MARCAPASSO CARDÍACO |
Uma simples alteração no marcapasso artificial - dispositivo eletrônico que controla os batimentos do coração por meio de estímulos elétricos - pode torná-lo ainda mais eficiente, aumentando a vida útil do aparelho e reduzindo os custos do Sistema Único de Saúde (SUS), sem representar riscos para os pacientes, segundo estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
Lançado comercialmente em 1960, o marca-passo tem beneficiado milhões de pessoas portadoras de graves problemas cardíacos, permitindo que elas levem uma vida normal. No entanto, o dispositivo sai de fábrica com uma única voltagem pré-configurada para seu funcionamento, embora nem todos os pacientes precisem desse nível de energia.
Na nova pesquisa, que analisou 30 pacientes, a médica cardiologista Leonor Garcia Rincón demonstrou que uma alteração simples no dispositivo, para que ele forneça apenas a energia necessária para regular o coração do paciente, poderia elevar a vida útil do aparelho para nove anos, prolongando-a em torno de dois anos mais, sem trazer riscos ao paciente.
Conhecido como Busca da Condição Intrínseca, o recurso pode ser determinado por eletrocardiograma, um exame igualmente simples e possível de ser feito em consultório médico.
Testes e benefícios
No estudo, os pacientes submeteram-se a uma bateria de exames, como ecocardiograma e telemetria do marca-passo, para verificar o funcionamento do aparelho antes da reprogramação. Após 60 dias com essa configuração, foram realizados novos exames, em que foram recolhidos os dados disponíveis na memória do aparelho, para calcular a longevidade dos geradores.
E, segundo o orientador da pesquisa, professor Manoel Otávio da Costa, os resultados foram originais e relevantes. “Há repercussões prováveis tanto do ponto de vista econômico quanto da preservação do bem estar dos pacientes”, destaca o especialista. “O paciente ganha com a redução do número de cirurgias necessárias após a implantação do marca-passo, pois, quando a bateria acaba, é preciso trocar todo o aparelho, o que exige uma nova cirurgia”.
De acordo com os especialistas, a duração da bateria, em geral, é estipulada quando o aparelho é implantado no paciente, e é, em média, sete anos. Apesar de ser um procedimento relativamente simples, sempre existem riscos inerentes a uma cirurgia. Nesse aspecto, a mudança também seria positiva para o sistema de saúde pública. “A reprogramação consegue reduzir em 22% o custo por paciente da implantação do marca-passo, uma economia de, em média, R$ 1,3 milhão por ano para o SUS”, explica Leonor Rincón.
Para a cardiologista, o desafio agora é convencer os profissionais que trabalham com pacientes portadores de marca-passo a fazerem essa reprogramação, que ainda não é um procedimento amplamente utilizado. “Apenas após a publicação da pesquisa, ainda inédita, é que poderemos verificar a aceitação da técnica em outros grandes centros cirúrgicos”, conclui. (Fonte: Boa Saúde/SISSAUDE)
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