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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MÃE CANGURU

Na maioria dos países, o cuidado tradicional aos bebês prematuros envolve atendê-los em uma unidade de cuidados intensivos, onde ficam isolados e protegidos em incubadoras ou berços especiais.
Mas cada vez mais cresce a defesa de uma outra forma de acolher as crianças: o jeito "canguru".
A técnica foi desenvolvida no início da década de 1980 pelo médico Edgar Rey Sanabria, do Instituto Materno Infantil de Bogotá (Colômbia).
Alarmado com a taxa de mortalidade de bebês prematuros em seu hospital, ele decidiu introduzir um novo método para enfrentar a falta de incubadoras e de atenção especializada para esses bebês.
Ele usou incubadoras naturais muito eficientes: as mães passaram a ter contato contínuo pele-a-pele com seus bebês prematuros ou de baixo peso, para mantê-los quentes e para facilitar a amamentação.
Se um recém-nascido precisasse de oxigênio, seria administrado com uma pequena máscara enquanto estivesse dormindo sobre o peito de sua mãe, e não isolado em uma área de cuidados intensivos.
Vantagens do método canguru
O método não só conseguiu reduzir a mortalidade, mas melhorou o desenvolvimento dos bebês.
Com o tempo, foi-se expandindo a outros hospitais colombianos e tornou-se conhecido também em outros países, mas não foi inicialmente bem recebido pela comunidade pediátrica internacional.
Céticos, médicos do restante do mundo só muito recentemente começam a aceitaram critérios de validação da técnica: estudos têm mostrado que o método reduz ainda as complicações de saúde, tanto físicas quanto mentais, associadas ao baixo peso ao nascer.
"Em 1986 criamos a Fundação Canguru, para avaliar os resultados a longo prazo do método. E nos últimos 15 anos recebemos 60 equipes de 30 países. Na América Latina o método se expandiu rapidamente nas maternidades de clínicas e hospitais", diz a pediatra Natalie Charpak, diretora da Fundação Canguru, na Colômbia.
Charpk diz que hoje o método chega a reduzir em até dez dias o período de internação hospitalar dos prematuros, o que tem "grande valor em todos os lugares, e não só em países em desenvolvimento".
Além disso, o Método Mãe Canguru reduz a taxa de infecções, favorece a produção de leite da mãe e faz com que o bebê aumente de peso mais rapidamente.
Todos os anos, cerca de 20 milhões de crianças nascem no mundo com peso mais baixo do que o normal, seja devido a partos prematuros ou problemas durante a gestação.
Entre essas, ao menos 500 mil morrem anualmente, principalmente nos países mais pobres; e, para muitos outros bebês, ter nascido de forma prematura implicará em um alto risco de sofrer complicações e problemas crônicos ao longo da vida, tanto físicos quanto mentais.
Estudos realizados em outros países também fortaleceram a ideia de que o método não é apenas indicado como alternativa para nações mais pobres, mas sim uma estratégia que apresenta benefícios em comparação com os cuidados tradicionais.
No Brasil, o método foi implementado em 1997 e, dez anos depois, oficializou-se como política pública com a publicação de uma portaria do Ministério da Saúde.
Sempre usando o argumento de desenvolver "tecnologias para uso nos países mais pobres" para conseguir financiamentos para suas pesquisas, os profissionais de saúde do mundo desenvolvido ainda têm dificuldades em aceitar que uma técnica desenvolvida no mundo subdesenvolvido possa servir também para as suas realidades - mas as evidências estão ajudando a demover esse preconceito.

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