Anvisa volta a negar registro de droga contra câncer
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
JOHANNA NUBLAT
DE
BRASÍLIA
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) voltou a negar, na semana
passada, o registro da lenalidomida no país.
O imbróglio sobre a droga, usada no tratamento do mieloma múltiplo -câncer na
medula óssea- tem mais de três anos e coloca em lados opostos médicos e
pacientes e técnicos do governo.
Aprovada em cerca de 80 países, incluindo os EUA, a droga é considerada um
dos principais tratamentos do mieloma. A doença é incurável mas pode ser
controlada.
A Anvisa já havia negado o registro do medicamento antes, em setembro de
2011.
"Hoje, um paciente que já não responde à talidomida e ao bortezomibe [drogas
liberadas no Brasil] fica sem opção", diz Angelo Maiolino, diretor da Associação
Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular e membro da Fundação
Internacional do Mieloma, que reúne especialistas na doença.
A entidade, que tem entre os seus patrocinadores o laboratório que fabrica a
droga, faz uma movimentação pública para a aprovação da lenalidomida. Em 2011, a
fundação entregou à Anvisa um abaixo-assinado com mais de 22 mil nomes pedindo a
liberação do medicamento.
Na internet, a movimentação dos pacientes continua. Uma petição on-line já
tem quase 26 mil assinaturas, e há uma campanha dos pacientes em fóruns e blogs.
Segundo Maiolino, há 30 mil pessoas em tratamento no país. Os casos de
mieloma correspondem a 1% de todos os tipos de câncer
O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, afirma que o registro não foi
concedido porque a empresa não apresentou um estudo clínico comparando o produto
a outro com igual indicação terapêutica já no mercado.
"Você não pode aprovar um produto se ele tem um perfil clínico inferior a
outro disponível." Segundo Barbano, a decisão foi sobre um recurso de um pedido
já negado e, nesse intervalo, a empresa poderia ter apresentado os estudos
demandados.
"Não é bom reprovar produtos que possam ter utilidade. Mas não é bom para as
pessoas que um produto seja registrado sob dúvida"
Outro problema, afirma, é que a lenalidomida é semelhante à talidomida.
Assim, é necessário que a empresa apresente um plano de minimização de riscos,
como de nascimento de crianças com malformação.
Maiolino diz, no entanto, que o mieloma atinge mais os idosos, por isso
dificilmente a droga seria usada por mulheres em idade fértil.
"Há algo de errado com a decisão da Anvisa. Todos os países que já usam o
remédio estão errados? E os maiores especialistas do mundo na doença? O tipo de
comparação exigido pela Anvisa é desnecessário", diz o médico.
CUSTO ALTO
Enquanto o governo e a indústria travam a queda de braço, pacientes precisam
recorrer à Justiça para ter acesso à lenalidomida importada.
O preço é proibitivo: o tratamento custa cerca de R$ 200 mil ao ano.
Dorival Urino, 68, foi um dos beneficiados por decisões judiciais. Há quatro
meses, seu convênio médico é obrigado a fornecer a droga.
"Cheguei a ficar na cama, sem condições de levantar. Agora, consigo fazer
quase tudo. Inclusive cuidar das minhas dez gaiolas de passarinho e dos quase 40
vasos de planta", diz o aposentado.
Lucas Lima/Folhapress | ||
O aposentado Dorival Urino, 68, recebe o medicamento contra mieloma por meio de seu convênio após decisão judicial |
Apesar dos bons resultados, o uso de lenalidomida não é isento de riscos.
Estudos apontam a maior chance de desenvolver outros cânceres em alguns usos do
medicamento. Especialistas em mieloma, porém, dizem que o benefício supera os
riscos.
Há menos de duas semanas, a FDA (agência reguladora de remédios nos EUA),
anunciou a liberação da pomalidomida, terceira geração do princípio ativo.
FONTE:http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1205832-anvisa-volta-a-negar-registro-de-droga-contra-cancer.shtml
Nós portadores de MIELOMA MÚLTIPLO que não podemos mais usar os outros tratamentos precisamos da lenalidomida para não morrermos em breve, com muito sofrimento para nós e nossos parentes e despesas para os sistemas de saude. Trata-se de UMA DAS DOENÇAS DE DIAGNÓSTICO MAIS DIFÍCIL E DE EVOLUÇÃO E TRATAMENTO MAIS AGRESSIVOS QUE EXISTEM. Ela atinge cada vez maior número de pessoas e tende a não ser mais somente doença de idosos. Seja por que motivo for, não termos o medicamento em nosso país é uma covardia absurda, inumana, perversa. Nathercia Martinelle
ResponderExcluirCara Nathercia,
ResponderExcluirA Presidente do Brasil se manifestou acerca da "exigência de garantias para pronto atendimento em hospitais" tão somente após a morte de um seu assessor, que não tinha dinheiro, cartão e nem cheque para garantir a sua estada em hospitais, numa madrugada destas. Então, fico pensando se algum parente dela (ou do Cara! ou da Rosemary, né?)estivesse na situação de muitas pessoas como você, ela (ou mesmo o pessoal da ANVISA) teria "peito" de amarrar a liberação deste medicamento!
Fico torcendo por todos e fazendo o meu esforcinho por aqui.
Perseverança!
Fraternal abraço!
Joni
Queria ver minha mãe melhor! É dificil acompanhar o sofrimento dela.
ResponderExcluirMinha vontade era de arrumar um bom dinheiro e nos naturalizar americano, por tamanha indignação com nosso governo que gastou milhoes com os estadios da copa, e aceitam ver " a gente da terra" morrer sem ter o que fazer. tenho vergonha de ser brasileiro - Arnaldo de Moura Barboza Filho