Por Ana Claudia Cichon em 14.05.2013 as 23:48
A atriz Angelina Jolie anunciou, em artigo publicado no jornal The New York Times desta terça-feira , 14, que passou por uma mastectomia dupla (retirada dos dois seios), para tentar prevenir o desenvolvimento de câncer de mama.
A atriz contou que, após exames, os médicos haviam estimado que ela possuía 87% de chances de desenvolver câncer de mama e 50% de risco de câncer de ovário. A mãe de Jolie morreu em 2007, aos 56 anos, em decorrência de câncer no ovário, o que aumentou sua preocupação com a doença. “Apenas uma fração de mama é resultado de uma mutação genética herdada. Aqueles com um defeito no gene BRCA1 têm 65% de risco de desenvolvê-lo, em média. Uma vez que eu sabia que esta era a minha realidade, eu decidi ser proativa e minimizar o risco, dentro do possível. Eu tomei uma decisão e então fiz a dupla mastectomia preventiva”.
Ela comentou que a decisão teve muita influência dos filhos, “pois queria poder dizer a eles que não precisam ter medo de me perder”. “Muitas vezes falamos da ‘mamãe da mamãe’, e eu me vejo tentando explicar a doença que a levou para longe de nós. Eles perguntaram se o mesmo poderia acontecer comigo”, escreveu Jolie, de 37 anos.
O marido de Jolie, Brad Pitt, afirma que atitude de sua esposa foi um ato de heroísmo. “Agradeço a equipe médica por todos os cuidados. Tudo que eu quero é para que ela tenha uma vida longa e saudável, comigo e com nossos filhos. Este é um dia feliz para a nossa família”, descreveu. Jolie agradece o apoio de Pitt e de seus filhos Maddox, 11, Pax, 9 anos, Zahara, de 8 anos, Shiloh, de 6 e os gêmeos Knox e Vivienne, de quatro anos de idade.
“Tenho a sorte de ter um parceiro, Brad Pitt, que é tão amoroso e solidário. Então, para quem tem uma esposa ou namorada passando por isso, saiba que você é uma parte muito importante do processo de transição. Brad estava no Pink Lotus Breast Center, onde fui tratada, em cada minuto das cirurgias”.
Angelina Jolie também ressaltou que, com a sua atitude, espera encorajar outras mulheres a serem informadas sobre a propensão de desenvolverem algum tipo de câncer e a considerarem as opções. “Estou escrevendo sobre isso agora porque espero que outras mulheres possam se beneficiar da minha experiência. Câncer ainda é uma palavra que provoca medo nos corações das pessoas, produzindo um profundo sentimento de impotência. Mas hoje é possível descobrir, por meio de um exame de sangue, se você é altamente suscetível ao câncer de mama e ovário, e, em seguida, tomar uma atitude”, explica.
Ela ainda garantiu que a cirurgia não mudou a forma como ela se sente sobre si mesma e sobre sua feminilidade, e acrescentou que os resultados da cirurgia reconstrutiva podem ser belos. “Eu não me sinto menos mulher. Eu me sinto feliz e orgulhosa por ter feito uma escolha difícil, mas que não diminui em nada a minha feminilidade”. E ainda destaca: “A vida vem com muitos desafios. Os que não devem nos assustar são os únicos que podemos tomar o controle”.
Como um simples exame de sangue pode salvar a vida de mais mulheres
Dezenas de milhares de mulheres no mundo desenvolvem câncer de mama a cada ano e, embora as causas sejam diversas, histórico familiar e os genes desempenham o maior papel no desencadeamento da doença.
Um dos maiores avanços no tratamento preventivo de câncer de mama foi a descoberta dos genes BRCA1 e BRCA2 – siglas para ‘gene do câncer de mama susceptibilidade 1′ e ‘gene do câncer de mama susceptibilidade 2′ – que foram descobertos em 1994 e 1995, respectivamente.
Os testes para eles tornaram-se disponíveis em 1996 e são atualmente os dois genes mais importantes utilizados para prever a probabilidade de uma mulher desenvolver câncer. Outros genes, como o gene TP53 e PTEN, também sugerem a probabilidade de desenvolver a doença, mas nenhum é tão fortemente ligado ao câncer como os genes BRCA.
BRCA1 e BRCA2 são muito importantes na prevenção do crescimento do tumor, mas, se um deles estiver avariado, existe uma elevada probabilidade de que, de fato, exista o crescimento do tumor.
Não há um tipo de gene BRCA defeituoso – os cientistas descobriram mais de 100 formas diferentes de que os genes podem sofrer mutação para aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer.
Apesar da publicidade, genes BRCA defeituosos são de fato raros e afetam menos de uma em cada 500 pessoas. Também é importante notar que nem todas as pessoas que têm um gene BRCA defeituoso vão continuar a desenvolver o câncer.
No entanto, eles colocam as mulheres em maior risco de desenvolver câncer de mama e de ovário em particular. Homens com um gene defeituoso BRCA2 também estão em maior risco de desenvolver câncer de mama e, segundo alguns estudos, possivelmente, pâncreas, testículos e próstata.
A chance de uma mulher desenvolver câncer de mama é de 10%, mas esse valor sobe para 80% se eles possuem um gene BRCA2 mutado. O gene também aumenta o risco de desenvolvimento de câncer do ovário a partir de 1,4% a até 40%.
As mulheres podem reduzir o risco de desenvolver câncer mantendo um peso saudável, comendo uma dieta equilibrada e praticando exercício regularmente. Mas, mesmo com uma vida regrada, as mulheres com teste positivo para um gene BRCA defeituoso não serão capazes de reduzir o risco de câncer para abaixo de 50%.
Se uma mulher é diagnosticada com câncer e tem um forte histórico familiar de câncer de mama ou câncer de ovário, ela geralmente será submetida a um exame de sangue para ver se possui um gene defeituoso.
Para mulheres que não têm câncer pode ser realizado o teste para conferir se estão em um risco elevado de ter um gene defeituoso, como se possuir um forte histórico familiar de canceres específicos. Se o resultado der positivo, ela tem várias opções. A cirurgia nem sempre é necessária e, em alguns casos, vigilância usando a mamografia e ressonância magnética, bem como tomar medicamentos preventivos são opções.
Mas, como o risco de desenvolver um câncer é tão elevada, muitas mulheres optam pela cirurgia preventiva, seja a mastectomia dupla – a remoção de ambos os seios -, ou remoção dos ovários.
A mastectomia dupla reduz o risco de desenvolver câncer de mama em até 95%. No entanto, mesmo se uma mulher sofre uma dupla mastectomia, ainda é importante monitorar, pois sobras de tecido mamário que não podem ser removidos tem chances de se tornarem cancerosos.
Muitas mulheres que se submetem a uma mastectomia dupla optam pela cirurgia reconstrutiva ao mesmo tempo que a remoção dos seus seios reais. Isso ajuda psicologicamente – não acordar com um peito liso – e pode ajudar a reduzir a quantidade de trauma causado ao corpo, fazendo os dois procedimentos em uma única operação.[Reuters, DailyMail]]
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