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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CICATRIZANTE e ANTIMICROBIANO

CURATIVO BIOTECNOLÓGICO À BASE DE CELULOSE BACTERIANA
Um dos desafios de profissionais envolvidos com a recuperação de pacientes com queimaduras é abreviar o tempo de internação para evitar complicações infecciosas. O uso de biocurativos, produzidos a partir de celulose bacteriana – que possibilita a regeneração mais rápida da pele –, é uma das alternativas promissoras.
Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, em parceria com a empresa Apis Flora, de Ribeirão Preto, desenvolveram um biocurativo cicatrizante e antimicrobiano à base de celulose bacteriana e extrato de própolis.
O produto foi testado in vitro com ótimos resultados. “O objetivo do biocurativo, feito em forma de película, é atenuar o tempo de tratamento e a dor de pacientes que sofreram queimaduras de primeiro e de segundo graus ou que possuam feridas crônicas”, disse Hernane Barud, coordenador da pesquisa, à Agência FAPESP.
Os resultados obtidos até agora mostram alto grau de eficiência do produto, principalmente na prevenção do crescimento microbiano e na liberação sustentada de própolis.
A pesquisa “Desenvolvimento e avaliação de biocurativos obtidos a partir de celulose bacteriana e extrato padronizado de própolis (EPP-AF) para tratamento de queimaduras e lesões de pele” contou com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
Os resultados correspondem à primeira fase do projeto, já concluída com testes in vitro. De acordo com Barud, a novidade do produto é o aprimoramento da celulose bacteriana com a incorporação de extrato de própolis, insumo farmacêutico que já fora avaliado quanto à eficácia pré-clínica e clínica em queimados por Andresa Berretta, pesquisadora responsável da Apis Flora.
“A própolis é um material resinoso e balsâmico obtido pelas abelhas que, associada à membrana, produz uma ação cicatrizante e antimicrobiana. Além de regenerar a pele, o biocurativo consegue matar as bactérias que surgem junto com os ferimentos”, explicou o pesquisador, que concluiu recentemente seu doutorado no Instituto de Química da Unesp de Araraquara sobre Materiais Multifuncionais Baseados em Celulose Bacteriana.
A Apis Flora tem patente para o extrato padronizado de própolis e, atualmente, o grupo prepara nova solicitação para o biocurativo com própolis. “Não é qualquer extrato de própolis que apresenta os resultados, mas o que a empresa desenvolveu, avaliou e depositou o pedido de patente”, ressaltou Barud.
Segundo Andresa, quando se trabalha com derivados naturais a reprodutibilidade de lote a lote é indispensável para se obter medicamentos. “Nosso grupo já avaliou essas características e tem condições de obter industrialmente lotes reprodutíveis a fim de se registrar um medicamento nos órgãos reguladores”, disse.
A membrana de celulose é produzida pela bactéria Acetobacter xylinum, encontrada principalmente nas frutas em decomposição.“A vantagem da celulose bacteriana, principalmente a produzida pela A. xylinum, é a elevada resistência mecânica conferida pela rede tridimensional formada por nanofibras de celulose”, explicou.
Com o novo biocurativo o paciente em tratamento poderá desempenhar atividades corriqueiras como tomar banho ou ficar exposto ao sol. “Como o produto é impermeável, ele funciona como uma barreira bacteriológica, sem impedir que o ferimento respire”, disse.
Liberação controlada
Barud acrescenta ainda que pela transparência e por aderir com facilidade ao leito da ferida, a película possibilitará o acompanhamento constante da cicatrização. Um dos problemas no tratamento de queimados é que o curativo convencional pode provocar lesões todas as vezes que é removido.
“O novo biocurativo poderá ser colocado diretamente na ferida sem necessidade de troca. Além disso, conseguimos desenvolvê-lo com liberação sustentada, ou seja, ele libera própolis lentamente”, disse.
A próxima etapa da pesquisa será o teste em animais. Depois de superada essa fase, o biocurativo será testado em humanos. “A meta é produzir o produto em larga escala. A previsão é que dentro de dois a três anos ele seja comercializado”, disse Barud.
Participam também da pesquisa os professores Younés Messaddeq e Sidney José Lima Ribeiro, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, além de Andresa Aparecida Berretta, coordenadora de pesquisa na empresa Apis Flora. (Fonte: Alex Sander Alcânara - FAPESP)

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