A equipe então deixou de lado a técnica de cultivo 2D, passando para uma cultura 3D, feita no interior de gotículas, o que facilitou a aglomeração das células. [Imagem: Claire Higgins/Christiano Lab/Columbia University Medical Center] |
Pesquisadores conseguiram pela primeira vez induzir o crescimento de cabelos humanos em laboratório.
Embora o experimento esteja em estágio inicial - até agora os cabelos cresceram apenas na pele de ratos - eles esperam que a técnica resulte em um novo tipo de restauração capilar que vá além da simples redistribuição do cabelo de uma parte do couro cabeludo para outra.
Transplante de cabelo para mulheres
A abordagem poderia expandir significativamente o uso do transplante de cabelo, alcançando também as mulheres, que contam com um número insuficiente de doadoras, assim como para os homens nos estágios iniciais de calvície.
"Cerca de 90% das mulheres com queda de cabelo não são fortes candidatas ao transplante de cabelo por falta de doadoras," disse a Dra. Angela Christiano, do Centro Médico da Universidade de Colúmbia (EUA), uma das criadoras da nova técnica.
"Este método oferece a possibilidade de induzir um grande número de folículos pilosos ou o rejuvenescimento dos folículos pilosos existentes, começando com células cultivadas a partir de apenas algumas centenas de doadores. Ele pode tornar o transplante de cabelo disponível para indivíduos com um número limitado de folículos, incluindo aqueles com padrão feminino de perda de cabelo, cicatrizes de alopecia e perda de cabelo por queimaduras," acrescentou a pesquisadora.
Cabelo em laboratório
O uso de células da papila dérmica para gerar folículos pilosos, que depois são clonados, é algo conhecido há mais de 40 anos.
"Entretanto, assim que as células da papila dérmica são colocadas em cultura de tecidos bidimensional convencional, elas revertem para células básicas da pele e perdem a capacidade de produzir os folículos capilares," explica o coautor do trabalho, Dr. Colin Jahoda.
A equipe foi então buscar inspiração no pêlo de roedores, cujas papilas podem ser facilmente colhidas, expandidas e transplantadas com sucesso. Eles suspeitaram que a diferença é que as papilas dérmicas dos roedores, ao contrário das papilas humanas, se agregam espontaneamente, formando grumos quando em cultura.
A equipe então deixou de lado a técnica de cultivo 2D, passando para uma cultura 3D, feita no interior de gotículas, o que facilitou a aglomeração das células humanas.
Em cinco dos sete testes, os transplantes resultaram no crescimento de cabelo novo, um processo que durou pelo menos seis semanas.
Desafios a vencer
As culturas tridimensionais restauraram apenas 22% da expressão gênica observada normalmente nos folículos pilosos. "Isso é menos do que esperávamos, mas foi suficiente para induzir o crescimento de novos folículos capilares," disse a Dra. Angela Christiano.
Muito trabalho ainda precisa ser feito antes que o método possa ser testado em seres humanos e venha a se transformar em um novo tratamento contra acalvície.
"Precisamos estabelecer as origens das propriedades críticas intrínsecas dos cabelos recém-induzidos, tais como a cinética do ciclo do cabelo, a cor, ângulo, posicionamento e textura," disse o Dr. Jahoda. "Nós também precisamos estabelecer o papel das células epidérmicas hospedeiras com as quais as células da papila dérmica interagem para fazer as novas estruturas."
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