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sábado, 25 de dezembro de 2010

PROPAGANDA ANTITABACO NÃO ATINGE ALVO JOVEM

ADVERTÊNCIAS SANITÁRIAS OBRIGATÓRIAS
Todos os anos, quase cinco milhões de pessoas morrem no mundo em decorrência de doenças causadas pelo tabagismo. No Brasil, o número anual de vítimas chega a 200 mil. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta que essas mortes poderiam ter sido evitadas com uma simples escolha.
A decisão de parar de fumar – ou de não começar –, entretanto, só pode ser tomada pelo próprio indivíduo e é muito mais complexa do que parece, como mostra pesquisa realizada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nove anos depois da inclusão de imagens de impacto nas embalagens de cigarro para advertir os usuários dos riscos à saúde associados ao consumo do produto, pesquisadores avaliaram que a propaganda antitabaco é ineficiente entre os jovens.
“As imagens provocam diversas reações emocionais em quem as vê, porém não têm poder apelativo suficiente para que o jovem pare de fumar”, diz a enfermeira Amanda Márcia dos Santos Reinaldo, professora do Departamento de Enfermagem da UFMG e coordenadora do estudo.
A razão da ineficiência, segundo ela, seria o imediatismo dos adolescentes, que veem os problemas de saúde com distanciamento e se consideram inatingíveis. “Eles sabem que o cigarro faz mal, mas têm certeza de que esses malefícios só são sentidos em longo prazo, na velhice”, explica Reinaldo. “Os adolescentes são curiosos e revelam que, para se sentirem adultos e aceitos pelo grupo de convívio, acabam usando o tabaco”, complementa.
Medidas preventivas
A lei da propaganda antitabaco, em vigor desde 2001, determina que todo fabricante ou importador de produtos de tabaco deve inserir advertências sanitárias acompanhadas de fotografias que ilustrem as consequências do fumo. Junto com as imagens, que ocupam 100% de uma das maiores faces da embalagem, deve constar o telefone do Disque Saúde – Pare de Fumar (0800 61 1997).
Imagens de impacto incluídas nas embalagens de cigarro para advertir os usuários dos riscos à saúde associados ao consumo do produto.Outra medida tomada pelo Ministério da Saúde foi a proibição de qualquer tipo de propaganda de produtos de tabaco no território brasileiro, a não ser em seus pontos de venda. Ainda assim, as imagens antitabaco devem estar presentes em 10% do espaço ocupado pela publicidade.
O que os olhos não veem
A pesquisa foi realizada com alunos dos ensinos Fundamental e Médio de duas escolas da rede pública de Belo Horizonte. A percepção dos adolescentes em relação ao marketing preventivo contra o fumo foi avaliada por meio de uma exposição de cartazes nas escolas. Após observar as peças publicitárias, 200 jovens foram entrevistados pela pesquisadora, que contou com a ajuda de bolsistas dos ensinos Médio e Superior.
O resultado das entrevistas surpreendeu o grupo, ao mostrar que os jovens se preocupam mais com as doenças que afetam a aparência do que com aquelas que comprometem as funções respiratória e cardíaca. "Para os jovens, acidente vascular cerebral, hipertensão e câncer preocupam menos do que a possibilidade de envelhecimento precoce", ressalta Reinaldo.
Para a pesquisadora, o estudo é importante porque revela o motivo da ineficiência da propaganda antitabaco entre os adolescentes e aponta novos caminhos para as próximas campanhas.
“É preciso informá-los também sobre o prejuízo estético causado pelo fumo”, sugere. “E, para gerar identificação, pode-se usar imagens de jovens no lugar das imagens de adultos veiculadas hoje”, conclui.
(Fonte: Bruna Ventura - Ciência Hoje On-line)

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