Ao contrário da crença popular, o dispositivo intrauterino (DIU) realmente pode proteger as mulheres contra o desenvolvimento do câncer cervical, embora ele não interrompa a infecção que normalmente leva à doença, segundo resultados de um estudo internacional.
Embora o DIU não possa ser recomendado como forma de prevenção do câncer do colo do útero, a pesquisa mostra que sua utilização não acarreta risco adicional da doença.
Pesquisadores espanhóis que estudaram 20 mil mulheres observaram que aquelas com um histórico de uso de (DIU) não eram menos suscetíveis do que as mulheres que não contraíram o papiloma vírus humano (HPV), que causa câncer cervical, mas que elas tinham apenas cerca de metade do risco de desenvolver o câncer em si.
Os cientistas acreditam que uma das possíveis explicações para o efeito protetor do DIU é o fato de que a inserção ou remoção do contraceptivo destrua células pré-cancerosas, ou cause algum tipo de inflamação que provoca uma resposta imunológica duradoura e evita a progressão do HPV.
“Foi um pouco inesperado”, disse Xavier Castellsague, do programa de pesquisa sobre o câncer epidemiológico do Hospital Llobregat, na Catalunha. ”Os dados disponíveis antes de realizarmos este estudo eram muito inconsistentes, de modo que não esperávamos encontrar uma associação tão forte com este efeito protetor.”
O câncer do colo do útero é o segundo câncer mais comum em mulheres em todo o mundo, com cerca de 500 mil novos casos e 250 mil mortes por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde. Praticamente todos os casos estão ligados à infecção genital por HPV, a infecção viral do trato reprodutivo mais comum.
As empresas farmacêuticas Merck e GlaxoSmithKline possuem vacinas que protegem contra o HPV e muitos países ricos e alguns em desenvolvimento já começaram programas nacionais de imunização para evitar mais casos de câncer cervical.
Estudos anteriores demonstraram que o uso de DIU pode proteger as mulheres contra o câncer de endométrio, mas até agora não estava claro se eles também poderiam ter um efeito sobre o risco de câncer cervical.
A equipe de Castellsague, cujo estudo foi publicado na revista Lancet Oncology, analisou dados de 10 estudos de controle de câncer cervical realizados em oito países e 16 estudos de prevalência do HPV em mulheres de quatro continentes. Os resultados foram ajustados para o número de parceiros sexuais e outros fatores.
Os resultados mostraram que o uso do DIU não afetou o risco de infecção pelo HPV, mas estava ligado a um risco significativamente menor de câncer de colo para ambos os tipos principais da doença - redução da probabilidade de desenvolvimento de carcinoma de células escamosas em 44% e adenocarcinoma ou carcinoma adenoescamoso em 54%.
O período de tempo que as mulheres usaram o DIU não alterou significativamente o risco, disseram os pesquisadores. Eles observaram que o risco foi reduzido quase pela metade no primeiro ano de uso e o efeito protetor permaneceu significativo mesmo após 10 anos.
“DIUs não são dispositivos inertes”, disse Castellsague. ”Nossa hipótese é que eles agem como um corpo estranho e estimulam alterações inflamatórias que impedem que a infecção pelo HPV persista e progrida para estágios mais avançados.”
(Reportagem de Kate Kelland)
Fonte: Reuters
(http://revistaonco.com.br/noticias/diu-diminui-quase-pela-metade-risco-de-cancer-de-colo-do-utero/)
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