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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

FUTEBOL: MITO DA IDADE


Atleta com mais de 30 anos pode manter disposição aeróbica e muscular

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O jogador Seedorf, apesar dos 36 anos, mantém a mesma disposição aeróbica dos mais jovens Foto: Jorge William/04-10-2012
O jogador Seedorf, apesar dos 36 anos, mantém a mesma disposição aeróbica dos mais jovens (Foto:Jorge William/04-10-2012)
Quando foi anunciado pelo Botafogo, no início do ano, o meia Seedorf enfrentou a resistência de comentaristas e torcedores. Afinal, um jogador de 36 anos ainda pode render profissionalmente em um esporte tão competitivo como o futebol? Pois as atuações decisivas do holandês não são as únicas provas de que a resposta é positiva. Um estudo da Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), do Rio, garante que a idade não afeta o desempenho aeróbico de atletas da modalidade. O trabalho brasileiro foi publicado na última semana pela revista científica “International Journal of Sports Medicine”, uma das principais da área.
A pesquisa foi realizada com 162 atletas, divididos em dois grupos. Um entre 17 e 22 anos e outro entre 27 e 36 anos. Todos do time profissional do Botafogo. O estudo teve início em 2005 e só foi concluído ano passado, por isso o jogador Seedorf não chegou a participar da pesquisa. Para não cometer injustiças, tanto jovens quanto veteranos foram avaliados no período de pré-temporada. Durante o campeonato, diversos fatores poderiam desequilibrar os resultados. A conclusão é que, apesar de ser normal a perda de desempenho aeróbico com o passar dos anos, é possível compensar o prejuízo com treinos e controle de hábitos de vida saudáveis.
— Com o tempo, é normal uma pessoa mais velha ter menos capacidade que uma mais jovem. Só que o estudo mostra que, no futebol, isso não acontece quando há uma orientação profissional forte e a pessoa é disciplinada. Quer dizer, o jogador que tem mais de 30 anos não precisa, necessariamente, ter menos disposição aeróbica do que os jovens — explica Cláudio Gil, diretor médico da Clinimex e autor do estudo.
Para o trabalho, foi medido o VO2máx, um termo médico que indica o volume máximo de oxigênio que o corpo consegue inspirar do ar que está dentro dos pulmões, levar até os tecidos através do sistema cardiovascular e usar na produção de energia. No teste, os jogadores caminhavam um minuto a 5,5 km/h. Após este período, a velocidade era aumentada a 8 km/h e 0,1km/h era acrescido a cada 7,5 segundos. Imediatamente após a capacidade máxima do atleta ser atingida, seguiam-se dois minutos de caminhada a 5,5km/h.
— Antigamente, existia a ideia de que um jogador não renderia após os 30 anos como quando mais jovem. Começamos a ver em outros esportes, porém, atletas que tinham algumas das maiores conquistas já veteranos. Por que no futebol seria diferente? — questiona Cláudio Gil.
A opinião é compartilhada pelo presidente da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro, Paulo César Hamdan:
— Quando envelhecemos, vamos notando que não temos mais a mesma potência, força, explosão muscular, e isto se dá em função da chamada sarcopenia, que é um processo natural. Mas se o treinamento for continuado, é possível impedir o avanço dela. A idade não é limitante.
Ele cita um trabalho da década de 1990 realizado pela Universidade de Missouri, nos EUA, que já começava a analisar o tema: eles avaliaram ex-atletas idosos que deixaram sua modalidade esportiva profissional, no caso do estudo o futebol americano, mas continuaram se exercitando, com a natação. Eles foram comparados a dois grupos: de jogadores de futebol jovens e de jovens sedentários.
— A potência e a força não se perderam nos idosos em comparação com os jovens. E mais ainda, a estrutura das fibras musculares eram melhores no caso dos idosos se comparados aos sedentários — afirmou.
Hamdan, entretanto, ressalta que fatores como estilo de vida e a individualidade biológica do atleta devem ser levados em consideração.
— Para citar o próprio Seedorf, o potencial dele foi adaptado ao longo do tempo com o treino e o que vemos é que ele tem hábitos saudáveis, pratica exercícios mesmo além do futebol, se alimenta bem, dorme cedo. — destacou Hamdan. — Ou seja, não é qualquer jogador de futebol que vai ter este desempenho ao chegar numa certa idade.

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