HC de Ribeirão faz cirurgias de implante coclear binaural
Hérika Dias, da Assessoria de Imprensa do Campus de Ribeirão Preto
imprensa.rp@usp.br
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No início do segundo semestre, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP realizou duas cirurgias com o implante coclear binaural em pacientes adultos com perda total da audição nas duas orelhas. A técnica chegou este ano ao Brasil e pode ser uma alternativa mais eficiente ao implante unilateral (em apenas uma orelha), além de custar mais barato do que o bilateral (duas orelhas).
Segundo o médico Miguel Angelo Hyppolito, professor do Setor de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, muitos serviços de saúde públicos e centros especializados recomendam o implante coclear unilateral (ao invés do bilateral) devido a questões de não cobertura pelo SUS, pelo custo, possibilidade de preservação da outra orelha para tecnologias futuras, risco adicional de uma segunda cirurgia. “Porém, o implante bilateral melhora a percepção da fala em ambientes ruidosos quando comparado ao unilateral. Além disso, há o ‘efeito sombra’ no unilateral: o som que chega do lado sem implante não chega da mesma forma na orelha com implante”.
A alternativa do implante coclear binaural deve beneficiar os pacientes com a possibilidade de, em um procedimento único, as duas orelhas serem implantadas com menores custos aos serviços de saúde. “Neste tipo de implante um único implante é responsável por promover estimulação em ambas as cócleas [parte interna do ouvido].”
O implante binaural é indicado para as pessoas com mais de 18 anos, com “perda auditiva neurossensorial grave a profunda”; aquela em que se “perde” as células de dentro do ouvido, sem a possibilidade de recuperação. “Neste tipo e grau de perda o aparelho auditivo da pessoa fica normal, mas quando o som tem que ser transmitido para a orelha interna, não existem as células que vão captar esse som e transformá-lo em sinal elétrico para o nervo auditivo”, explica o professor.
Para receber o implante binaural, a pessoa precisa ter perda total da audição nos dois ouvidos ou uma perda que não pode ser resolvida pelos aparelhos auditivos convencionais. O procedimento ainda não é indicado para crianças.
Binaural
O dispositivo do implante binaural corresponde a um único receptor-estimulador conectado a dois feixes de eletrodos, responsáveis por estimular as fibras neurais remanescentes em ambas as cócleas, simultaneamente e sincronicamente. Cada feixe apresenta 12 eletrodos, conectados a um eletrodo terra, totalizando 24 canais ativos de estimulação e velocidade de até 24.000 pulsos por segundo. Um microfone contralateral é conectado ao processador de fala convencional, que analisa separadamente os sinais de entrada originados das duas orelhas, e os envia de forma sincrônica para os eletrodos posicionados nas diferentes cócleas, proporcionando, dessa forma, uma audição binaural.
Funcionamento
“O implante binaural capta o som, que é uma onda mecânica, transforma-o em sinal elétrico e esse estimula os neurônios que ficam dentro do ouvido, os chamados neurônios do gânglio espinhal. São esses neurônios que encaminham para o cérebro a resposta elétrica com os tipos de som, determinados pela frequência”, explica.
A cirurgia para implantar o bianural é semelhante à bilateral, mas é mais rápida. Dura cerca de duas horas. O eletrodo maior fica embaixo do couro cabeludo. São feitas duas incisões, uma em cada orelha para introduzir os eletrodos. “O dispositivo é ligado 30 ou 40 dias após a cirurgia. Não é de imediato que a pessoa começa a ouvir. É preciso esse prazo para que ocorra a cicatrização, diminuição do inchaço e estabilização do aparelho, que é a unidade interna implantada”.
O paciente já começa a perceber os sons com a ativação do implante e progressivamente os estímulos são aumentados para o cérebro ir se adaptando. “A pessoa passa a ouvir os sons muito próximos ao natural”.
O professor informou que o implante binaural passou a ser adotado no Hospital das Clínicas, mas dentro das limitações do SUS. Atualmente, o hospital é autorizado a realizar 40 procedimentos cirúrgicos de implantes auditivos por ano.
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
FONTE:Maishttp://www.usp.br/agen/?p=155618informações: site www.fmrp.usp.br/auditivo
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