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sábado, 18 de dezembro de 2010

ROTAS ALTERNATIVAS PARA NOVOS MEDICAMENTOS

Uma rota de síntese original e alternativa vai possibilitar aos especialistas do INCT de Fármacos e Medicamentos (INCT-Inofar) a produção mais barata, mais prática e mais rápida de um dos medicamentos mais usados no mundo para reduzir taxas de colesterol.
O projeto é um primeiro passo para que indústrias nacionais interessadas possam produzir a versão genérica da atorvastatina, cuja patente está em vias de expirar. Este é um dos vários projetos que os pesquisadores estão desenvolvendo no INCT-Inofar.
A rota recém-criada por cientistas da Universidade de Campinas-Instituto de Química-(Unicamp) tem características muito específicas, que permitem produzir a atorvastatina desde a matéria-prima até o produto final.
"De saída, já poderemos usar como matéria-prima um insumo químico mais acessível, que, embora também seja importado, é mais barato e conta com um maior número de fornecedores, em vários países", diz o professor Eliezer J. Barreiro, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do INCT-Inofar. Além disso, entre as vantagens da descoberta, ele cita mais uma: "Trata-se de uma rota mais curta, de poucos passos e reações pouco complexas, de fácil domínio tecnológico. E o rendimento global do produto final é de cerca de 35%, o que é muito bom. A maior vantagem de tudo isso, no entanto, é que se trata da primeira rota criada para um fármaco com características absolutamente originais e inteiramente dominada por nossa equipe", garante Barreiro.
Do grupo das estatinas, a atorvastatina age pela inibição da enzima chave na biosíntese do colesterol. Dentre as estatinas, ela foi idealmente eleita, entre outros motivos, porque o acúmulo do substrato dessa enzima não provoca nenhum tipo de ônus, nem efeitos tóxicos ao organismo.
Para o pesquisador, a descoberta abre uma importante oportunidade de negócios para a indústria farmacêutica nacional. Até porque criará um genérico para um dos redutores de colesterol mais consumidos no mundo inteiro, o LipitorR, comercializado pela multinacional Pfizer.
"Ao pesquisarmos quais os medicamentos estariam com patente por expirar, descobrimos que o LipitorR era um deles e procuramos investir em alternativas. Um genérico desses conta com um mercado expressivo e pode significar uma significativa economia para o Sistema Único de Saúde", diz Barreiro.
Os pesquisadores agora querem fechar parceria com uma empresa farmacêutica e depositar a patente desse novo processo.
Além da atorvastatina, várias outras pesquisas em andamento se mostram promissoras. "Neste primeiro ano de funcionamento efetivo do nosso INCT-Inofar, estamos investindo também no desenvolvimento de medicamentos de alto custo para o SUS, como os oncológicos, e também em inovação radical, que é a criação de fármacos inteiramente novos, que possam falar português do início ao fim", diz Barreiro.
Nesse segundo caso, está o projeto para controlar doenças crônicas pulmonares, como a asma. Para isso, os cientistas estão pesquisando uma substância nova, que também atua num mecanismo diferente dos remédios habituais. "Trata-se do LASSBio-596, desenvolvido em laboratório da UFRJ, que em testes feitos com ratos mostrou-se bem-sucedido", comenta Barreiro.
Outro projeto promissor, na área de doenças negligenciadas, é uma substância sintética, planejada para agir contra o protozoário da leishmania. Em animais, os resultados não só protegeram como fizeram regredir infestações já instaladas.
"Isso nos leva a crer que ela efetivamente tem efeito curativo. Com uma vantagem adicional: como nossa abordagem é multiprotozoário, essa mesma substância também poderá ser aplicada contra outros protozoários da mesma árvore evolutiva, como o da doença de Chagas e da malária", explica Eliezer Barreiro. Testar o espectro de atividade da molécula descoberta é o próximo passo do projeto. Os pesquisadores também querem saber qual é o mecanismo de atuação da molécula, saber como ela elimina o protozoário causador da leishmaniose.
(Fonte: © FAPERJ)





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