Colesterol bom não necessariamente reduz risco de doenças cardíacas
Pesquisadores analisaram o genoma de aproximadamente 170.000 pessoas
Sangue: embora seja clara a relação entre o colesterol 'ruim' e o risco de
doenças cardíacas, pesquisadores questionam efeito protetor do colesterol 'bom'
(Comstock Images)
Um artigo publicado nesta quinta-feira na revista The Lancet
questionou a ideia de que o aumento do colesterol bom (HDL) no sangue necessariamente diminui o risco
de uma pessoa sofrer um ataque cardíaco. O trabalho observou que indivíduos com
determinadas variações genéticas que levam ao aumento do HDL no organismo não
correm menos riscos de sofrerem um problema no coração. O estudo foi
desenvolvido por pesquisadores de diversas instituições de ensino, entre elas o
Hospital Geral de Massachusetts, a Universidade da Pensilvânia e a Faculdade de
Saúde Pública de Harvard, todas nos Estados Unidos.
Saiba mais
POR QUE O HDL FAZ BEM?
A HDL impede que a
LDL forme placas de gordura nas artérias que dão origem à aterosclerose,
diminuindo ou obstruindo o fluxo sanguíneo, provocando infartos ou derrames. As
pessoas podem aumentar seus níveis de HDL alterando o estilo de vida: é preciso
se manter dentro do peso ideal, consumir alimentos saudáveis, abandonar ou
evitar o tabagismo e praticar exercícios. Segundo a American Diabetes
Association, os níveis de HDL devem ser de pelo menos 50 miligramas por
decilitro de sangue nas mulheres e de 40 nos homens.
De acordo com autores da pesquisa, embora vários estudos feitos
nas últimas décadas tenham confirmado que o aumento do colesterol ruim, o LDL,
no sangue de fato aumenta o risco de uma pessoa ter doença cardíaca, os efeitos
do HDL ainda não são totalmente claros. Os pesquisadores explicam que diversos
trabalhos apontaram para os efeitos benéficos do HDL ao coração, mas nenhuma
abordagem genética confirmou essa associação.
Os pesquisadores analisaram o genoma de aproximadamente 170.000 pessoas e
observaram as variações nos genes que fazem com que o corpo regule de maneiras
diferentes os níveis de HDL no sangue.
Eles observaram, por exemplo, que indivíduos com uma dessas variações tinham
níveis de HDL no sangue cerca de 10% maiores. Esse aumento de colesterol
significaria, segundo teorias atuais, uma redução de 13% nos riscos de doença
cardíaca. No entanto, os pesquisadores não encontraram diferenças na incidência
desses problemas entre esses pacientes e o restante.
Contudo, para os autores do estudo, esses resultados não descartam capacidade
de o HDL servir como um marcador biológico para doenças cardíacas. Ou seja, os
níveis do colesterol no sangue ainda podem ajudar a prever a probabilidade de
uma pessoas ter problema. "Sabemos que o HDL é um importante e útil biomarcador
de ataques cardíacos, por exemplo. Mas nós mostramos que não se pode presumir
que a elevação de HDL necessariamente ajudará os pacientes”, afirma Sekar
Kathiresan, um dos autores da pesquisa.
FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/colesterol-bom-nao-necessariamente-reduz-risco-de-doencas-cardiacas
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