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sábado, 12 de outubro de 2013

AUDIODESCRIÇÃO NECESSÁRIA NOS FILMES INFANTIS


Como é conhecimento, crianças com deficiência visual aprendem a ler com a ajuda do Braile - sistema de leitura tátil para cegos. Mas e no caso dos filmes? Como conseguem compreender com o máximo de detalhes o que se passa em uma história cinematográfica? Essa questão já foi resolvida com a ajuda da audiodescrição, recurso que traduz do visual para o verbal os cenários, as ações, os figurinos, dentre outros elementos que não fazem parte dos diálogos das personagens. O que falta, no entanto, é a sua inserção ainda no processo de confecção dos DVDs e Blu-rays, para que cheguem às lojas já contendo este benefício à disposição da pessoa com deficiência visual.
Para Bianca Chaló, mãe de Nicole, uma menininha de apenas quatro anos com deficiência visual, encontrar DVDs e Blu-rays com audiodescrição à venda, seja pela Internet, seja em lojas físicas, é algo muito difícil. Moradora de Bauru, Bianca diz que desde que passou a procurar por filmes infantis com audiodescrição encontrou bem poucos. Atualmente possui apenas quatro, sendo três deles da Turma da Mônica. "Antes de conviver com a deficiência visual eu desconhecia a existência deste recurso inclusivo tão importante para a pessoa com deficiência ter acesso ao conteúdo audiovisual de modo mais completo. No entanto, desde que eu soube da existência da audiodescrição, passei a buscar filmes que contenham o recurso e dificilmente encontro, pois são poucos os que saem com ele das distribuidoras", relata.
foto de Nicole, descrição abaixo
Nicole
Segundo Bianca, a quase inexistente inserção do recurso de audiodescrição nos filmes infantis torna o acesso ao conteúdo, tanto por parte da sua filha, quanto do público infantil, de um modo geral, preocupante. "A Nicole adora assistir filmes com o irmão que não tem a deficiência, mas muitas vezes se recusa porque não consegue entender o contexto da obra devido a falta do recurso na maioria deles. Quando o DVD não tem a audiodescrição eu fico do lado, tentando descrever o que se passa, mas isso nem sempre é possível porque tenho que cuidar das tarefas da casa, e quando isso ocorre ela fica triste, se recusa", conta a mãe.
Linguagem & palavras
Além da escassez de filmes com audiodescrição, Bianca já notou alguns cuidados que devem conter os filmes com o recurso. Um, que considera muito importante, é a contextualização da história antes do início da exibição; uma introdução, para ajudar a criança entender do que trata o enredo do filme. Outro ponto é o cuidado com a linguagem e a escolha das palavras, principalmente para crianças até cinco anos. Segundo Paulo Romeu, responsável pelo Blog da Audiodescrição e militante pela acessibilidade da pessoa com deficiência visual, há diferenças no desenvolvimento da audiodescrição infantil e adulto, começando pela entonação da narração e a elaboração de um roteiro apropriado. "A narração tem de ser mais interpretada, com entonação apropriada ao público infantil. A linguagem precisa ser adequada à faixa etária e o ritmo deve fluir de acordo com o contexto do filme", explica Paulo Romeu.
Atualmente no mercado nacional existem poucos filmes produzidos para o público infantil já com audiodescrição. Um exemplo é o "Smurfs", lançado em agosto de 2011, pela Sony Pictures, com roteiro de audiodescrição da Iguale Comunicação de Acessibilidade. Outros também lançados com este recurso, no Brasil, foram: "A Turma da Mônica", "Muppts", "Tá Chovendo Hambúrguer", "Hotel Transilvânia", "Castelo Ra-tim-bum" e "Matilda". No entanto, o número de filmes comercializados nos formatos DVDs e Blu-rays para a criançada é muito pequeno diante da grande produção de obras cinematográficas lançadas todos os anos, em todo o mundo.
Ainda segundo Paulo Romeu, 90% dos filmes distribuídos no Brasil vêm dos EUA e cerca de 30% deles vêm com audiodescrição, mas não em português, o que os tornam também pouco acessíveis. "O ideal é que venham com a audiodescrição já em Língua Portuguesa", ressalta. 
Bianca pretende engrossar a luta das pessoas com deficiência por seus direitos e um dos temas que faz questão de colocar na pauta é o da audiodescrição nos filmes infantis. "Eu acredito que os novos filmes já deveriam sair de fábrica com a audiodescrição. Ao deixarem de incluí-los, acabam excluindo as demais pessoas com deficiência visual de ter acesso ao conteúdo de suas obras, o que é injusto", opina a mãe da pequena Nicole.
Breve descrição da imagem: Sentada em frente ao computador, a pequena Nicole sorri, segurando em suas mãos uma miniatura da Smurfette, enquanto assiste ao filme Os Smurfs. Sobre o móvel de madeira escura à sua frente, onde está o computador, um notebook preto que tem uma das cenas do filme na tela, estão mais alguns bonequinhos dos Smurfs e a capa do DVD do filme que assiste. Do lado direito desta mobília própria para computadores e lado esquerdo da imagem, atrás da sorridente garota, tem uma cortina bege. Nicole tem a pele clara, olhos e cabelos castanhos, ondulados e longos que se estendem pouco abaixo dos ombros. Usa um enfeite rosa no lado esquerdo do cabelo e uma blusinha rosa de mangas curtas, com detalhes em rosa-choque na frente.

Liliana Liberato
Assessora de Imprensa
www.iguale.com.br

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