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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ALERGIAS e EXCESSO DE LIMPEZA


Há cerca de vinte anos, começou a ganhar força a “hipótese da higiene”, segundo a qual o excesso de limpeza, ao eliminar bactérias além do necessário, enfraqueceria nosso sistema imunológico e aumentaria o número de casos de alergias. A ideia se confirma? De acordo com estudo recentemente divulgado, a resposta é “não exatamente”.
Analisando dados coletados por mais de duas décadas, uma equipe de pesquisadores concluiu que a relação entre higiene em excesso e maior ocorrência de determinadas doenças é mais complexa do que parece à primeira vista. “O aumento nos casos de alergias e doenças inflamatórias parece ser causado, em parte, por uma perda de contato com micróbios com os quais nosso sistema imune evoluiu desde a Idade da Pedra”, explica o professor Graham Rook.
Outros fatores, como predisposição genética, estresse, poluição e falta de atividade teriam consequências mais graves, por conta de “sistemas imunológicos desregulados”, devido a essa perda de contato com certos micro-organismos. Além de alergias, o risco de ser afetado por inflamações crônicas (como esclerose múltipla e diabetes tipo 1) também cresce por conta desse enfraquecimento do sistema imune.

O difícil equilíbrio entre “sujeira” e “limpeza”

“Desde o começo do século 19, quando alergias passaram a ser mais notadas, a variedade de micróbios com os quais convivemos vem mudando constantemente”, aponta o pesquisador Stanwell Smith. Naquele tempo, a falta de higiene tinha um preço muito alto (em Londres, 1 em cada 3 mortes era de uma criança com menos de 5 anos, na maior parte das vezes causada por infecções), o que provocou uma série de mudanças: consumo de água potável, lavagem mais cuidadosa de alimentos, saneamento e até mesmo uso excessivo de antibióticos.
“Embora tenham sido vitais para nos proteger de doenças infecciosas, essas mudanças também alteraram, de modo inadvertido, nossa exposição a ‘amigos microbianos’”, disse. Ou seja, junto com bactérias nocivas, bactérias que ajudavam a regular e fortalecer nosso sistema imunológico também sofreram as consequências daquelas medidas higiênicas. Mudanças ambientais causadas pelo crescimento das cidades também fizeram com que perdêssemos contato com esses “velhos amigos”.
Contudo, não adianta simplesmente se expor a mais bactérias e abandonar hábitos de higiene. “Ainda não está claro como nós podemos reverter a situação atual de alergias e inflamações crônicas”, aponta Rook. “Há muitas ideias sendo exploradas, mas afrouxar a higiene não vai nos reunir de volta com nossos ‘velhos amigos’ – apenas irá nos expor a novos inimigos”.
“Algo importante que podemos fazer”, avalia a professora Sally Bloomfield, “é parar de falar sobre ‘ficar muito limpo’ e fazer as pessoas pensarem sobre como podemos, de forma segura, nos reconectar com o tipo certo de sujeira”.[ScienceDaily]

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