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sábado, 3 de novembro de 2012

DEGENERAÇÃO MACULAR ÚMIDA


Milhões de pessoas com degeneração macular "úmida" usam uma classe de medicamentos conhecida como anti-VEGF.
Mas agora cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps (EUA) descobriram que uma redução drástica da atividade VEGF pode fazer mais mal do que bem.
A degeneração macular úmida - também chamada de "molhada" ou "exudativa" - causa uma diminuição da visão bem mais acentuada do que outras formas da doença.
Nesta condição, vasos sanguíneos anormais crescem abaixo da retina, produzindo vazamento de fluidos ou hemorragias, o que resulta na distorção ou embaçamento súbitos da visão.
Crescimento de vasos sanguíneos
Os pesquisadores deletaram o gene para o fator de crescimento VEGF dos vasos sanguíneos, que tem sido implicado na estimulação do crescimento anormal de vasos sanguíneos em uma grande gama de cânceres e de doenças oculares.
Os resultados mostraram que, sem o VEGF, um grande subconjunto de células fotossensíveis perdeu seu principal suprimento sanguíneo e morreu, causando perda de visão severa.
"Está se tornando claro que o VEGF tem uma função fundamental na manutenção da saúde da retina, e precisamos preservar essa função crítica quando tratamos condições relacionadas ao VEGF," disse o professor Martin Friedlander, autor sênior do novo estudo, que será publicado na edição de novembro do Journal of Clinical Investigation.
VEGF - fator de crescimento endotelial vascular
O VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) tem sido um alvo importante para o desenvolvimento de novos medicamentos.
Tumores frequentemente apresentam uma superprodução de VEGF para estimular o crescimento dos vasos sanguíneos locais e, assim, manter seus processos de divisão celular acelerados bem abastecidos com oxigênio e nutrientes.
Condições de baixa oxigenação nos olhos de idosos ou diabéticos também podem desencadear a superprodução de VEGF, o que resulta em um crescimento de vasos sanguíneos anormais na retina, que vazam e destroem a visão.
Vários medicamentos anti-VEGF (como Lucentis® (ranibizumabe), Macugen® (pegaptanib), Eylea® (aflibercept) e Avastin® (bevacizumab)) já estão em uso, e dezenas de outros estão em testes clínicos contra o câncer e doenças oculares comuns, como a degeneração macular úmida.
Função do VEGF
Toshihide Kurihara e Peter Westenskow, orientados pelo professor Friedlander, descobriram uma maneira de apagar o principal gene VEGF em cobaias depois de os animais chegarem à idade adulta.
Para determinar o papel do VEGF na retina, eles limitaram a deleção do gene às células do epitélio pigmentar da retina, que alimentam e reparam a retina e são uma importante fonte de VEGF.
O resultado sugere que o VEGF tem uma função crucial na retina adulta.
Células-cone sensíveis à luz que ficam nas proximidades, que são especializadas na detecção de cores e detalhes finos nas imagens, também perderam rapidamente sua função, causando perda de visão acentuada nos camundongos.
Sete meses após o desligamento do gene VEGF, o dano à retina e a perda de visão ainda eram evidentes. "A deterioração parece irreversível se o VEGF não estiver presente," disse Westenskow.
Medicamentos anti-VEGF
Se tais efeitos colaterais estão acontecendo com os atuais tratamentos anti-VEGF é algo que não está claro.
Embora essas avaliações sejam possíveis, elas foram consideradas proibitivamente caras e invasivas.
Friedlander, no entanto, agora acredita que tais estudos são necessários e planeja realizar tais avaliações em pacientes com transtornos oculares - que normalmente recebem injeções diretas de drogas anti-VEGF para os seus olhos - para determinar se as drogas estão causando estes efeitos colaterais adversos.
Ele observa que as avaliações podem ser particularmente necessárias para uma nova classe de drogas anti-VEGF recentemente aprovadas para uso no tratamento de degeneração macular relacionada à idade, que são muito mais potentes e persistentes do que os agentes anti-VEGF anteriores.
Alternativas de tratamento
Felizmente, drogas anti-VEGF não são a única estratégia possível para o tratamento do crescimento patológico de vasos sanguíneos, como o novo estudo deixa claro.
Tumores e doenças oculares relacionados ao VEGF também envolvem a superprodução de proteínas sinalizadoras de baixo oxigênio, conhecidas como HIFs.
A equipe descobriu que deletar os genes para essas HIFs nas células da retina impede em grande parte o crescimento excessivo dos vasos sanguíneos em uma cobaia-modelo, sem afetar a produção normal do VEGF retinal ou causar danos aos olhos.
"À luz destas novas descobertas, é possível vislumbrar outras estratégias para o tratamento destas doenças oculares," disse Friedlander. "É concebível que um tratamento anti-HIF também possa ser combinado com um tratamento anti-VEGF, permitindo que a dose deste último seja reduzida de forma significativa."

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