Morador despreza área de lazer de condomínios
Pesquisa mostra que, quanto maior o poder aquisitivo, menor o uso de espaçosPiscinas com raia, salas de cinema, SPA com banheiras de ofurô, quadras de squash, áreas gourmet.
Estes são apenas alguns dos itens de lazer coletivo oferecidos pelo mercado para os condomínios
verticalizados voltados para a população de maior poder aquisitivo. Mas será que seus moradores
usufruem de todos esses espaços e equipamentos? Uma pesquisa apresentada no Programa de
Pós-Graduação de Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo (FEC) revelou que a maioria das famílias não faz uso dos espaços comuns para lazer.
O estudo de caso foi feito em três condomínios, localizados na área central de Guarulhos na Região
Metropolitana de São Paulo, e seus resultados apontaram que, quanto maior a renda dos moradores,
menor é o seu uso, embora seja exatamente onde os espaços livres de uso comum sejam amplos e
diversificados.
“Os espaços coletivos mais utilizados são piscina e salão de festas. No entanto, a tendência atual
nos grandes centros urbanos é oferecer um número grande de espaços livres e equipamentos para
uso coletivo, em detrimento da área útil dos apartamentos. Acredito que as decisões de projeto
para esses ambientes devam contribuir para a qualidade de vida dos moradores em plenitude”,
afirma a arquiteta Gislaine Cristina Villela Araújo, que apresentou dissertação de mestrado sob
orientação do professor Francisco Borges Filho e da professora Silvia Mikami Pina. Para Gislaine
Araújo, a falta de tempo e o envolvimento com várias atividades podem ser causas para que as
famílias não façam uso frequente desstes espaços. “Há também a opção por menor número de filhos
e o envolvimento grande com o trabalho”, acredita.
Ainda que não utilizem frequentemente e o custo para a manutenção destes ambientes seja alto,
os moradores afirmaram que o fato de existir os espaços comuns valoriza o imóvel. “Eles têm
consciência de que os valores e benefícios implicam diretamente no montante de venda ou locação do
apartamento e, por isso, acreditam que vale a pena ter uma área comum, ainda que obsoleta”,
esclarece Gislaine.
Por outro lado, o estudo mostrou que as famílias de menor renda em que o número e metragem
dos espaços coletivos eram mais reduzidos, fazem uso mais intenso e frequente das áreas comuns e
gostariam que o condomínio oferecesse um maior número de espaços livres e equipamentos
de lazer por acreditarem ser importante para a qualidade de vida e facilitar o convívio com
os vizinhos. Infelizmente, são os locais de pior qualidade e de área e atividades reduzidas.
A pesquisa realizada por Gislaine Araújo contemplou as respostas de um questionário de 64
famílias que residiam nos três condomínios estudados. A amostragem foi dividida em casos 1, 2 e 3,
ou seja, de acordo com a faixa salarial dos moradores de cada condomínio. No caso 1 e 3, a renda
correspondia entre R$ 3 mil e 6 mil e, no caso 2, a renda dos moradores, em sua maioria, era
superior a R$ 6 mil.
Além do questionário, a arquiteta também colheu depoimentos pessoais por meio de entrevistas
e fez o levantamento e análise das plantas e documentação do condomínio. “Os resultados
indicam que há programas e apropriações distintas dos ambientes comuns, de acordo com a
faixa econômica dos moradores”, explica. Segundo Gislaine, as análises apontam ainda que as
tendências de programas de necessidades e configurações espaciais de acordo com a intensidade,
diversidade de público e da satisfação pelos moradores devem ser considerados em futuros projetos
habitacionais com espaços livres comuns.
Publicação
Dissertação: “Espaços livres e coletivos em condomínios habitacionais verticalizados: o caso de
Guarulhos -SP”
Autora: Gislaine Cristina Villela Araujo
Orientador: Francisco Borges Filho
Coorientadora: Silvia Mikami G. Pina
Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)
FONTE: http://www.unicamp.br/unicamp/ju/553/morador-despreza-area-de-lazer-de-condominios
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