O especialista afirma que a desospitalização é uma forma de tornar os hospitais mais eficientes para as pessoas. Como? Os leitos hospitalares são limitados diante do aumento de pacientes com problemas agudos e crônicos, que estão sobrevivendo cada vez mais por conta do avanço tecnológico da medicina – e isso é uma boa notícia. Um tempo de internação longo, no entanto, tem um impacto alto para o sistema de saúde: impede a ocupação de leitos por novos pacientes e congestiona o pronto atendimento, entre outras dificuldades.
O objetivo da desospitalização, claro, não é dar alta ao paciente precocemente. É fornecer todo o suporte para que o tratamento tenha continuidade em casa por meio de iniciativas como o home care, por exemplo. Além da redução do risco de infecção hospitalar, o paciente fica mais próximo de amigos e parentes. A desospitalização promove, ainda, a redução da falta de leitos disponíveis nos serviços de saúde.
O resultado é sempre muito positivo. Alguns hospitais nos Estados Unidos liberam o paciente em um tempo menor em comparação com outras instituições de saúde ou ao que é usualmente praticado e, mesmo sem o suporte do home care, os riscos e as complicações não são maiores do que os registrados por hospitais que mantêm a pessoa mais dias internada.
No Brasil, diversas alternativas são oferecidas aos pacientes e suas famílias para reduzir o tempo de internação, entre as quais, hospitais específicos para tratar pacientes com problemas crônicos; o já conhecido sistema de home care no qual toda a estrutura hospitalar é montada em casa e a pessoa é acompanhada por uma equipe multiprofissional; centros de reabilitação que dão total suporte para quem necessita de um apoio de fisioterapia intensa; instituições de longa permanência para idosos, etc.
Passo a passo
Os grandes hospitais mantêm, atualmente, um serviço permanente de detecção dos pacientes que estão internados, mas clinicamente estáveis. Essas informações são obtidas em uma espécie de censo diário. O hospital, então, entra em contato com os médicos responsáveis por esses pacientes e se a desospitalização for um caminho viável e seguro, abre-se uma conversa com a família e o paciente sobre essa possibilidade de tratamento longe do hospital. Quando a ideia é bem aceita por todos – e existe estrutura domiciliar para isso –, avalia-se qual a melhor alternativa. Apenas depois que toda a estrutura estiver pronta (casa preparada com uma equipe de suporte de atendimento domiciliar, por exemplo) a alta é programada. Ou seja, tudo é feito de maneira responsável para evitar uma nova internação.
A desospitalização é uma das formas de humanizar a recuperação do paciente.
Em geral, a alternativa de se recuperar em casa é muito bem aceita. Costuma-se dizer, aliás, que ela é proporcional ao grau de suporte e estrutura social e familiar do paciente. Se o vínculo com os parentes é forte, se existem carinho e afeto nessa relação, dar continuidade ao tratamento em casa é algo que agrada – e muito – ao paciente. Rodeado por pessoas queridas, em um ambiente familiar, sua evolução pode ser, inclusive, mais rápida.
No Einstein, a política de desospitalização já faz parte da rotina desde 2005, por meio do Serviço de Gerenciamento de Pacientes Crônicos, responsável por detectar os pacientes estáveis, muitas vezes internados há mais de 30 dias. O Einstein tem também alternativas para o planejamento do tratamento longe do hospital. No complexo do Morumbi há uma unidade para pacientes crônicos, responsável por preparar o paciente e a família para a alta. A Unidade Vila Mariana, por sua vez, oferece um Hospital de Crônicos que recebe apenas pacientes estáveis. Há, ainda, o Home Care Einstein e vários outros serviços, como reabilitação e medicina diagnóstica.
Opção segura
Feita com responsabilidade, a desospitalização é muito segura. Isso se verifica no caso da artroplastia de quadril, por exemplo, que vem contabilizando ótimos resultados quando a recuperação é feita em casa. Nesses casos, os principais benefícios são a redução do risco de infecção após a cirurgia e a adequação do processo de reabilitação, que até pouco tempo era feito exclusivamente no hospital. Além disso, para esse tipo de paciente o retorno para casa significa adequar a reabilitação à sua realidade, o que traz mais confiança para que ele retome suas atividades cotidianas num tempo mais curto – quando comparada a reabilitação feita durante a internação hospitalar. Além disso, um grande benefício para quem passou por uma cirurgia ortopédica é estar próximo da família, principalmente no processo inicial da reabilitação, que costuma ser duro, intenso e prolongado. Dessa forma, as pessoas de sua convivência poderão apoiar as conquistas e ajudar nas dificuldades dessa fase. E, até mesmo, aprender a lidar com a condição do paciente.
Na artroplastia de quadril é necessário, literalmente, reaprender a andar com a prótese. Mesmo assim, na prática, o que se percebe é que em casa o paciente se recupera mais rápido e com maior autoconfiança – retoma suas atividades diárias longe do hospital – como tomar banho ou vestir-se sozinho – com uma equipe médica próxima e perto daqueles que ama.
Outros problemas ortopédicos podem se favorecer com essa modalidade de tratamento, como a artroplastia de joelho e a reconstrução de ligamento cruzado anterior do joelho. A desospitalização neste caso é indicada para quem passou por uma cirurgia eletiva (marcada com antecedência e não ocasionada por fratura). Muitas vezes, antes mesmo da cirurgia, o médico já prepara a família e o paciente para a reabilitação e recuperação longe do hospital – o que acontece quando a cirurgia não tem imprevistos.
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