Segundo pesquisa da Unicamp, embora outros estudos tenham mostrado que procedimento é capaz de controlar a condição, o mesmo efeito não vale para quem apresenta diabetes grave.
Diabetes: Cirurgia bariátrica não adianta para pacientes com a doença em estágios avançados (Thinkstock)
Pesquisas demonstraram recentemente que a cirurgia bariátrica é capaz de reverter o diabetes em quase a totalidade dos pacientes. Um novo estudo desenvolvido no Brasil, porém, concluiu que esse efeito não perdura em pacientes que sofrem de diabetes em estágio avançado.
Opinião do especialista
Ricardo Cohen
Cirurgião, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e coordenador da pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Cirurgião, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e coordenador da pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
"De maneira nenhuma esse estudo se opõe aos nossos resultados sobre os efeitos positivos da cirurgia bariátrica sobre o diabetes. Na verdade, a pesquisa da Unicamp mostra que ela não é tão benéfica para paciente com diabetes muito grave, reforçando que uma intervenção cirúrgica deve ser feita com antecedência, antes de a doença avançar."
De acordo com esse segundo trabalho, feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a operação, de fato, reduz os níveis de glicose no sangue e elimina, na maior parte dos casos, a necessidade de reposição de insulina em pacientes com diabetes grave — mas esse efeito é temporário. Segundo os autores, essas conclusões mostram que a cirurgia bariátrica não deveria se tornar padrão com a finalidade de se controlar o diabetes nesses casos.
O estudo, publicado em julho no periódico Annals of Surgery, acompanhou ao longo de cinco anos 18 pacientes que haviam sido submetidos à cirurgia bariátrica. Todos os participantes tinham diabetes, faziam reposição de insulina e tinham índice de massa corporal menor do que 30 (calcule aqui o seu IMC). Embora a operação seja recomendada apenas a indivíduos obesos (com IMC acima de 30), esses pacientes foram operados por apresentarem um quadro grave de diabetes e em caráter experimental.
Durante a pesquisa, os autores compararam os participantes com um grupo de indivíduos que também eram diabéticos, mas que não passaram pela cirurgia bariátrica. Após o procedimento, os dois grupos receberam as mesmas orientações sobre medicação, dieta e atividade física como forma de tratar a doença. Porém, as pessoas que foram operadas apresentaram, no período de um ano, uma melhora mais significativa. Eles precisaram receber, em média, uma quantidade 93% menor de insulina, enquanto o outro grupo reduziu essa quantidade em 40%. Além disso, os pacientes submetidos à operação melhoraram seus quadros de resistência à insulina, enquanto o restante dos participantes não apresentou mudanças nesse sentido.
No entanto, depois de cinco anos, os benefícios da cirurgia retrocederam e somente um dos 18 pacientes continuou sem precisar de reposição de insulina. Segundo Bruno Geloneze, que coordenou a pesquisa, o efeito metabólico da cirurgia é parecido com o efeito provocado por um tratamento disciplinado com medicações, dietas e atividades físicas. Por não resultar na cura da doença, a indicação da operação apenas para controlar o diabetes "está descartada" em casos graves do problema.
Prevenção — Além dos estudos brasileiros que olharam para a capacidade de a cirurgia bariátrica controlar o diabetes, uma outra pesquisa, feita na Suécia e com um número maior de participantes (3.429 pacientes livres de diabetes), concluiu que o procedimento é capaz de reduzir as chances do surgimento da doença em até quatro vezes durante 15 anos.
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