Estatina associada a exercícios físicos reduz em até 70% o risco de mortalidade.
Segundo novo estudo, medicamento sozinho também diminui essas chances, mas a combinação dos dois hábitos surte efeitos melhores em pessoas com colesterol alto.
Estatina: Aliar medicamento à atividade física melhora os efeitos positivos do tratamento (Thinkstock)
Um novo estudo americano concluiu que aliar o uso de estatina, medicamento que controla os níveis de colesterol no sangue, à prática regular de atividade física pode reduzir em até 70% o risco de morte em um período de dez anos entre pessoas com colesterol alto. A pesquisa mostrou que cada um desses dois hábitos, se seguidos individualmente, também surte esse benefício, mas que o efeito positivo é muito maior se eles forem combinados. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira na revista médica The Lancet.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Interactive effects of fitness and statin treatment on mortality risk in veterans with dyslipidaemia: a cohort studyOnde foi divulgada: revista The LancetQuem fez: Peter F Kokkinos, Charles Faselis, Demosthenes Panagiotakos e Michael DoumasInstituição: Centro Médico Veterans Affairs, Universidade Georgetown, Universidade George Washington e Universidade Stanford, todas nos Estados UnidosDados de amostragem: 10.043 pessoas com idade media de 59 anos e com colesterol altoResultado: Aliar o uso de estatina à prática de atividades físicas é melhor do que seguir algum desses hábitos individualmente para reduzir o risco de morte em 10 anos entre pessoas com colesterol alto.
Participaram do estudo 10.043 pessoas com uma idade média de 59 anos que tinham problemas de colesterol alto. Elas foram acompanhadas ao longo de dez anos. Nesse período, 2.318 indivíduos morreram, uma taxa de 22 mortes por 1.000 pessoas ao ano.
Segundo a pesquisa, a taxa de mortalidade entre os participantes que usaram a estatina foi 35% menor do que a daqueles que não faziam uso do medicamento. Além disso, quanto melhor era o condicionamento físico de um indivíduo, menor sua chance de morrer em um período de dez anos. De acordo com os resultados, participantes que tomavam estatina e que tinham melhor condicionamento físico tiveram um risco até 70% menor do que aqueles com pior condicionamento, mas que também faziam uso do medicamento.
De acordo com Peter Kokkinos, coordenador do estudo, a melhora do condicionamento físico pode ser obtida com atividades de carga moderada, como com 30 minutos de caminhada rápida ao dia, por exemplo. Além disso, ele afirma que os exercícios, por serem tão benéficos quanto as estatinas para a redução do risco de morte, são opções ideais a pacientes que não podem fazer uso do medicamento devido aos seus efeitos colaterais.
O coordenador da pesquisa, porém, reforça que a mensagem do estudo não é incentivar as pessoas a deixarem de fazer uso de estatinas. O remédio, ele explica, é essencial para reduzir eventos cardiovasculares, efeito que foi comprovado por uma série de trabalhos. Segundo Kokkinos, o que seus resultados reforçam é a importância da prática regular de atividades físicas e a eficácia da estatina.
Discussão — A estatina já foi associada por diversos estudos a uma série de benefícios, entre eles a redução do crescimento da próstata — quadro que pode indicar presença de um tumor e de outros problemas benignos — em homens com predisposição à doença e a diminuição do risco de pancreatite, um processo inflamatório que ocorre no pâncreas. Uma pesquisa recente também mostrou que a droga é capaz de reduzir as chances de morte por câncer em até 15%.
Porém, nem todas as pesquisas apontaram para efeitos positivos do medicamento, e alguns trabalhos revelaram que a droga pode elevar as chances de um indivíduo desenvolver diabetes. Ainda assim, um artigo divulgado em agosto também pela revista The Lancet considerou que os benefícios do remédio à saúde cardiovascular compensam o risco dos efeitos negativos.
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