Bananas: para vender e transformar vidas
Danielle Kiffer
Fotos: Alex Ramos/ Divulgação
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Moradores de Rio Bonito aprendem a produzir banana-passa |
Abundante no Brasil, a banana – que, dizem, engorda e faz crescer – já foi até tema de música cantada por Carmen Miranda. Em Rio Bonito, ela está se tornando uma fonte alternativa de sustento e uma opção ecologicamente correta. Com subsídios do edital Apoio ao Desenvolvimento de Modelos de Inovação Tecnológica Social, da FAPERJ, famílias carentes da região estão recebendo maquinário e estrutura para explorar comercialmente a fruta. Com o projeto, coordenado pelo empreendedor Marcello Silveira Vieira, um galpão, que antes era utilizado para o armazenamento de carvão, foi completamente reformado e equipado com máquinas para a produção de bananas chips, farinha de banana verde e compotas do doce. “Assim, as famílias locais terão uma nova fonte de renda e não precisarão recorrer à prática ilegal da extração de madeira para a produção de carvão”, explica Vieira.
Fartas na região, as bananas são adquiridas a 20 centavos o quilo. Como matéria-prima, se tornam o ponto de partida para uma nova atividade na região. “A partir delas, famílias de baixa renda podem preparar produtos de apelo comercial, como as bananas chips, deliciosas e que fazem o maior sucesso”, prossegue Vieira.
Empresários locais doaram parte do material de construção e a sede da agroindústria, em Braçanã, distrito de Rio Bonito, foi construída em regime de mutirão. Além da obra, foram adquiridas uma desidratadora, um moinho, um fogão industrial, uma fritadeira e uma balança digital. O galpão, inteiramente reconstruído, pertence a uma das famílias dedicada à produção de carvão. Em vez da prática ilegal, agora essa família, assim como outros moradores da região, passou por curso promovido pela Empresa de Assistência e Extensão Rural (Emater-RJ) para o aprendizado da nova atividade. Durante dois dias e meio, eles aprenderam noções sobre o que é agroindústria, qual a sua finalidade, que tipo de produtos, com ênfase na banana, podem ser criados para gerar renda, práticas de higiene, fabricação, manejo para a produção industrial, como embalar os produtos e dados sobre prazo de validade.
Da banana, nada se perde: verde, tanto pode ser empregada para a fabricação de farinha quanto para produzir banana chips, salgadas, semelhantes a batatas fritas; quando já está madura, pode ser transformada em banana-passa. O processo começa com a seleção das bananas, que passam por uma descontaminação com cloro, em seguida são descascadas. Dependendo do objetivo final, elas podem ser fatiadas e fritas, no caso dos chips, ou secas no desidratador até ficarem crocantes, e trituradas em moinho até virarem pó. Em ambos os casos, o produto passa por uma pesagem em balança digital para assegurar o peso correto na embalagem. “A farinha de banana verde é um alimento funcional, conhecido por suas propriedades na prevenção do diabetes e na constipação. Pode ser usada em bolos, vitaminas e outras receitas”, diz.
As bananas chips são uma alternativa de produção comercial da banana, que tem gerado renda para famílias carentes de Rio Bonito |
A produção inicial, que por enquanto se limita à produção de chips, ainda é artesanal, mas vem tendo uma ótima aceitação no mercado regional. "Com a chegada de parte do equipamento que ainda falta, prevista para março, esperamos que a produção já alcance os 200 kg/hora ou 1 tonelada de banana chips por dia, em jornadas de cinco horas, que é a capacidade estimada das máquinas.” Com a geração dessa fonte de renda, resultante da implantação da agroindústria, os ex-carvoeiros poderão retomar o plantio da banana. “Em torno dela estão sendo desenvolvidos outros projetos agroindustriais e de turismo rural, que contam com o apoio de empresas locais, da Petrobrás e da prefeitura do município de Rio Bonito”, acrescenta.
Mas os objetivos do projeto vão além. "Esperamos que o pessoal da comunidade se organize e forme uma cooperativa; quanto maior o número de pessoas trabalhando, maior será a produção. Estimamos que, quando o maquinário chegar e tudo estiver pronto, a renda dessas pessoas poderá subir em até 70%”, afirma.
O resultado ainda é tímido, mas Vieira e os moradores da região estão animados. “A continuidade do projeto e sua expansão para um maior número de famílias ainda depende de apoio financeiro. Nossa ideia é também ampliar para doces de frutas, como goiaba, laranja e banana passa. Iniciativas como essa são importantes para amenizar o desemprego estrutural da região.”
FONTE: http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=8816
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