Utilizar a técnica anestésica intraóssea garantiu o controle total de dor em 96,8% dos pacientes. [Imagem: Unicamp] |
O tratamento dentário de canal ou endodôntico não precisa mais ser tão doloroso quando há uma inflamação no dente. Uma pesquisa realizada no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) da Unicamp testou a técnica intraóssea em 60 pacientes com inflamação pulpar em molares inferiores, que são os dentes mais difíceis de serem anestesiados.
Utilizar a técnica anestésica intraóssea garantiu o controle total de dor em 96,8% dos pacientes. Ou seja, o método propiciou um tratamento livre do incômodo das dores tão temidas pelos pacientes, uma vez que as técnicas tradicionais alcançam, apenas, em torno de 60% de eficácia.
Técnica desconhecida
O endodontista Leandro Augusto Pinto Pereira já utilizava a técnica há vários anos em seu consultório com resultados positivos. Agora, ele quis levar a prática para o crivo científico.
Segundo ele, a ideia é divulgar o procedimento no Brasil, ainda pouco conhecido entre os profissionais da área, mesmo tendo sido criado em 1932.
"Os profissionais não conhecem a técnica, e entre aqueles que a conhecem, existe a ideia de que o procedimento é mais invasivo do que o método tradicional de se injetar o medicamento no tecido mole do local a ser tratado", explica Pereira, que contou com a orientação do professor José Ranali.
Técnica intraóssea
A técnica intraóssea consiste em realizar uma pequena perfuração - do calibre de uma agulha - no osso adjacente ao dente a ser tratado.
Para isso, inicialmente é realizada uma anestesia no local e, na sequência, após realizar a perfuração, injeta-se a solução anestésica próxima às raízes do dente inflamado.
Uma conduta comum adotada em consultórios odontológicos para o tratamento endodôntico é a prescrição de antibiótico e/ou anti-inflamatórios prévios ao tratamento para "desinflamar" o dente e, então, proceder ao tratamento do canal. Para Pereira, esta forma de se tratar o canal deve mudar.
"Não existe nenhum suporte científico que mostre uma melhor eficácia anestésica com a administração prévia de antibióticos para minimizar a dor durante o procedimento. Pelo contrário, na presença da chamada dor de dente, a intervenção clínica é primordial e deve ser feita de forma imediata. A administração de medicamentos, quando necessária, deve ser coadjuvante no controle da dor pós-operatória", explica.
Contra-indicações
O endodontista alerta que a técnica não é recomendada para pacientes que possuem algum tipo de problema cardiovascular, uma vez que pode resultar em aumento da frequência cardíaca. Esta seria uma segunda escolha para a anestesia em pacientes cardiopatas.
No entanto, na pesquisa a injeção lenta da solução anestésica, associada ao pequeno volume necessário para anestesia, não levou a nenhum efeito cardiovascular indesejável.
(Fonte: Raquel do Carmo Santos - Jornal da Unicamp-diariodasaude.com.br)
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