De olho no Glaucoma
Apesar de ser uma das principais causas de cegueira no mundo, a doença ainda é desconhecida de muitas pessoas
Simone Luccas:‘‘Quem não passa por isso não tem noção do quanto é relevante fazer os exames que ajudam a diagnosticar o glaucoma’’
Mais de 60 mil paranaenses com mais de 40 anos têm glaucoma. A doença ainda é desconhecida de 36% das pessoas apesar de ser uma das principais causas de cegueira no país. Este dado foi constatado em uma pesquisa realizada recentemente pelo Ibope a pedido da Sociedade Brasileira de Glaucoma. Os números em torno da doença assustam. Pesquisas mostram que o glaucoma atinge 2% da população, este índice dobra entre as pessoas com mais de 40 anos e triplica após os 70 anos. A doença já provocou a cegueira em sete milhões de pessoas no mundo e estima-se que atualmente 120 milhões sofram de glaucoma.
A visão é um sentido tão natural que muitas vezes não nos damos conta de quão complexa ela é. Para enxergarmos, os raios de luz passam por várias camadas do olho e atingem a retina onde são transformados em estímulos elétricos e enviados ao cérebro através do nervo óptico. O cérebro, por sua vez, interpreta as informações recebidas e as armazena na memória, como se fosse um banco de dados de computador. Tudo isso é feito de maneira muito rápida e infinitas vezes ao dia. Quem tem a visão comprometida geralmente dá mais valor a este sentido porque sabe o quão importante ele é.
O Glaucoma é causado por um dano no nervo óptico. O que acontece fisiologicamente é o entupimento de uma estrutura que funciona como um ''ralo'' e é responsável por drenar o humor aquoso, líquido que faz a nutrição da córnea e do cristalino. ''O acúmulo do líquido nas estruturas provoca o aumento da pressão interna do olho e gera uma lesão no nervo óptico'', explica o médico oftalmologista Rui Shimiti.
Como a maior parte das doenças, o diagnóstico precoce do glaucoma possibilita a prevenção da perda da visão, por isso são recomendadas consultas anuais ao oftalmologista a partir dos 35 anos. A doença é multifatorial e tem características específicas. De acordo com o médico a chance de desenvolver glaucoma aumenta a partir dos 40 anos, mas há outros fatores de risco. ''Pessoas de raça negra têm até quatro vezes mais possibilidades de desenvolverem a doença e a questão genética também interfere, aumentando em até 20 vezes os riscos de glaucoma'', salienta.
Silencioso e incurável, a única ''vantagem'' do glaucoma é o desenvolvimento lento, o tratamento é feito com colírios específicos, em alguns casos são realizadas intervenções a laser e cirurgias também podem ser indicadas. ''Os tratamentos atuais permitem parar o desenvolvimento do glaucoma mas não corrigem os danos causados anteriormente pela doença'', destaca o oftalmologista. Ele acrescenta que as intervenções têm como objetivo abrir o canal para que o líquido do olho seja filtrado.
Na maioria dos casos a doença progride lentamente, sem que o paciente note a perda gradual da visão periférica. Normalmente, a visão vai piorando das laterais para o centro do campo visual.
Shimiti explica que um exame oftalmológico de rotina inclui a aferição da pressão do olho e diante de uma anormalidade, colírios podem ser utilizados para que a situação seja normalizada. Conforme ele, há níveis adequados de pressão intra-ocular, mas este padrão não é universal. Ele explica que a pressão elevada sozinha não provoca glaucoma, mas é um fator de risco significativo para a doença.
O glaucoma é uma das doenças atendidas pelo Sistema Único de Saúde. Em Londrina o centro de referência para tratamento dos pacientes é o Hospital dos Olhos.
FONTE: Michelle Aligleri - Reportagem Local
http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1792-20121217
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