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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"REBITÔMETRO"

Um novo método de análise para a investigação da presença de anfetaminas no corpo foi desenvolvido pelo Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. O método consiste em medir os níveis de anfetaminas no corpo por meio da saliva.
As anfetaminas ("rebites") são estimulantes muito utilizados por motoristas profissionais para dispersar o sono e, por isso, são uma das grandes responsáveis pelos acidentes nas rodovias brasileiras.
A substância também é utilizada para suprimir o apetite e está presente em alguns remédios controlados no Brasil.
"Anfetaminômetro"
Devido aos seus efeitos, muitos caminhoneiros, na tentativa de aumentar seu rendimento, burlam o sono fazendo uso do estimulante, muitas vezes, obtido ilegalmente. "Os motoristas adquirem ilegalmente as anfetaminas em postos de gasolina, na beira da estrada", relata o pesquisador Rafael Barcellos Bazzarella, desenvolvedor do novo método.
Segundo o Bazzarella, o método, desenvolvido sob a orientação do professor Bruno Spinosa de Martinis e com o auxílio da professora Vilma Leyton, "é muito mais prático e menos invasivo que a coleta de urina ou de sangue, além de não exigir um profissional preparado para a coleta", afirma.
Segundo o Bazzarella, a coleta de saliva é feita por um dispositivo denominado "Salivet", similar a uma bola de algodão, que é mastigado pelo usuário por alguns segundos e depois inserido em um tubo de ensaio. Já no tubo de ensaio, o salivet vai para uma centrífuga que isolará a saliva (cerca de 1 mililitro [ml]) no fundo do tubo, já pronta para a análise.
Com isso, os testes de presença desta droga no organismo se tornaram muito mais simples e práticos. "A utilização deste método por policiais rodoviários nas principais rodovias do país é plenamente viável. Dessa forma, se poderia fiscalizar melhor o uso desta substância por motoristas e, com isso, reduziríamos o número de acidentes causados por dormir ao volante", afirma o pesquisador.
Apagando ao volante
A precisão do método foi desenvolvida e validada em laboratório. Após isso, o procedimento foi atestado em situações reais, com 40 caminhoneiros na região da cidade de Roseira, no interior do Estado de São Paulo. Nestes testes foi possível provar a alta precisão da técnica e verificar que dois dos 40 caminhoneiros, parados ao acaso, haviam ingerido doses da substância estimulante.
Apesar de seu efeito estimulante, o uso de anfetaminas por motoristas profissionais é uma das causas do alto número de acidentes nas rodovias brasileiras. Ingerida por caminhoneiros para dispersar o sono, a droga age apenas durante um determinado período, "quando a concentração da droga abaixa, o motorista sente um sono exagerado e corre o risco de apagar ao volante" adverte Bazzarella.
Segundo estimativas da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, cerca de 30% das ocorrências de acidentes nas estradas são provocadas por sonolência ao volante.
Efeitos colaterais do uso do estimulante
Entre os efeitos colaterais do uso do estimulante estão o desenvolvimento de hipertensão e o aumento da frequência cardíaca dos usuários, ampliando as chances de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, além da propriedade de tolerância da droga.
"O corpo humano desenvolve, com o tempo, uma tolerância às anfetaminas. Ou seja, a mesma dose da droga passa a não surtir mais o efeito desejado, obrigando o usuário a aumentar as doses. Com isso, aumentam também os riscos de o usuário apresentar efeitos indesejáveis após essa exposição prolongada, como ansiedade, insônia, alterações do humor e comportamento violento", alerta o farmacêutico.
(Fonte: Marcelo Pellegrini - Agência USP - diariodasaude.com.br)

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