Evitar a amputação dos membros inferiores provocada pela progressão da neuropatia diabética é um caminho possível desde que se tomem alguns cuidados que incluem a busca do controle da glicemia e da hemoglobina glicada, informa o endocrinologista Domingos Malerbi, especialista na prevenção da neuropatia diabética e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
A neuropatia diabética se desenvolve quando o portador de diabetes, tanto do tipo 1 como do tipo 2, não controla sua glicemia durante muito tempo. Se ele tiver hiperglicemia por períodos de aproximadamente 10 anos, já pode começar a ter o problema. Quanto maior o tempo de convivência com a doença, maior a chance de desenvolver a neuropatia. Mas pacientes bem controlados têm chance menor de ter a doença e, se isso ocorrer, a probabilidade é de que comecem a surgir os sintomas cerca de 30 anos depois de deflagrado o diabetes, informa Malerbi.
A neuropatia, que atinge os membros inferiores causando insensibilidade à dor e ao calor, é a mais frequente das consequências do diabetes mal controlado e é a primeira das sequelas a incomodar o diabético, ocorrendo normalmente antes da retinopatia diabética e da nefropatia. No diabético tipo 2, os problemas nos membros inferiores podem ser provocados também por complicações nos vasos sanguíneos, que causam infarto e derrame e são mais uma consequência da idade do que do tempo de convivência com a doença, além de estarem associados ao aumento de colesterol e de triglicérides.
Os primeiros sintomas da neuropatia estão relacionados à modificação da sensibilidade nas extremidades. São os formigamentos e a sensação desagradável pelo toque dos lencóis nos pés. A pessoa sente dores sem motivo, ferroadas nos pés, queimação e tem a sensação de estar usando meias apertadas mesmo quando está sem elas. A insensibilidade total mostra que o nervo já está morto, explica Malerbi.
É comum que o diabético após um ou dois anos com a doença já sofra alguma alteração sem ter percepção do problema. Em cerca de 10% dos casos só se diagnostica o diabetes quando o médico constata essas alterações neurológicas.
Nos estágios iniciais da neuropatia é possível haver uma reversão do quadro desde que o paciente aprimore o controle de sua glicemia e consiga apresentar resultados mais adequados em sua hemoglobina glicosilada. Há medicamentos que podem melhorar a nutrição do nervo, como agentes antioxidantes que agem sobre a microcirculação do mesmo. Se o nervo já estiver lesado, explica o endocrinologista, a reversão é difícil e o que se consegue é estabilizar a doença, evitando-se que sua progressão leve à necessidade de amputação.
Fonte : " Diabetes Nós Cuidamos "
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