Giovanni Guido Cerri (Letícia Moreira/Folhapress) |
Escolhido pelo governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para ocupar a Secretaria de Estado da Saúde, o médico radiologista Giovanni Guido Cerri diz que uma de suas prioridades será o combate ao abuso do álcool.
Para traçar as estratégias, ele tem se reunido com especialistas em alcoolismo. Já sabe que o foco será a conscientização nas escolas.
Cerri, 57, é um médico respeitado. Dirige a Faculdade de Medicina da USP, o Icesp (Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira) e o Centro de Diagnóstico por Imagem do hospital Sírio-Libanês. Não é filiado a partido.
É um dos médicos de Dilma Rousseff (PT) -a presidente eleita se tratou de câncer no Sírio e lá faz exames de rotina. 'Essa relação deixará SP e o Ministério da Saúde mais próximos', diz.
Folha - Quais serão suas prioridades na secretaria?
Giovanni Guido Cerri - A questão da bebida alcoólica será prioritária. O álcool está ligado a doenças, desagregação familiar, acidentes de trânsito e violência urbana. Muitos dirigem alcoolizados, menores de 18 bebem. Há uma permissividade grande.
A ideia é aprovar uma lei nos moldes da lei antifumo?
Não se trata de criar uma lei seca, mas mostrar o problema à sociedade e liderar a reação. Isso passa pela educação. É por causa da educação que hoje jovens pressionam os pais a parar de fumar e a não desperdiçar água. Nos dois casos, houve uma mudança de pensamento que ainda não ocorreu no álcool. A Saúde trabalhará com a Secretaria da Educação.
O sr. pretende fazer alterações na rede de atendimento?
Uma necessidade são unidades de câncer regionalizadas. Hoje, um número grande de pacientes se trata em outras cidades, principalmente na capital. Os hospitais ficam sobrecarregados. É preciso criar no interior e litoral unidades de diagnóstico, químio, radioterapia e cirurgias menos complexas.
As OSs [organizações sociais privadas] vão continuar dirigindo hospitais estaduais?
Não vejo razão para interromper as parcerias. Quando os parceiros são bons, o serviço tem qualidade, o uso da verba pública é fiscalizado e o Estado mantém o controle da política de saúde. Não há inconveniente nas parcerias.
O que pensa de um novo imposto federal para a saúde nos moldes da extinta CPMF?
Sou contra. Criar tributo é saída fácil e simplista. Com tributo, fica claro que a saúde não é prioridade. Seria prioridade se já estivesse contemplada integralmente nos orçamentos públicos.
Todos dizem que a saúde é prioridade, então que redistribuam a verba de outras áreas. Não é fácil, mas é justo. (Fonte: Folha.com)
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