COMPORTAMENTO MÉDICO EM UM MUNDO COMERCIAL: QUEM É RESPONSÁVEL? |
Quebra da relação entre médicos e indústria farmacêutica melhora saúde e reduz custos
David Stauth - OSU
Um novo relatório sugere que melhorias no cuidado à saúde e reduções significativas nos custos de medicamentos podem ser obtidas rompendo o antigo relacionamento entre médicos e representantes das empresas farmacêuticas que promovem os medicamentos mais novos, mais caros e muitas vezes desnecessários.
Esse sistema, que está em vigor há décadas, beneficiou os médicos no passado, mantendo-os atualizados sobre novos medicamentos, e fornecendo generosas quantidades de amostras grátis para que os pacientes começassem a usar as drogas mais recentes, bem como outros materiais e presentes.
Mas esse sistema é na verdade um poderoso processo de marketing em que a indústria farmacêutica despeja dezenas de bilhões de dólares por ano, com mais de 90 mil representantes distribuindo presentes e recomendações.
Há um representante farmacêutico para cada oito médicos nos Estados Unidos.
Isto não necessariamente serve aos melhores interesses dos pacientes em termos de economia, eficácia, segurança e precisão das informações, dizem os especialistas autores do relatório.
Livre dos representantes das empresas farmacêuticas
Em um dos primeiros estudos desse tipo - intitulado Breaking Up is Hard to Do- "Romper é Difícil", em tradução livre - pesquisadores da Universidade do Estado do Oregon, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon e da Universidade de Washington descrevem o processo deliberado que uma clínica médica empreendeu para remover os representantes das empresas empresas farmacêuticas de sua prática.
O estudo explora os obstáculos enfrentados e o resultado final, bem-sucedido.
O estudo concluiu que evitar conflitos de interesse e tornar-se "pharma-free" é possível, mas não é fácil.
"É uma mudança de cultura, que já está acontecendo, mas ainda tem um caminho a percorrer, especialmente em clínicas privadas menores," disse o Dr. David Evans, um dos autores do estudo.
Parte do que está permitindo essa mudança, segundo os pesquisadores, é que as informações sobre novos medicamentos já estão disponíveis em muitas outras formas.
Essas outras fontes têm menos viés e são mais baseadas em evidências científicas do que o material tradicionalmente fornecido pela indústria farmacêutica, que quer vender o produto mais recente.
Como quebrar a ligação entre médicos e representantes
Na Clínica Madras, onde foi feito o piloto de eliminação da influência dos representantes, os médicos substituíram as informações fornecidas anteriormente pelos representantes por reuniões mensais para atualização sobre novos medicamentos, com base em estudos científicos revisados pelos pares, em lugar da literatura promocional.
"Nos últimos 5-10 anos houve um reforço de um movimento em direção ao que chamamos de 'detalhamento acadêmico', em que as universidades e outras fontes imparciais de informação podem fornecer informações precisas, sem viés," disse Daniel Hartung, coautor do estudo. "Isso está sendo apoiado por alguns estados e pelo governo federal, e é um passo na direção certa."
A nova análise explora as medidas necessárias que uma clínica privada pode tomar para ajudar a resolver este problema, incluindo a quantificação da relação clínica-indústria, antecipação das preocupações dos clínicos e funcionários, como encontrar novas formas de fornecer informações atualizadas e de educar os pacientes e o público.
O relatório, publicado no Journal of the American Board of Family Medicine, pode ser lido gratuitamente no endereço http://bit.ly/19tKK06.
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