E A DIETA DESTE? |
Nós somos o que comemos. E o que nossos pais comeram. E o que os pais deles comeram. Um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts publicado na edição de 23 de dezembro da revista "Cell", comprovou a antiga teoria de que o que os pais e avós paternos comem pode influenciar no metabolismo de seus filhos e netos. Estudos epidemiológicos já haviam mostrado que se nosso avó paterno passou fome, corremos o risco de desenvolver obesidade e doenças cardiovasculares. E outro estudo, do começo de 2010, já tinha descoberto que problemas de saúde causados em pais por uma dieta de alta caloria poderiam ser passados para suas filhas.
Neste estudo da Universidade de Massachusetts, os pesquisadores queriam testar se as condições ambientais também tinham efeitos nas gerações futuras. O resultado foi surpreendente: a informação nutricional é passada para a geração seguinte pelo esperma, e não por influência social ou ambiental. "A moral da história é que nós somos mais do que nossos genes e há muitas maneiras em que nossos pais podem nos 'passar' as coisas", diz o pesquisador Oliver Rando.
Para chegar a essa conclusão, Rando e sua equipe examinaram a atividade de genes em ratos cujos pais foram alimentados com uma dieta de baixa proteína - do desmame à maturidade sexual. Os ratos usados no estudo não conviveram com os pais e tiveram pouco contato com as mães. Quando os pesquisadores traçaram o perfil epigenômico do fígado dos filhotes, foram reveladas numerosas diferenças, dependendo da dieta dos pais, incluindo a modificação química de uma sequência de DNA que, acredita-se, potencializa o gene de fatores de transcrição de lipídios, chamado Ppara.
A reprogramação epigenética dos genes pode ser um mecanismo importante para passar informações sobre o ambiente nutricional de uma geração para outra. A epigenética refere-se a modificações químicas no DNA hereditário que pode alterar o modo como os genes se expressam sem mudar a sequência básica de As, Gs, Ts e Cs.
Ainda não está claro como a informação é codificada e passada de pai para filhos. Mas uma coisa é certa: as novas descobertas, se combinadas com outras evidências, têm implicações importantes para futuros estudos sobre reprogramação transgeracional do metabolismo.
(Fonte:Mariana Noffs: é formada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e redatora do HowStuffWorks/www.pessoas.hsw.uol.com.br)
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