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terça-feira, 26 de julho de 2011

SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO

INfo

A primeira forma de expressão do bebê é o choro. Seja para avisar que está com fome, frio, que quer colo, que tem dor. Segundo o pediatra Renato Mikio Moriya, de Londrina, as crianças pequenas podem chorar de duas a três horas por dia, e 20% a 30% excedem substancialmente este tempo.
Essa forma de comunicação, no entanto, pode ser bem estressante para os pais, principalmente para os mais novos, que podem se mostrar inseguros na hora de acalmar o pequeno. Com isso, a criança pode ser vítima da Síndrome do Bebê Sacudido. ''Chorar fica particularmente problemático entre a sexta semana de nascimento ao quarto mês de vida, o que coincide com a incidência maior da síndrome'', explica o pediatra.
A Síndrome do Bebê Sacudido - Shaked Baby - é uma das formas mais graves de lesão cerebral por abuso infantil, provocada por sacudidas violentas. 
As maiores vítimas são as crianças pequenas, geralmente até dois anos, quando a cabeça ainda está em crescimento e proporcionalmente é maior do que o corpo, há uma fragilidade dos músculos cervicais e o encéfalo está crescendo. ''Há um espaço dentro do crânio e com a chacoalhada o cérebro se traumatiza, tem rompimento de vasos, nervos, de outras estruturas, fazendo com que a criança tenha um edema e possa ir a óbito. Muitas vezes a criança não tem nenhum tipo de trauma externo'', explica Moriya.
Ele alerta também que o ''chacoalhamento'' a que a criança é submetida não precisa ser prolongado, pode ser bastante breve e ocorrer uma ou repetidas vezes durante dias, semanas ou meses. Brincadeiras como jogar o bebê para cima ou outras normais da infância também podem provocar lesões. ''Não se deve chacoalhar uma criança pequena'', determina.
De acordo com Moriya, a criança agredida também pode ficar com sequelas das lesões, como dano cerebral permanente, retardo mental, distúrbios comportamentais, convulsões, déficits motores, problemas respiratórios e coma. O índice de mortalidade entre as crianças varia de 7% a 30% dos casos. Em torno de 30% a 50% dos agredidos vão apresentar distúrbios cognitivos e neurológicos. Cerca de 30% pode se recuperar, mas sem que seja descartada a possibilidade de sequelas neurológicas.
Segundo Moriya, que também é coordenador da Comissão Interinstitucional de Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescentes de Londrina, esse tipo de violência ainda é pouco conhecido e pode confundir os profissionais de saúde. ''Se o profissional não está preparado, vai investigar meningite, hipoglicemia, diabetes e outras patologias. O diagnóstico pode ser elucidado quando se encontra hemorragia subaracnóidea por tomografia computadorizada do crânio ou punção lombar de líquido cefalorraquidiano. A associação de hemorragia retiniana com edema cerebral e/ou hematoma subdural sem outros sinais de trauma, na ausência de justificativa adequada, devem ser interpretados, até prova em contrário, como maus tratos'', ensina.
De acordo com o pediatra, não é possível afirmar a incidência da Síndrome com clareza, pois muitos dos casos não são reportados e, em algumas das ocorrências, os maus tratos não são evidentes.  
''Em 30% a 40% dos casos, a criança apresenta lesão pré-existente na cabeça. Das crianças vítimas de abuso, 15% a 27% vão a óbito. 
Dados do Ministério da Saúde de 2006 apontam que dos atendimentos realizados por agressões e maus tratos nos serviços de urgência e emergência, a parte do corpo mais atingida é a cabeça/face, totalizando 49,6% dos casos.''
(Fonte: Érika Gonçalves - Folha de Londrina- http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--4319-20110726)

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