Multa Diária
Data de Publicação: 11/12/2012
A cada feriadão o Brasil é varrido por novas ondas de violência interpessoal e no trânsito. Mais e mais jovens são mortos, atraídos pelo álcool e suas promessas glamourizadas na Mídia. Os números são assustadores. A relação entre a embriaguez e a violência é ciência de domínio público.
Medidas restritivas à promoção e disponibilidade de bebidas alcoólicas têm a inteligente simpatia da Nação. No entanto, de costas para as evidências e na contramão do senso comum bem informado, a Publicidade de cervejas graça impune. Ela atinge em cheio a mente em formação de nossos jovens cidadãos. Eles se conduzem embriagados para o abatedouro dos acidentes e das brigas como anjos predestinados a uma existência curta. Deixam a vida e subtraem de todos nós a parte significativa do Capital Social que representam.
É a multa diária que a Sociedade paga sem opção, alheada da decisão de proteger seus filhos. A indústria da bebida, por sua vez, avança em negócios rentáveis, sem limite de velocidade em seu poder e crescimento. Ela muda a legislação subscrita pela grande Sociedade, pisoteando a cidadania, sob o pretexto de mais um negócio. A perspectiva da Copa do Mundo inverte a lógica já consolidada, como o Super Homem a reverter o Tempo salvando sua amada. Só que isto se dá de forma perversa, aumentando o número de candidatos ao infortúnio da violência ao álcool relacionada.
Agora, dezembro, os números explodirão em mais dois festins de duas faces. Alegria e celebração misturarão suas lágrimas às do infortúnio de inúmeros acidentes e de outras formas de violência, produzidos pela embriaguez de jovens, muito jovens. Sim, eles começam a beber aos 12 anos, informam estatísticas engordadas pelo desrespeito a todos brasileiros.
O Ministério Público Federal de Santa Catarina se insurgiu semana passada. Posicionando-se em favor da segurança de nossos jovens, o Ministério Público propôs restrições à publicidade de todas as bebidas, aumentando espaço para uma reflexão sóbria. Multas diárias são propostas diante de eventuais desrespeitos às novas normas.
Os jornais também informam que a proposição é passível de recurso. Isto por suas implicações econômicas sobre os interesses da empresa brasileira que se orgulha de superar a Petrobrás em resultados financeiros.
Indignemo-nos como presente de Natal a nossos jovens, ávidos por aventuras e limites.
Carlos Salgado - Psiquiatra e membro do Conselho Consultivo da ABEAD
FONTE: OPINIÃO DA ABEAD - http://www.abead.com.br/opiniao/exibir/?cod=224
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