Por fazerem exames preventivos, muitos não acreditam podem adoecer de novo.
Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) observou pacientes que já tiveram câncer para saber se eles percebem ou reconhecem seu risco de terem a doença novamente e saber se eles fazem os exames adequados. A autora do estudo de mestrado, Larissa de Melo Alvarenga, concluiu que a maioria deles julga-se livre do risco de uma reincidência. A pesquisa Percepção de risco e comportamento em saúde de usuários com história pessoal de neoplasias em uma unidade de saúde da família faz parte de uma série de estudos que serão realizados pelo grupo de pesquisa GEPEG (Grupo de Estudos e Pesquisas de Enfermagem em Genômica), da própria escola. A orientação foi da professora Milena Flória-Santos, da EERP.
O estudo contou com respostas de 23 pacientes de uma Unidade de Saúde da Família de Ribeirão Preto. Eram, em sua maioria, mulheres com mais de 60 anos. O questionário utilizado, adaptado de um modelo norte-americano, recolheu informações importantes sobre o estilo de vida dos pacientes que permitiram observar que eles acreditavam ter baixa probabilidade de adoecer de novo pelo fato de fazerem um acompanhamento médico rotineiro. Isto é, os pacientes monitoravam sua saúde, e por fazerem isso, achavam que a doença não podia reaparecer.
Quando questionados sobre o que acham que causou a sua doença, a maioria dos entrevistados não soube responder um fato principal, mas deram grande valor aos fatores emocionais. Fatores externos, tais como álcool, cigarro e sol, também foram listados como possíveis causadores das chamadas neoplasias, enquanto a alimentação não é associada ao câncer por eles.
Outro resultado interessante da pesquisa era de que a maioria das pessoas considerava que não tinha informações suficientes a respeito do câncer, mas mesmo assim não queria aprender mais sobre ele, por lembrarem do período em que a doença atacou como uma época extremamente traumática em suas vidas, evitando, portanto, qualquer coisa que possa vir a lembrá-la. Larissa conta que este fato foi uma surpresa pra ela, que acreditava que a população ia ter interesse em se prevenir, especialmente porque já tiveram câncer em algum momento. Ao mesmo tempo, ela confirmou que os aspectos emocionais são tidos pelos pacientes como um dos fatores que levam ao aparecimento da doença, como algumas pesquisas já comprovam.
A enfermeira acredita que o perfil do público analisado não interferiu no resultado a respeito da percepção do risco. Ela destaca, entretanto, que a estrutura do serviço de saúde do município pode ter influenciado. “Em Ribeirão Preto, a cobertura da estratégia de Saúde da Família é de 11%, muito pouco. Existem cidades em que esse número chega a 90%. Nestes lugares com abrangência maior, acredito que os resultados sejam diferentes dos que obtivemos”.
Cuidado básico
A autora da pesquisa espera que seu estudo mostre a necessidade de conhecer a forma como os usuários atendidos percebem seu risco para câncer e a que atribuem as causas da sua doença, para melhorar as estratégias de diagnóstico precoce, prevenção e promoção da saúde.
A autora da pesquisa espera que seu estudo mostre a necessidade de conhecer a forma como os usuários atendidos percebem seu risco para câncer e a que atribuem as causas da sua doença, para melhorar as estratégias de diagnóstico precoce, prevenção e promoção da saúde.
Ela acredita ser necessário conscientizar os profissionais da atenção primária (os primeiros com quem um paciente tem contato quando busca cuidar de sua saúde) a, por exemplo, utilizar o seu histórico familiar. É uma ação barata é útil. Este histórico pode facilitar uma série de diagnósticos e ajudar no tratamento de várias doenças, onde o câncer está incluso. Mas nem sempre ele é devidamente coletado e há muitos prontuários incompletos ou precários.
Larissa voltou à Unidade em que realizou sua pesquisa para contar os resultados encontrados aos profissionais de lá. Ela observou que após esse evento, alguns médicos e enfermeiros já mudaram suas atitudes, passando a dedicar mais atenção a estes detalhes.
Assim, a pesquisadora acredita que seu estudo pode alertar profissionais da atenção primária a atender a esses pacientes e a terem cuidado com as anotações nos prontuários, principalmente com o histórico familiar. Além disso, ela espera ver mudanças nas políticas públicas de saúde, para que isso seja devidamente realizado. Mais informações: (16) 9193 8463; lara_alvarenga@hotmail.com
(Fonte: Texto de Mariana Soares - http://www.usp.br/agen/?p=67990)
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