CARTÃO DE REGISTRO DE PACIENTE: MACONHA MEDICINAL - COLORADO - EUA |
MONTREAL, Canadá - Os médicos que legalmente usam maconha medicinal para tratar suas próprias doenças debilitantes, tais como a dor crônica ou náuseas, são considerados "não seguros" para exercer a medicina no estado do Colorado, até o momento que eles já não precisarem do tratamento, de acordo com uma política da Colorado Physician Health Program.
"Nós tomamos uma postura conservadora," Doris Gundersen, MD, Diretora Médica do Colorado Physician Health Program, disse à Medical News após a sua apresentação aqui na International Conference on Physician Health (ICPH).
"Nós não queremos negar-lhes tratamento ... mas até que eles não mais precisem ou nós termos melhores formas de lidarmos com esta deficiência, eles não podem praticar."
Ela disse que o Colorado é o primeiro estado a chegar a ter tal política, motivada por relatos de médicos que legalmente estavam usando a substância. "O conselho médico apelou para nós gerenciarmos isto, em razão da referência de que vários médicos estavam usando maconha - eles tinham legítimos cartões (registro de identificação de Maconha Médica)” , disse ela.
"Este é o ponto no qual ficamos um pouco nervosos. Todos os médicos associados ao Colorado Physician Health Program são psiquiatras e especialistas em adicção e nós, prontamente reconhecemos que isto não pode ser compatível com a prática de uma medicina com segurança. “....nós não queremos excluir os médicos de tratamentos que eles precisam, mas ao mesmo tempo temos de proteger o público ", disse a Dra. Gundersen.
"Situação Viral"
Em sua apresentação na conferência, a Dra. Gundersen disse aos presentes sobre a "situação viral" no Colorado, onde o número de cartões de registro/identificação para uso de maconha medicinal tem "crescido exponencialmente" de cerca de 17.000 em 2009 para quase 128.000 em Junho de 2011.
"De acordo com o jornal Denver Post, há mais dispensários médicos de maconha em Denver do que há Starbucks e lojas de bebidas combinadas", disse ela.
Enquanto o debate continua sobre a segurança geral e a eficácia da maconha medicinal, o uso deste tratamento por médicos merece uma atenção específica, ressaltou.
"A maneira que nós vemos é que os médicos, como pilotos, estão em um emprego “seguro e sensível”... e não há maneira de medir concentração e fazer correlação com deficiências, mas baixa concentração pode prejudicar, ela disse, citando um estudo que sugere que entre pilotos de aviação as deficiências em voos simulados persistiram além de 24 horas depois de fumarem um cigarro de maconha” (Am J Psych. 1985;142:1325-1329).
Outro estudo mostrou que tomadas de decisão por usuários de longa data de maconha apresentaram erros 50% a 70% das vezes em comparação com 8% dos não usuários (Neurology, 2006, 66:737-739).
Não está claro qual o nível de corte para o comprometimento provocado pela maconha. "Mesmo em níveis tão baixos como 3 ng / ml há alguns efeitos que alteram a mente", disse ela, acrescentando que uma concentração de pelo menos 10 ng / mL é necessária para alívio de sintomas, como dor crônica ou náuseas.
Segurança Pública "substitui" Direitos Individuais
"Ter uma licença para a prática da medicina é um privilégio, não um direito e a segurança pública prevalece sobre o indivíduo”, disse ela. "Se conseguirmos um mais sofisticado meio de correlacionar níveis com segurança, a nossa política pode mudar, mas agora ela é conservadora e é honestamente para proteger o público, mas também o médico de cometer erros."
Dra. Gundersen assinalou também que os médicos não deveriam clinicar enquanto afetados por uso de outros medicamentos ou álcool, embora o uso destas substâncias não os impeçam totalmente de praticar a medicina.
"As coisas que são aprovadas pelo FDA geralmente têm dosagens muito padronizadas, e podemos realizar alguns testes neuropsiquiátricos para ter certeza de que médicos não sejam prejudicados", explicou ela.
"Com álcool temos um melhor ponto de corte em termos do que deve ser considerado deficiência."
Dra. Gundersen disse que a política sobre maconha é um "primeiro esforço, para dar sentido a algo que não temos conhecimento suficiente para tomar decisões a respeito e, até agora, não houve nenhuma decisão judicial que a tenha contestado."
Instado a comentar esta política, Dr. Adnrew Clarke, Diretor Executivo do Physician Health Program of British Columbia, disse à Medscape Medical News que ela é "não uma sem razão posição — se é ou não é a melhor política é o atual debate".
“Há muitos medicamentos que prejudicam o julgamento de alguém e que prejudicam as pessoas que os tomam, então é duro decidir quando deveríamos traçar uma linha e dizer que qualquer um que tomar esta medicação não deveria estar clinicando”, ele disse em uma entrevista. “Ou talvez haja circunstâncias quando alguém que use tal medicamento de tempos em tempos poderia ser capaz de clinicar no intervalo de uso, como álcool ou outro medicamento sedativo ou anti-histaminas sedativas”.
O ponto central do debate é a questão da auto-prescrição, disse o Dr. Clarke.
"Está claro que nunca ninguém deveria se auto-prescrever maconha", ele disse. "Há muitos medicamentos por aí que prejudicam o julgamento de alguém e médicos usam tais medicamentos para melhorarem, mas é muito importante que isto seja feito sob a supervisão de alguém mais”.
"Quando estamos em uma situação em que há uma doença que prejudica o julgamento ou nós estejamos prescrevendo uma medicação que atrapalha o julgamento e não há uma segunda opinião sobre isto, então temos uma situação potencialmente muito difícil", disse o Dr. Clarke.
2012 AMA-CMA-BMA International Conference on Physician Health (ICPH) - October 27, 2012.
FONTE: Texto de Kate Johnson – 29 de Out. 2012 - http://www.medscape.com/viewarticle/773544?src=nldne
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