No Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), um estudo realizado com 30 cabeleireiros e manicures (18 mulheres e 12 homens) revela que 59% dos profissionais testados sofrem com dores na coluna, 47% nos membros superiores e 27% nos membros inferiores.
As dores nas costas e de membros superiores não têm relação com o peso e índice de massa corporal (IMC) — peso dividido pela altura ao quadrado — mas estão relacionadas ao sedentarismo. Os profissionais que praticam alguma atividade física sentem menos dor, em comparação aos que não fazem exercício. O IMC médio foi de cerca de 20, e o máximo chegou a 34. Na tabela do IMC, o peso normal fica entre 18,5 e 24,99. Se o índice ficar entre 25 e 29,99, revela pessoas acima do peso; e acima de 30, obesidade.
A maioria dos profissionais que praticavam atividade física fazia caminhadas. A musculação e a pratica regular de academia foi relatada pela minoria deles. “A prática da atividade física confere um melhor condicionamento físico.
Como esses profissionais utilizam o corpo durante suas atividades profissionais, aqueles com um condicionamento físico melhor têm menos queixa de dor”, explica a professora Júlia Greve, coordenadora do trabalho. O estudo também contou com a participação do fisioterapeuta Leonardo Barreti.
A pesquisa teve um caráter investigativo e exploratório e foi realizada em 2010. O objetivo foi investigar se havia algum problema neste grupo de profissionais. “Nós entramos em contato com profissionais de beleza que conhecíamos, aqui da região da Faculdade de Medicina, e os convidamos para participar da pesquisa e eles aceitaram”, conta Júlia Greve.
Os testes foram realizados no Laboratório de Estudos do Movimento do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP. A avaliação consistiu em um interrogatório e uma avaliação clínica. Os profissionais de beleza realizaram testes por meio de equipamentos que avaliaram a força muscular e a capacidade de exercer movimentos. A idade média dos participantes foi de 37 anos.
Resultados
Horas de pé não sobrecarregam tanto as pernas quanto escovar os cabelos da clientela. Há uma maior incidência de dores na coluna e nos braços do que nos membros inferiores, e são as mulheres as que mais se queixam, “talvez por serem maioria na profissão”, diz a professora.
Horas de pé não sobrecarregam tanto as pernas quanto escovar os cabelos da clientela. Há uma maior incidência de dores na coluna e nos braços do que nos membros inferiores, e são as mulheres as que mais se queixam, “talvez por serem maioria na profissão”, diz a professora.
O número de horas trabalhadas na semana também influencia nas dores músculoesqueléticas sentidas por cabeleireiros e manicures. Os que trabalham mais que 50 horas semanais sofrem mais dores. A lombar e os ombros também sentem o peso dos anos de profissão, os profissionais que estão no mercado a mais de quatro anos se queixam mais que os iniciantes.
“A pesquisa feita com profissionais da área aponta para a ergonomia da atividade [tempo de trabalho e movimentos utilizados e repetitivos] como um fator importante na origem das dores músculo-esqueléticas referidas [coluna e membros superiores] e também a falta de um programa de exercícios adequados às necessidades específicas da profissão visto que, ainda que a atividade física diminua a queixa de dor, não previne completamente”, conclui Júlia.
Mais informações: (11) 3069-6694 / 7053 ou email reportagem@hcnet.usp.br, na Agência HC de Notícias(Fonte: http://www.usp.br/agen/?p=65698)
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