um prazer magnífico comprar, desembrulhar, ouvir aquele barulhinho hipnotizante e sentir o perfume que antecede a primeira mordida. Só de pensar fico com a boca cheia d´água.
A mordida é pequenina pra durar mais, mas qual o quê; viciados como eu não aguentam ficar na mordidinha inicial para que o efeito tenha maior permanência no organismo. Fraco de vontade, não resisto; devoro em largos bocados e quando menos espero a droga acaba.
Saciado por algumas horas, a urgência de mais e em maiores quantidades volta e reviro a casa, fantasio que encontrarei mais, em recônditos esconsos em que a minha família o teria escondido.
Mentem como verdadeiros petistas (que nunca foram) que é pra me poupar do risco de uma overdose. Desconfio de que , como verdadeiros petistas (que nunca foram), guardaram a droga pra eles mesmos, escondida em seus quartos, com portas e janelas trancadas – também são viciados e bancam os santinhos do pau oco, os anjinhos da cara suja.
Como verdadeiros petistas (que nunca foram) metem a mão em tudo que está à vista e fora dela e quando os acuso da malfeitoria, exigem Ato de Ofício e me ameaçam com Embargos Infringentes. Ainda os ameaçarei de revistar-lhes as cuecas (de quem as usa)
Eu me lembro do filme Lost Weekend, aqui Farrapo Humano, 1945, Billy Wilder, Oscar em 1946 de melhor filme, melhor direção, melhor ator, Ray Milland, e melhor roteiro original.
Ray Milland, bebum dos brabos, desesperado procura dinheiro pra beber, revira o pequeno apartamento da namorada até que encontra uma amarfanhada nota de 5 dólares, escondida dentro de uma caneca de louça e sai correndo em busca de algum bar aberto pra matar a crise de abstinência.
É como me sinto quando fico sem as minhas doses habituais e crescentes de chocolate; a síndrome de abstinência em mim se manifesta com suores gelados, mãos trêmulas, uma dor insuportável no corpo inteiro como se estivesse sendo espancado com violência. Vejo jacarés nas paredes e no teto.
Ainda veremos chocolândias nas ruas de bairros ex-nobres, decadentes pelo abandono dos seus habitantes que se mandaram para as periferias emergentes. O novo IPTU, que a droga do brimo Haddad disse “bagar com alegria”, transformou ruas antes belas, tranquilas e arborizadas, em cheias de viciados comprando e usando chocolate dia e noite com sofreguidão, como as cracolândias de tão tristes presenças.
O vício transita dos escurinhos dos cinemas para o escondidinho das residências e depois abertamente nas ruas, bares, restaurantes e clubes noturnos, como sucedeu com o cigarro e com o uísque. (como Hemingway, prefiro Jake Daniels).
No cinema dos anos 40 e 50 do século passado, o uísque era oferecido como panacéia para as dores de cabeça que o mocinho ou o amigo do mocinho sofriam nas tramas. Pra mocinha, invariavelmente era um cigarro, por ela sugado com elegância, soltando baforadas nas caras dos fãs embevecidos.
Nos filmes da II Guerra Mundial, os heroicos good guys vencedores de batalhas sangrentas, sempre tinham uma Bolsa Invasão — uma barra de chocoloate e um maço de cigarros americanos –, pra ser dada aos civis famintos e maltrapilhos da cidades recém ocupadas, para conquistar seus corações e mentes.
Algum marquetero diabólico a serviço dos traficantes, como Duda Mendonça e João Santana traficaram e traficam mentiras, como “lulinha paz e amor” e “a inflação está sob controle”, teve a ideia de posicionar as drogas por perto das caixas, para atiçar as “compras de impulso”.
Você vai pagar a sua compra e vê a droga liberada, fica em êxtase, cede aos seus impulsos mais primitivos; e compra.
Descriminadas as demais drogas pesadas como álcool e fumo, veremos maconha, cocaína e crack em atraentes e chamativas embalagens, patrocinando milionárias campanhas de propaganda, como já foram as dos cigarros e agora são as das cervejas.
Lula, Zé Dirceu, Dilma, Genoíno, Brimo Haddad, Maluf, Saney, Santa Marina Cheia de Graça, Renan Avacalheiros, Martaxa Relaxa e Goza, e mais um bando de bandoleiros, estão de há muito liberados, já estamos em surto de overdose. Eu surtei.
Não estou nem de longe sugerindo que o vício do chocolate seja semelhante ao vício das drogas citadas. Mas escapar é de uma dificuldade semelhante, me afirmam, à de se tentar escapar do vício do cigarro; escuto narrativas assustadoras de vítimas de possíveis graves moléstias futuras, na boca, garganta, esôfago e pulmões principalmente.
"Pra mim, é o chocolate que confirma a duvidosa afirmação da Dilma nas suas incontáveis e demoradas aparições como special guest star da Globo, dizendo que: '—A inflação está sob controle'” (Foto: Wallpoper)
“Pra mim, é o chocolate que confirma a duvidosa afirmação da Dilma nas suas incontáveis e demoradas aparições como special guest star da Globo, dizendo que: ‘—A inflação está sob controle’” (Foto: Wallpoper)
Os maços de cigarros trazem pavorosas advertências, que de nada adiantam; ao que tudo indica o viciado não liga a mínima.
O chocolate tem um horrível efeito colateral, cuja advertência deveria estar bem à vista nas suas artísticas embalagens: engorda barbaridade. Todo o mundo que conheço, sabe; como no cigarro, ninguém liga. Eu sei e em nenhum momento larguei o vício e nem tenho forças para largar.
Pra mim, é o chocolate que confirma a duvidosa afirmação da Dilma nas suas incontáveis e demoradas aparições como special guest star da Globo, dizendo que: “—A inflação está sob controle”.
Digam o que disserem os supermercados, a carne, batatas, arroz, feijão, alface, frutas, a inflação controlada da Dilma está sob controle. Más língua dizem quem controla a inflação controlada Dilma é o Mantega; não é, é a Nestlé.
A Nestlé, multinacional centenária, testemunha a favor da Dilma: os preços que pratica provam a afirmação. O chocolate diet Nestlé, o “Classic”, de embalagem escura, cor de cacau, que tenho nas mãos e na boca, mostra que é verdade – seu preço não sobe. Em compensação, o peso da barrinha emagreceu de 50 gramas para o peso leve de 30 gramas mais ou menos.
Repito e desenho se precisar: o preço não subiu mas o peso caiu. A inflação da Dima, portanto, está mesmo sob controle. Daqui a pouco os marqueteros vão gritar: “A Nestlé apoia a Dilma”.
Escrevi um dia “Bebo pra escrever. Escrevo pra esquecer”. Confesso mais uma: como chocolate pra viver. “Eu só quero chocolate, chocolate; chocolate, chocolate”. A bênção Tim Maia.

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