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sábado, 24 de abril de 2010

RESPONSABILIDADE FAMILIAR: ALCOOLISMO

Muitos pais sabem ou desconfiam que festinhas de adolescentes muitas vezes são regadas a álcool. E muitas vezes, o uso da bebida é pesado. Cerca de 10% dos adolescentes e jovens brasileiros de até 18 anos abusam de álcool, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O estudo mostra que o relacionamento ruim com os pais, especialmente com a mãe, é um sério complicador. Uma relação ruim com a mãe aumenta em 61% a chance de o adolescente ser usuário pesado de álcool – com o pai, este aumento é de 46%. "A diferença pode se explicar pelo fato de a mãe, na maioria das famílias, estar mais presente em casa", diz o psiquiatra José Carlos Galduróz, do Departamento de Psicobiologia da Unifesp, coordenador da pesquisa.
O pior é que muitos pais, para não entrarem em conflito com os filhos, deixam eles soltos demais, sem impor limites. A pesquisa mostrou que o pai ou a mãe muito “bonzinhos”, aqueles que deixam o adolescente fazer tudo, é prejudicial nesta relação jovem/álcool. Na verdade, estes pais não são “bonzinhos” ou “liberais”, mas sim omissos.
"Para ser pai ou mãe, é preciso ter responsabilidade e participar da vida do filho. Saber onde ele vai, com quem vai, a que horas vai voltar etc. O jovem sente que tem alguém se preocupando com ele, e isto é positivo. Cria uma relação de confiança ", diz o psiquiatra.
Esta relação de confiança, diz o psiquiatra, pode evitar que os filhos se enquadrem nas estatísticas apontadas pela pesquisa. Segundo ele, os pais têm que conversar com os filhos. Tentar identificar se eles apresentam um quadro depressivo, ou dificuldades em se relacionar. " Estas são situações muito comuns na adolescência, que é um período de transição para a fase adulta, de transformações internas. Se o jovem com conflitos descobrir no álcool ou nas drogas um alívio para estes problemas pode enveredar por este caminho. Quanto mais cedo começa o consumo de álcool, maior o risco de criar dependência na idade adulta".
A pesquisa da Unifesp foi feita com 48.155 estudantes de todas as capitais brasileiras. Do total estudado, 4.286 alunos (8,9%) foram classificados como usuários pesados de álcool. Esta classificação se refere ao indivíduo que ingere bebida alcoólica por 20 dias num mês ou que tem no mínimo seis episódios de embriaguez no mesmo período.
Outro dado importante da pesquisa é a relação entre trabalho e bebida. Estudantes que trabalham têm 84% a mais de chance de fazer uso pesado de álcool, comparados aos que não têm trabalho formal.
"Isto pode se explicar pelo fato de estes jovens estarem trabalhando com adultos. Ter o próprio dinheiro também pode reforçar uma ilusão de independência, de poder fazer tudo", comenta o psiquiatra.
A pesquisa "Fatores associados ao uso pesado de álcool entre estudantes das capitais brasileiras" foi publicada na edição de abril da Revista de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o texto da pesquisa, “as primeiras exposições ao uso de álcool ocorrem frequentemente na infância e adolescência, período de vulnerabilidade do indivíduo sob o ponto de vista social e psicológico. Nesta fase, é comum a busca por novas experiências, aliadas a comportamentos de impulsividade, ansiedade, insegurança, insatisfação e agressividade. O uso de álcool preenche todos os requisitos para complementar uma adolescência em desarmonia: prazer imediato, transgressão, fuga por meio do prazer solitário, jogo com a morte, necessidade de poder, inconformismo, necessidade de liberdade, aceitação e respeito com colegas/amigos”.
Segundo a pesquisa, adolescentes que consomem bebidas alcoólicas podem ter conseqüências negativas: “desde problemas sociais e nos estudos, até maiores agravantes como praticar sexo sem proteção e/ou sem consentimento, maior risco de suicídio ou homicídio e acidentes relacionados ao consumo”.
Ter uma religião, segundo a pesquisa, ajuda a evitar estes problemas: entre adolescentes e jovens, 81% dos não-usuários de álcool ou drogas praticavam uma religião, enquanto apenas 13% dos usuários faziam o mesmo. (Fonte: Marcelo Gigliotti, Jornal do Brasil/ABEAD)

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