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domingo, 10 de fevereiro de 2013

OBESIDADE: EPIDEMIA BRASILEIRA


Brasil vive epidemia de obesidade

Dieta inadequada e sedentarismo são as principais causas do problema que já atinge 16% da população entre 5 e 9 anos, conforme os últimos dados do IBGE; na mesma faixa etária, mais de 30% apresentam excesso de peso
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O hábito de comer "porcarias" fica mais nocivo na frente da televisão, já que as crianças deixam de entender o que estão ingerindo
 
Achocolatados de caixinha com bolacha recheada no café da manhã. No almoço, batata frita, nuggets industrializados, comida pronta congelada. Na lancheira da escola, salgadinhos de pacote, mais bolacha, nectar de frutas em embalagem tetrapak. No jantar, pizza ou fast-food com refrigerante. 

Alimentos ricos em açúcar e gordura, mas pobres em nutrientes, que só eram oferecidos em dia de festa para crianças de uma ou duas gerações anteriores hoje fazem parte da rotina alimentar de grande parte dos meninos e meninas das mais diferentes regiões do Brasil. Andar a pé ou brincar na rua também não estão entre os costumes da infância do século 21, movida a televisão, videogame e interação por redes sociais. 

O resultado de mudanças tão intensas nos hábitos da população se expressa em estatísticas que apontam uma epidemia de obesidade desde a mais tenra idade. Conforme dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca (IBGE), realizada entre 2008 e 2009, 34,8% dos meninos e 32% das meninas de 5 a 9 anos apresentam excesso de peso. Outro índice alarmante é referente à obesidade, que atinge 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas da mesma faixa etária. 

Pesquisas anteriores constataram que em 1975 apenas 10,9% e 8,6% das populações feminina e masculina de 5 a 9 anos, respectivamente, apresentavam excesso de peso. Em 1989, os índices eram de 15% e 11,9%. As consequências deste cenário já aparecem nos consultórios dos pediatras. Especialistas ouvidas pela FOLHA relatam que é cada vez mais frequente o diagnóstico de pequenos pacientes com doenças típicas de adultos, como colesterol alto, hipertensão e diabetes tipo 2, que resultam principalmente do estilo de vida inadequado. 

''A prevalência da obesidade mundial aumentou em todas as idades e em todos os lugares'', afirma a endocrinologista Patrícia Medici Dualib, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 
Segundo ela, a principal causa dessa epidemia é o fácil acesso à alimentação não saudável, que inclui biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerante e fast-food. ''Tem gente que só se alimenta destas coisas'', alerta, lembrando que o hábito fica ainda mais nocivo porque as ''porcarias'' são normalmente consumidas na frente da televisão. ''As crianças deixam de entender o que estão comendo'', diz. 
Sedentarismo, estimulado pelo medo da violência urbana, é outra causa do problema. ''Também falta estímulo à alimentação saudável nas escolas'', critica ela, para quem a tendência é que os índices de excesso de peso se agravem. 
Patrícia acrescenta que, além das doenças metabólicas precoces, o excesso de peso pode interferir na qualidade de vida das crianças através de doenças articulares, que provocam dores, e apneia do sono, que interfere na qualidade de sono deixando os adolescentes em ritmo mais lento. ''Também podem ocorrer transtornos alimentares como bulimia e anorexia'', ressalta. 
Ela defende, ainda, que a sociedade precisa se organizar para cobrar mudanças no rótulo dos alimentos, com alerta sobre ingredientes não saudáveis presentes na composição de cada produto. 
No final do ano passado, o lançamento do documentário ''Muito Além do Peso'', da diretora e roteirista Estela Renner, trouxe à tona a discussão sobre a epidemia de obesidade infantil que assola o Brasil. Através das histórias de crianças com excesso de peso em todas as regiões do País, ela mostrou que o problema extrapola a geografia e as condições financeiras das famílias. 
Serviço:O documentário ''Muito Além do Peso'' está disponível no site www.muitoalemdopeso.com.br
FONTE: http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1133-20130210

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