Em vários países, as pessoas já não se preocupam apenas se vão se queimar com o sol na praia, mas também se podem se queimar com uma água-viva enquanto tomam banho de mar. Desde os anos 2000, essas criaturas gelatinosas dominam os oceanos e colocam a pesca, o turismo e o habitat marinho em perigo.
A causa disso ainda é não é completamente certa: talvez seja um fenômeno cíclico, causado por mudanças nas correntes marinas, ou tenha a ver com o aquecimento global. Entretanto, a opção mais aceita é que a culpa é principalmente dos seres humanos.
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Institut de Recherche pour le Développement (IRD), da França, indica que a pesca excessiva é um dos principais fatores que contribuem com a proliferação das águas-vivas.
Peixes como o atum e as tartarugas marinhas são predadores desses animais gelatinosos, também conhecidos como medusas. Entretanto, eles estão desaparecendo com a pesca intensa, assim como sardinhas e anchovas, que competem com as águas-vivas por alimento – o zooplâncton, conjunto de organismos aquáticos que não tem capacidade fotossintética e que vivem dispersos na água, sendo arrastados pelas correntes.
Esses peixes pequenos também comem ovos e larvas de água-viva e, em condições normais, regulam a população. Na ausência deles, não há nada que impeça a proliferação dos seres gelatinosos.
Comparação
Para entender as consequências da pesca excessiva, pesquisadores compararam dois ecossistemas pertencentes ao mesmo oceano, em uma área conhecida como Benguela, no sul da África.
O primeiro ecossistema estudado é localizado na costa da Namíbia, onde a pesca é livre. Lá, as águas-vivas dominam a costa marinha. O segundo lugar estudado foi um ecossistema localizado mil quilômetros ao sul do primeiro, na África do Sul. A pesca no local vem sendo controlada rigidamente nos últimos 60 anos. Resultado: a população de medusas não aumentou.
Consequências
Assim como a pesca excessiva está causando estragos ao mares, as águas-vivas trazem dificuldades para a pesca. Invasões de águas-vivas gigantes (Nomuras) no Japão, por exemplo, arrebentam redes de pesca e deixam os peixes com uma espécie de limo nas escamas, o que dificulta sua venda.
Além disso, a invasão de águas-vivas no futuro pode dificultar o turismo, economia e atividades sociais.
Na Escócia, uma usina nuclear teve que interromper suas atividades depois que um de seus filtros ligados ao mar foi entupido por medusas.
Brasil
Houve um aumento considerável de águas-vivas nas praias brasileiras nos últimos anos. Em 2012, só no mês de janeiro, mais de 12 mil acidentes com águas-vivas foram registrados no litoral do Paraná. No ano anterior, houve 500 casos. Uma das praias de Guaratuba teve que ser interditada pelo Corpo de Bombeiros por essa razão.
Os estados de Santa Catarina e São Paulo também contabilizam centenas de acidentes com medusas nos últimos anos.[ScienceDaily/Opera Mundi/Invasão de medusas]
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