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domingo, 31 de outubro de 2010

HALLOWEEN

DIA DAS BRUXAS
No dia 31 de outubro, véspera do dia de todos os santos, comemora-se o halloween. Tem muito brasileiro que é contra esse evento. Consideram-no muito americanizado por ser uma festa associada aos Estados Unidos. Como se fosse uma desvalorização da nossa cultura. Tanto é que em 2005 o governo brasileiro criou o dia do saci, cuja data é a mesma da festa das bruxas.
Infelizmente, poucos se lembram disso. Talvez os norte-americanos tenham mais talento para valorizar aquilo que é seu. Só que isso é um engano.
A origem do halloween não é nos Estados Unidos, país tão novo quanto o Brasil. Em verdade, ele existe há mais de 2.500 anos e surgiu com o povo celta na Europa. Os Estados Unidos só vieram conhecê-lo muito depois, com a chegada dos irlandeses a suas terras.
Os celtas acreditavam que nesse dia espíritos e demônios se manifestariam. Isso porque ele antecede um dia sagrado, o dia de todos os santos. Para espantá-los, usavam objetos assustadores em suas casas, como caveiras. Por ser uma festa pagã e amenizar seus efeitos, a igreja criou o dia de finados, 2 de novembro.
Como se vê, é uma festa que em seus primórdios foi muito além de usar fantasias. Era um modo de lidar com o desconhecido, com o mundo dos mortos e tudo o que o envolve em nossa imaginação. E buscar proteção.
Apesar de todo apelo comercial, para as crianças talvez ainda seja uma forma de compreender essas figuras que as amedrontam, inclusive a morte. Assunto esse que em muitas famílias é um tabu. Não se referem a ela e não permitem que as crianças participem dos eventos que a envolvem como se fossem incapazes de suportá-lo.
Para as pessoas em geral, esse é um assunto muito difícil, que vai além da saudade que sentem de um ente. Tanto é assim, que se coloca naqueles que já se foram características ruins - caso voltassem, fariam algum mal. Como pensavam os celtas (acreditavam que os espíritos tomariam seus corpos nesse dia).
É o medo que temos do desconhecido e que vai se perpetuando de uma geração para outra. Falar da morte é se referir a algum tipo de fracasso. De algo desconhecido que no imaginário se refere a um castigo. Nega-se aquilo que é certo para as novas gerações, que também vão tendo dificuldade em falar do assunto. E o tabu continua...
A morte, por mais triste que possa ser, é algo natural e certo. Não é castigo ou fracasso. Faz parte do ciclo da vida. Ela assusta, claro. Não sabemos direito o que é, se há continuidade ou não. Ou se é apenas nosso fim. Ninguém quer acabar.
Mas para que ela possa ser encarada desta maneira, temos que começar falando dela para as crianças, de maneira natural, à medida que perguntam. Para alguns questionamentos não há respostas, apenas crenças. Imagino que muitos pequenos nem sabem o motivo do feriado de 2 de novembro. Talvez seja um bom momento para se trazer o assunto de maneira natural, explicando o motivo de não irem à escola nesse dia.
Há muito preconceito por aí, que leva à negação de nossos medos. Não tem mal algum em se falar da morte ou festejar o dia das bruxas. O melhor é encarar esses assuntos. Ambos nos ajudam a lidar com nossos medos e fantasmas.
Bom dia das bruxas e bom feriado de finados para todos.
(Fonte: Ana Cássia Maturano-psicóloga e psicopedagoga-g1.globo.com)

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