Impacto da covid-19 não termina com a alta!
A mediana de idade dos pacientes do estudo foi de 62 anos, com uma variação de 50 a 72 anos. As três principais comorbidades entre os pacientes que receberam alta foram hipertensão (N = 800; 64%), diabetes (34,9%; N = 436) e doença cardiovascular (24,1%; N = 301).
Os desfechos negativos após a alta não se restringiram a mortalidade e readmissão. Quase 19% (N = 92) relataram surgimento ou piora de sintomas cardiovasculares, como tosse ou dispneia; 13,3% tiveram anosmia persistente; e 12% (N = 58) referiram maior dificuldade na execução das atividades cotidianas.
Os efeitos tardios não foram exclusivamente físicos. Quase metade dos pacientes que receberam alta (48,7%, N = 238) relataram sequelas emocionais e quase 6% (N = 28) buscaram atendimento psiquiátrico. Dentre os 40% (N = 195) que estavam empregados antes de serem hospitalizados, 36% (N = 78) não puderam retornar ao trabalho por conta de problemas de saúde ou licenças. Sessenta por cento (N = 117) dos pacientes empregados que receberam alta voltaram ao trabalho, mas 25% (N = 30) o fizeram com horas reduzidas ou funções de trabalho diferentes por conta dos problemas de saúde.
Os problemas financeiros também tiveram impacto. Mais de um terço (36,7%; N = 179), relataram algum impacto financeiro associado com a hospitalização. Cerca de 10% (N = 47) disseram que utilizaram a maior parte ou a totalidade de suas economias e 7% (N = 35) disseram que precisaram economizar na compra de comida ou medicamentos.
Os pesquisadores relataram que um em cada cinco pacientes não tiveram um atendimento na atenção primária em dois meses após a alta.
"Coletivamente, esses achados sugerem que precisamos de melhores modelos para atender aos sobreviventes da covid-19", disseram Vineet e colaboradores.
A evolução dos pacientes após a alta contempla dois obstáculos, disse o Dr. Sachin Gupta, médico especialista em pneumologia e terapia intensiva no Alameda Health System, nos EUA: superar a hospitalização em si e a fase de recuperação.
"Quando se observa a mediana de idade dos sobreviventes, os pacientes idosos que sobrevivem a uma internação ainda terão um período de recuperação, e, como em qualquer doença viral que leve a internação, quando se tem um paciente idoso com comorbidades, nem todos superam esse segundo desafio."
O especialista concordou com os autores do estudo sobre um melhor atendimento pós-alta para pacientes com covid-19. "Geralmente existe, embora não em todos os hospitais, um processo de planejamento de alta genérico", disse o Dr. Sachin. "Para pacientes mais idosos, especialmente com comorbidades, o acompanhamento próximo após a alta é importante."
A Dra. Mary observou que um desafio no acompanhamento após a alta pode ser de recursos humanos. "Os profissionais podem estar com medo dos pacientes que tiveram covid-19 – eles permanecem contagiosos? e se os sintomas de covid-19 retornarem, como tosse seca e febre? – e de contraírem a doença", disse ela.
Os achados relacionados com a condição emocional dos pacientes que receberam alta devem ser levados em conta no plano de alta, ela acrescentou. "Os profissionais de atendimento pós-hospitalar precisam ser instruídos sobre o impacto emocional da doença (por exemplo, os pacientes podem se sentir esquecidos ou achar que ninguém quer chegar perto deles) para ajudarem em sua recuperação."
Vineet e Dra. Mary informaram não ter conflitos de interesses. O Dr. Sachin é funcionário e acionista da Genentech.
FONTE: Chopra V et al. Ann Intern Med. Publicado em 11 de novembro de 2020. doi: 10.7326/M20-5661.
Esse conteúdo foi originalmente publicado em Chest Physician.
https://portugues.medscape.com/verartigo/6505693?nlid=138715_4183&src=WNL_ptmdpls_201214_mscpedit_gen&uac=163330CR&impID=2736696&faf=1#vp_2
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