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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

Envelhecer com saúde ainda é desafio

Faltam políticas públicas para o atendimento ao idoso, mas 
Cornélio Procópio e Ibaiti, no Paraná, já fazem diferença.
Fotos: Ricardo Chicarelli
 
Para o geriatra João Batista Lima Filho, de Cornélio Procópio,
o idoso precisa ter à sua disposição ações locais integradas 
que proporcionem dias melhores.
O Brasil está envelhecendo e a expectativa de vida do brasileiro teve uma elevação significativa nos últimos anos. O desafio agora é somar longevidade com qualidade de vida. Alguns municípios do Norte Pioneiro já deram importantes passos nesse sentido, como Cornélio Procópio e Ibaiti, que se destacam no cuidado a essa população.
O município de Cornélio Procópio é reconhecido nacionalmente pelo trabalho desenvolvido no Centro de Excelência à Atenção Geriátrica e Gerontológica (Cegen), que mantém um Centro Dia, onde atua uma equipe multidisciplinar que presta atendimento diário a 30 idosos.
Para o médico geriatra João Batista Lima Filho, coordenador do Cegen e também um dos fundadores da Pastoral da Terceira Idade junto com Zilda Arns e membro do Conselho Nacional do Direito do Idoso, a dificuldade em se criar políticas públicas voltadas aos idosos está no fato de elas serem discutidas de modo fragmentado durante as conferências. ''A pessoa idosa precisa ser vista como um todo. Desde o idoso saudável, que é quem comparece às conferências e reinvindica a criação de centros de convivência, até o idoso frágil e invisível, como os portadores de Alzheimer que permanecem internados ou acompanhados de seus cuidadores'', diz.
Ele argumenta que centros de convivência e academias da terceira idade são ótimas iniciativas, mas atendem apenas o idoso saudável, com faixa etária igual ou inferior aos 70 anos, que pode se locomover e realizar atividades que lhe tragam um envelhecimento com melhor qualidade. ''Essas ações estão prolongando a vida desse público, mas chegará uma hora que ele também se tornará um idoso frágil e invisível e precisará de cuidados paliativos'', afirma.
Lima Filho acrescenta que o idoso precisa ter à sua disposição ações locais integradas, que proporcionem dias melhores para quem vive essa fase da vida. ''O ser humano precisa ser valorizado pelas suas emoções e necessidades específicas para se reabilitar física, social e psicologicamente. Para tanto, precisa ser assistido por profissionais multidisciplinares capacitados, mas isso não acontece na maioria dos municípios paranaenses'', resigna-se.
Prevenção
Do ponto de vista clínico, o geriatra explica que a prevenção é palavra de ordem para um envelhecimento saudável e recomenda o equilíbrio entre o físico, emocional, social, espiritual e familiar para se obter uma boa qualidade de vida. ''A saúde deve ser tratada a partir dos 30 anos, mas dentre os itens citados, ela é o que menos agrava no bem-estar do idoso. Exercícios e uma boa alimentação podem prolongar a vida e minimizar os principais males do envelhecimento, como a ansiedade e a depressão'', diz.
O estilo de vida, a genética, a afetividade e a espiritualidade também são pontos a serem observados. ''Não adianta prolongar a vida se você não der sentido a ela. Quando a pessoa idosa tem uma espiritualidade desenvolvida, independentemente do credo religioso, ela enxerga e dá sentido para a vida e isso é tão ou mais importante do que viver mais'', salienta. Para o especialista envelhecer com limitações não é morrer. ''Nosso papel como profissionais da saúde é fazer com que esse idoso encontre uma perspectiva de suas necessidades'', diz Lima Filho.
De de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro saltou de 30 anos, em 1900, para 77,7 anos, em 2010. Em 2025, ainda conforme o IBGE, estima-se que a população idosa do País ultrapasse 32 milhões de pessoas, deixando o Brasil na 6 posição no ranking de países com maior população de idosos em termos absolutos. No Paraná os números, de acordo com o último censo do IBGE, somam 559.568 idosos. Destes, 55.842 concentram-se no Norte Pioneiro.
Porém, ao contrário de Cornélio Procópio e Ibaiti, na maioria das cidades da região as políticas públicas efetivas voltadas à terceira idade ainda engatinham. O que resta à população com mais de 60 anos são atividades de artesanato, jogos de baralho, bingos, chás e as academias da terceira idade (ATI), disponíveis apenas nos maiores centros.
Texto de Kalinka Amorim - Reportagem Local - 
http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--3460-20120222

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