Estudo da pesquisadora Ilana Balassiano, publicado na revista científica Diagnostic Microbiology & Infectious Disease, divulga novo método de diagnóstico da leptospirose desenvolvido no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A associação de dois procedimentos, a captura imunológica e a Reação em Cadeia de Polimerase (IC-PCR), poderá agilizar o diagnóstico da doença e fornecer dados epidemiológicos que poderão nortear o controle dos roedores e dos surtos da doença em épocas de chuva.
Deslizamentos, enchentes, pane no sistema de transporte e, finalmente, doenças. O brasileiro conhece bem os inconvenientes trazidos pela época das chuvas. Nos grandes centros urbanos, os problemas na infraestrutura básica, aliados à aglomeração populacional e à infestação por roedores configuram terreno fértil para os surtos de leptospirose. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a zoonose tem uma média de quatro mil casos registrados todos os anos – mas como provoca, em cerca de 90% das vezes, sintomas similares aos da dengue e de outras viroses, acredita-se que o número de notificações seja inferior. Dentre os motivos está a dificuldade de realização do diagnóstico, principalmente no início da infecção, quando o uso de antibióticos ainda pode evitar a evolução para a forma mais grave da doença.
Pesquisadores do Laboratório de Zoonoses Bacterianas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que abriga o Serviço de Referência Nacional para Leptospirose, criaram um protocolo inovador que associa dois procedimentos: a captura imunológica e a Reação em Cadeia de Polimerase (IC-PCR).
Na primeira etapa, chamada de captura imunológica, placas de 96 poços recebem diferentes soros hiperimunes de referência. Estes soros apresentam anticorpos policlonais, ou seja, imunoglobulinas específicas contra os sorogrupos de Leptospira com maior relevância epidemiológica para o Brasil. Sorogrupos são variações distintas dentro da espécie da bactéria, que abrangem, por sua vez, diferentes linhagens. Em seguida, cada anticorpo é fixado em um poço diferente e todos recebem o soro de um paciente infectado. Por afinidade, os anticorpos específicos contra o sorogrupo daquela bactéria a “capturam”, permitindo que o laboratorista obtenha um concentrado de Leptospiras fixado no poço correspondente da placa. No entanto, esta reação não é visível aos olhos. Por isso, a placa é submetida à análise por PCR, a segunda etapa do protocolo. As bactérias capturadas terão um fragmento do seu DNA amplificado, fornecendo ao cientista a comprovação da infecção e a indicação do provável sorogrupo infectante, segundo esclarece a pesquisadora Ilana Balassiano, autora do estudo. O resultado sai em até 24 horas usando este novo método.
Na hemocultura, técnica clássica que consiste na visualização microscópica de isolados do patógeno, um laudo de diagnóstico pode levar até dois meses para ser liberado. No diagnóstico sorológico, que identifica os anticorpos produzidos pelo corpo, é preciso esperar entre 5 e 7 dias após o início dos sintomas, período no qual a bactéria já deixou de circular no sangue para dar lugar aos anticorpos.
Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de sintomas, o médico pode iniciar medidas terapêuticas com o objetivo de reduzir as chances de evolução para a forma grave da doença, que acomete 10% dos infectados. A partir do sorogrupo da bactéria, é possível apontar qual espécie de roedor esteve envolvida naquela cadeia de transmissão e traçar estratégias específicas de controle e vigilância.
Leia a reportagem completa em:
NEWS.MED.BR, 2013. Fiocruz agiliza o diagnóstico da leptospirose. Disponível em: . Acesso em: 13 jun. 2013.
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