Ceensp reuniu pesquisadores que atuam no campo da tuberculose (TB) para debater nova tecnologia de diagnóstico da TB
28/02/2013
O primeiro encontro do Centro de Estudos da ENSP em 2013, realizado em 27/2, reuniu pesquisadores que atuam no campo da tuberculose (TB). O tema foi uma nova tecnologia de detecção mais rápida da doença, que será implantada no Sistema Único de Saúde. Com o nome de GeneXpert, a tecnologia é capaz de diagnosticar a TB em duas horas e com risco mínimo de contaminação, uma vez que a análise é totalmente automatizada. Além disso, o teste identifica, de forma mais rápida e precisa, resistência ou não à rifampicina, antibiótico usado no tratamento da tuberculose, o que facilita a prescrição mais ágil e correta do tratamento da doença. Confira na Biblioteca Multimídia da ENSP as apresentações e o áudio do evento.
Para debater o tema estiveram presentes Fernanda Dockhorn Costa, médica infectologista do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde (PNCT/MS); Maria Claudia da Silva Vater, professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Betina Durovni, superintendente da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ); e Fátima Cristina Fandinho Montes, chefe do Laboratório de Referência Nacional em Tuberculose e Outras Micobactérias, do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP). A atividade foi coordenada por Gisele O’Dwyer e Jesus Pais Ramos, coordenadores de Ensino e Pesquisa do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP e do CRPHF, respectivamente. O mediador da sessão foi o chefe do CRPHF, Miguel Aiub Hijjar.
Na abertura da atividade, Fátima Cristina Fandinho Montes apresentou a abordagem do método da tecnologia GeneXpert. Segundo ela, há muito tempo, procuram-se métodos mais rápidos de diagnóstico da doença, em confronto com o método comumente utilizado, chamado diagnóstico laboratorial. “Neste, o diagnóstico da tuberculose ativa é feito por exame de escarro, ou seja, a baciloscopia do escarro, que não é capaz de identificar a resistência à rifampicina, utilizada para o tratamento da tuberculose. O GeneXpert, por sua vez, é capaz de identificar a resistência a esse fármaco. A perspectiva é que também identifique outros, pois foi desenvolvido para outros agravos, não somente a TB, como marcadores oncológicos, por exemplo”, explicou.
Em seguida, Betina Durovni, da SMS-RJ, apresentou o Estudo-piloto de implementação do GeneXpert para o diagnóstico da tuberculose pulmonar em dois municípios no
Brasil, realizado no Rio de Janeiro e em Manaus. Segundo Betina, a inovação no tratamento da TB é fundamental para diminuir o número de casos. O objetivo do estudo foi estimar, em condições de rotina de unidades públicas de saúde de dois municípios do Brasil, o impacto da implementação do teste Xpert na detecção de casos de TB pulmonar e na detecção de tuberculose multirresistente. Os resultados preliminares – as análises foram realizadas no período de fevereiro a outubro de 2012 – apontaram que o uso da tecnologia aumentou em 34% a detecção de casos de TB nas condições de rotina, em comparação com a baciloscopia de escarro.
Em seguida, a professora da UFRJ Maria Claudia da Silva Vater falou sobre a pesquisa O problema da mediação dos custos de tecnologias de diagnóstico de tuberculose pulmonar. De acordo com ela, “a principal premissa é o que deve ser considerado como custo para a realização de um diagnóstico de TB. O objetivo da pesquisa foi avaliar o
processo inteiro, não apenas tecnologia em si”.
Ela destacou três fatores que podem influenciar o valor total dos componentes de custo: os métodos de custeios; a estrutura de aprovação e direcionadores de custo; e a origem dos preços dos recursos empregados na composição dos custos. Por fim, Fernanda Dockhorn Costa, médica infectologista do PNCT/MS, apresentou a proposta de avaliação para implementação da tecnologia GeneXpert no Sistema Único de Saúde. A médica alertou para o grave problema de saúde pública que a tuberculose hoje representa no Brasil.
Segundo dados do PNCT, em 2011, foram notificados 74 mil novos casos de tuberculose no país. Em 2010, o número de mortes chegou a 4.600, e foram diagnosticados 642 novos casos de tuberculose multirresistente. Para Fernanda, o uso da tecnologia no SUS será capaz de diminuir significativamente o número de casos da doença, visto que, quanto mais rápido é o diagnóstico da tuberculose, mais rápida também é a cura e menor é o risco de sequela no paciente e de disseminação da doença. “Atualmente, o Brasil é o quarto país no mundo que mais utiliza essa tecnologia”, afirmou.
Também participaram do seminário ativistas TB/HIV: Carlos Basilia, Observatório Tuberculose Brasil; Roberto Pereira, Fórum ONGs TB RJ; Ézio Távora, Rede TB; Michael Gorman, representando a Vice Presidente da Frente Parlamentar de Tuberculose, Dep. Benedita da Silva e lideranças da Rede de Comunidades Saudáveis.
Agência Fiocruz de Notícias
FONTE: CARLOS BASILIA - Fórum ONGs Tuberculose RJ
Observatório Tuberculose Brasil
Instituto Brasileiro de Inovações em saúde Social - IBISS
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